Exposição na Oca aborda o homem e as transformações climáticas

O Parque do Ibirapuera recebe a exposição ''Intempéries - O Fim do Tempo'', a partir deste sábado (07/03), reunindo obras de 29 artistas, de 16 nacionalidades distintas, apresentadas em grandes projeções de vídeos e fotografias.

A partir deste sábado, dia 7, o Parque Ibirapuera recebe a exposição Intempéries - O Fim do Tempo, que reúne artistas em torno do estranhamento do homem diante das transformações climáticas. A mostra reúne obras de 29 artistas, de 16 nacionalidades distintas, apresentadas em grandes projeções de vídeos e fotografias.

Com coordenação de Marcello Dantas, curadoria internacional de Alfons Hug e nacional de Alberto Saraiva, a exposição está estruturada a partir dos quatro elementos - fogo, água, ar e terra - que dividem os 7 mil m² da mostra nos quatro andares da Oca.

"Antigamente, o tempo era simplesmente tempo. Era como uma segunda pele para as pessoas e, apesar de suas ocasionais inclemências, fazia com que nos sentíssemos parte de algo maior na natureza. Mas, agora, o tempo chegou ao fim e transformou-se em clima, uma entidade física, anônima e amedrontadora que, a qualquer momento, é capaz de deflagrar uma catástrofe", explica Alfons Hug.

O curador ressalta ainda que os fenômenos climáticos, cada vez mais midiatizados, precisam ser novamente "culturalizados". Dessa forma, um tratamento artístico do tempo e da paisagem, como proposto nesta exposição, poderá eventualmente contribuir mais para a preservação de ambos do que um procedimento meramente científico. Ele acredita também na capacidade de a massa crítica da arte ativar processos de conscientização no público.

Intempéries - O Fim do Tempo reúne os artistas Caio Reisewitz (Brasil); Laura Vinci (Brasil); Botner e Pedro (Brasil); Marcos Abreu (Brasil); Paulo Climachauska (Brasil); Thiago Rocha Pitta (Brasil); Tina Velho (Brasil); Vicente de Mello (Brasil); Zalinda Cartaxo (Brasil); Michael Sailstorfer/Jürgen Heinert (Alemanha); Lutz Fritsch (Alemanha); Kalle Laar (Alemanha); Yang Shaobin (China); Reynold Reynolds (EUA); Erika Blumenfeld (EUA); Shin Kiwoun (Coréia); Mika Rottenberg (Argentina/EUA); Alexander Nikolaev (Uzbequistão); Simon Faithfull (Inglaterra); George Osodi (Nigéria); Guido van der Werve (Holanda); Eugenio Ampudia (Espanha); Ann Veronica Janssens (Bélgica); Andrej Zdravic (Eslovênia); Diana Lebensohn (Argentina); Phil Dadson (Nova Zelândia); e Thomas Mulcaire (África do Sul).

A intempérie foi flagrada por artistas desde o Equador até o Pólo Sul. Alguns trabalhos lidam com a luz, vinda dos ciclos do Sol, outros com o tempo congelado e o branco vazio das terras gélidas da Antártida.

George Osodi realizou uma pesquisa das condições apocalípticas na produção de petróleo no delta do Níger e Diana Lebensohn das ruínas das metrópoles modernas. Já Guido van der Werve mostra como um navio quebra-gelo persegue um andarilho solitário no congelado Golfo da Finlândia, enquanto Thiago Rocha Pitta é testemunha de um naufrágio.

Yang Shaobin reconheceu as minas de carvão no norte da China e visitou os hospitais nos quais são tratados os pulmões dos mineiros. Andrej Zdravic testemunhou uma erupção vulcânica no Havaí e Laura Vinci as cataratas de Iguaçu.

Alexander Nikolaev e Simon Faithfull adentraram no território da cordilheira do Hindukush e encontraram na Antártica inóspitos desertos de gelo. Ann Veronica Janssens registrou um eclipse de Sol na Europa e Caio Reisewitz visitou a igreja ortodoxa na base russa Bellingshausen, na Antártida. Eugenio Ampudia e Reynold Reynolds, em seus trabalhos, vêem o mundo sucumbir num mar de chamas. Michael Sailstorfer, por sua vez, incendeia uma choupana de madeira, até que no fim sobra apenas a estufa incandescente.

Por fim, os artistas brasileiros Tina Velho, Zalinda Cartaxo, Marcos Abreu, Vicente de Mello e Paulo Climachauska fazem, segundo Alberto Saraiva, uma referência clara à Antártida, com a cor branca, considerada uma não-cor pelos impressionistas, mas que, aos olhos de Kandinsky, é um "muro intransponível, indestrutível, que se dirige ao infinito", e um silêncio, que de repente pode ser entendido.

A mostra é uma realização do Goethe-Institut, Oi Futuro (Rio de Janeiro) e Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, em parceria com a 2ª Bienal do Fim do Mundo, que será realizada nos meses de abril e maio de 2009 em Ushuaia (Argentina), em El Calafate (Argentina) e na Antártida.


Serviço:

Intempéries - O Fim do Tempo
Data: 7 de março, às 11h, convidados, e às 14h, público. Até 12 de abril de 2009
Hora: De terça a sexta-feira, das 14h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h
Local: OCA - Pavilhão Lucas Nogueira Garcez
Endereço: Parque Ibirapuera - avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº - São Paulo
Grátis