ATUALIZADA ÀS 21h - O prefeito de São Paulo apresentou nesta quarta-feira (25/02) as primeiras conclusões da perícia realizada no vertedouro do lago do parque da Aclimação e as providências que serão tomadas a seguir. "A razão do acidente foi o grande volume de chuvas", afirmou o prefeito. O lago deve voltar a receber água já neste sábado, com o conserto no vertedouro.

Em seguida, acompanhado do secretário adjunto de Infra-estrutura Urbana e Obras, do secretário adjunto de Coordenação das Subprefeituras, e de engenheiros, o prefeito vistoriou as obras que a Prefeitura está realizando na bacia do Aricanduva e adjacências e conversou com moradores. A região também foi atingida pelas fortes chuvas que caíram na última segunda-feira.

No lago do parque da Aclimação, os altos índices de precipitação provocaram aumento da pressão no sistema da águas pluviais e nos córregos que chegam ao local. Isto provocou o rompimento do extravasor do vertedouro, acidente que drenou toda a água do lago. "Podemos dizer à comunidade que freqüenta o parque que até este fim de semana teremos o lago em processo de pleno enchimento de água, até porque nós vamos fazer uma pequena obra no vertedouro que vai permitir retomar o funcionamento do lago", explicou o prefeito. O vertedouro é o equipamento responsável por manter o nível do lago, escoando o excesso para o sistema de águas pluviais.

A Secretaria de Infra-estrutura Urbana e Obras irá providenciar o reparo do vertedouro, com a instalação de um duto de concreto, que permitirá o enchimento do lago e seu funcionamento normal. A expectativa é que até sábado (28) este processo se inicie. O lago já foi isolado e o parque será reaberto nesta quinta-feira (26). Desta maneira, a Prefeitura seguirá com o cronograma de obras que, em sua terceira etapa, irá recuperar o sistema de drenagem de todo o bairro e inclui a remoção de todo o lodo do lago, concluindo sua despoluição.

Com a remoção do lodo, a capacidade do lago será ampliada em quase 50%. Passará de cerca de 75 mil metros cúbicos para pouco mais de 100 mil metros cúbicos. Assim, já se previa a instalação de um novo vertedouro, com capacidade de escoamento compatível com o novo volume de água do lago. Além disso, por conta do progressivo aumento da impermeabilidade do solo na cidade, os córregos e sistemas de escoamento de águas pluviais recebem cada vez mais águas durante as chuvas. Um novo equipamento do lago também poderá suportar a maior pressão no sistema.

"São galerias que foram dimensionadas para outra época, principalmente em relação à permeabilidade do solo da cidade", argumentou o prefeito. "A cidade precisa de mais parques, mais praças, mais áreas verdes, porque ela foi excessivamente impermeabilizada", completou, lembrando o aumento no orçamento destinado à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, de R$ 70 milhões em 2004 para R$ 300 milhões em 2008. "Nesta terceira etapa, houve um estudo da bacia da Aclimação como um todo e as galerias que não estiverem dimensionadas para a realidade de hoje, em função da impermeabilização, serão revistas e analisadas", explicou o secretário adjunto de Infra-estrutura Urbana e Obras.

Dentro do programa Córrego Limpo, realizado em parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado, por meio da Sabesp, o córrego Pedra Azul já teve retiradas todas as 42 ligações irregulares que despejavam esgoto em suas águas, que chegam ao lago. Na primeira etapa de intervenções na região da Aclimação, foi recuperada a estação de tratamento da Sabesp, que passou a funcionar de 8 horas para 24 horas diárias, para despoluição das águas. Naquela etapa, em 2007, todo o sistema foi vistoriado por equipes da Prefeitura e da Sabesp, que verificaram a situação das galerias e do próprio vertedouro.

Na segunda etapa, realizada há cerca de um ano, foi inaugurado o sistema automático permanente de circulação de água do lago. A água era enviada para a estação de tratamento e voltava limpa para o parque. "O lago já estava praticamente despoluído, pronto para ser iniciada a terceira etapa, que é a retirada do lodo do lago do parque. Esta etapa não precisará ser antecipada por conta deste acidente", explicou o prefeito.

Foram feitas análises por técnicos das secretarias do Verde e do Meio Ambiente e de Infra-estrutura Urbana e Obras na terça-feira e na manhã desta quarta-feira para determinar se a permanência do lodo poderia prejudicar a terceira etapa. Descartada esta hipótese, o lago poderá voltar a receber águas já neste final de semana. O projeto desta etapa está concluído e deverá ser aberto o processo para sua licitação. Assim, concluído o processo, os trabalhos podem começar em cerca de quatro meses. Desta forma, o prefeito acredita que em seis ou dez meses, os trabalhos estarão concluídos.

Aricanduva

Em seguida, o prefeito vistoriou as obras que a Prefeitura está realizando na bacia do Aricanduva e adjacências, que foram bastante castigadas com as fortes chuvas que caíram na última segunda-feira. Além das obras de ampliação do leito do córrego Aricanduva, a administração municipal vai construir 9 mini-reservatórios, sendo que o primeiro já está sendo erguido na Praça Mário Cardone, localizada entre as ruas Caripunas e Tamaindé, no bairro Aricanduva, divisa com o Carrão. Saindo de lá, o prefeito inspecionou, de helicóptero, outras obras de contenção de enchente que a Prefeitura está executando na bacia do Aricanduva.

Segundo o prefeito, os alagamentos ocorridos no Córrego Aricanduva mostram a importância que a conclusão das obras na bacia do Aricanduva tem para a Cidade. "Os maiores investimentos que fazemos na cidade de São Paulo são na bacia do Aricanduva. Além de estarmos ampliando a calha do Aricanduva estamos também construindo 9 mini-reservatórios nesta região mais baixa, que é uma região muito complexa de inundação. Esperamos até o final de novembro estar com as obras concluídas", assinalou o prefeito que esteve acompanhado do secretário adjunto das Subprefeituras.

O prefeito ressaltou que a colaboração da população é fundamental para evitar as inundações nos córregos, rios e bueiros. Ele alertou que as pessoas evitem jogar entulhos nos córregos e lixos nas ruas em horário que não seja de coleta. Na região do Aricanduva há dois Ecopontos onde a população pode levar seu material descartável: um está localizado embaixo do viaduto Engenheiro Alberto Badra (popularmente conhecido como viaduto Aricanduva), e o outro, na esquina da avenida Aricanduva com a rua Astarte.

O secretário adjunto da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana (Siurb) explicou que na região baixa do Aricanduva onde serão feitos 9 mini-piscinões está sendo criada uma rede de drenagem independente para que a água desta região - que hoje tem uma cota mais baixa que o rio - vá para estes mini-reservatórios, e depois, quando baixar a chuva, a água seja bombardeada para o rio Aricanduva. "Hoje como esta cota é mais baixa que a do rio, a água não consegue ir. Então, enquanto as águas não baixam, elas ficam retidas neste local, causando as inundações. Com esta nova rede de drenagem e os mini-piscinões elas vão ter um ponto de armazenamento e depois, as águas serão bombeadas para o rio à medida que baixar o regime de cheia", afirmou.

Os 9 mini-reservatórios têm uma capacidade total de armazenamento de 100 mil metros cúbicos, o equivalente a 5 mil caixas d´água de 2 mil litros, ou a 10 mil caixas d´água de mil litros cada. O contrato total de combate à enchente no Aricanduva é de cerca de R$ 120 milhões. Prevê a construção dos 9 mini-piscinões e o alargamento da calha que já está praticamente pronto até a avenida Ragueb Chohfi.

O subprefeito do Aricanduva disse que as fortes chuvas que caíram na segunda-feira atingiram 26 ruas na região do Aricanduva, sendo que as mais prejudicadas foram: Iemanjá, Patachó, Ganges e Otávio Vasco do Nascimento. Trinta casas sofreram danos materiais. A Prefeitura enviou à região 57 equipes de limpeza que totalizam mais de 300 homens que fizeram a limpeza das ruas até às 4 horas da madrugada. Além disto, a Defesa Civil e a CET também encaminharam suas equipes à região. Assistentes sociais atenderam 27 famílias e fizeram a entrega de 92 cobertores, 96 colchões e 35 cestas básicas.

No dia seguinte às fortes chuvas a subprefeitura do Aricanduva retirou mais de 130 toneladas de resíduos das ruas da região. "Tudo isto contribui para o entupimento dos bueiros", alertou o subprefeito. Também foram removidas 11 árvores de grande porte. "Se não tivessem estas obras da Prefeitura, que já foram feitas, com certeza os estragos das enchentes seriam bem maiores. Graças aos trabalhos desenvolvidos pela Prefeitura e o Governo do Estado o problema da enchente na região do Aricanduva está sendo minimizado e as obras que estamos realizando vão ajudar ainda mais", observou.