08 de março: momento para celebrar a garantia de direitos e empenhar-se por mais deles

Acolhidas da rede socioassistencial da Prefeitura refletem sobre o Dia da Mulher e conversam sobre o futuro no Brasil

Texto: Victor Benevides
Fotos: Acervo

Durante a semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, entre os dias 6 e 10 de março, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) publicará uma série de matérias jornalísticas que enfatizam o reconhecimento de um dia como este, dando visibilidade à história de mulheres atendidas na rede socioassistencial. Para começar, a pasta falará sobre duas mulheres de dois Centros de Acolhida para Imigrantes: Jocelina Nzombo, 21, angolana atendida no Centro de Acolhida (CA) ‘Scalabriniana’, e Daniela Lopes, 27, dominicana que é atendida do Centro de Acolhida (CA) ‘Casa de Assis’. Em uma breve conversa, ambas relembraram costumes típicos realizados neste dia em seus países. Esperançosas, o desejo destas mulheres não fica somente em estabelecerem-se em um novo país, mas também em não apagar as suas raízes.

Em uma sala com carteiras de estudo ao redor, uma mulher vestindo camiseta laranja e calça jeans posa para foto.

Os Centros de Acolhida para imigrantes têm um papel crucial em manter a dignidade dos atendidos, e preservar culturas, tradições e costumes dos acolhidos. Jocelina está no Brasil há cerca de um mês. Ela se lembra do Dia Internacional da Mulher que passou em Angola e se diz otimista em relação ao dia 8 de março no Brasil. “Vou usar as roupas típicas desta data no meu país, não quero que minha identidade seja apagada. Para existir a Jocelina no Brasil, existiu a Jocelina angolana”, enfatiza a atendida que estuda Enfermagem e deseja terminar seus estudos em terras brasileiras.

Na mesma via, Daniela também deseja permanecer neste país e se vê confiante para o próximo dia 8 de março. “Confeccionamos uma roupa com as cores da bandeira da República Dominicana em material reciclável. No final, estavam todas as mulheres da casa me ajudando”, diz a acolhida que completará três meses no CA ‘Casa de Assis’. “Assim que cheguei ao Brasil, tive a sorte de encontrar uma moça que me falou do Centro de Acolhida. Quando cheguei aqui, eles procuraram saber da minha história, quem eu sou”, relata Daniela. As mulheres concordam que o significado deste dia está além do orgulho, mas é também um marco de celebração da luta por direitos. “Eu não posso esquecer daquelas guerreiras. Para que pudéssemos votar, estudar e até sermos nós mesmas, elas tiveram que lutar por isso”, comenta Jocelina. “Ser mulher é ser combatente do mundo”, complementa Daniela.

Vestindo trajes típicos dominicanos, mulher de cabelos enrolados compridos posa para foto. A mulher veste uma saia colorida, com detalhes de flores e um top brilhante na cor verde. Ela usa uma tiara de flores de cor azul.

As opiniões de ambas se cruzam também em relação à maternidade. Jocelina é mãe de Samuel, de 8 anos. “Eu ensino o meu filho a ser respeitoso e educado com todos e todas. A maternidade é um laço que une todas as mulheres”, relata Jocelina, expressando a vontade de que seu filho cresça no Brasil. Já Daniela, quando questionada sobre a possibilidade de ser mãe, é enfática. “Futuramente, quem sabe não vem um ‘brasileirinho’ por aí?”, brinca. A dominicana começou a trabalhar como auxiliar de serviços gerais há cerca de quinze dias e já vê seus anseios cada vez mais próximos.

A rede socioassistencial da Prefeitura de São Paulo dispõe de cinco Centros de Acolhida
para imigrantes que possuem papel fundamental em preservar a dignidade e costumes de quem chega a São Paulo. A Prefeitura tem, ainda, 29 equipes de SEAS (Serviço Especializado de Abordagem Social) trabalhando nas ruas, abordando pessoas em qualquer tipo de vulnerabilidade social, para que o retorno familiar, garantia de direitos e acessos às políticas públicas sejam promovidos.