Vila Reencontro ‘Anhangabaú’ receberá famílias em situação de rua

A Vila, a segunda que integra o Programa Reencontro da Prefeitura de São Paulo, vai acolher até 160 pessoas

11 pessoas, entre elas o Prefeito Ricardo Nunes e o Secretário Carlos Bezerra Jr., com a placa do novo serviço Vila Reencontro 'Anhangabaú', entregando as chaves das casas às famílias.

A Prefeitura de São Paulo irá inaugurar a segunda unidade da Vila Reencontro, voltada às famílias que estão em situação de rua, na tarde desta quinta-feira (16) pelo prefeito Ricardo Nunes e o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr. O equipamento abrigará até 160 pessoas, a depender da composição familiar, em moradias transitórias e com metodologia focada na reconstrução de autonomia e saída qualificada da situação de rua.

"Hoje é um dia muito importante para a nossa cidade, para as pessoas em situação de rua e para o nosso trabalho de acolhimento a esse público. Esta é a segunda Vila Reencontro que inauguramos e a próxima será no bairro do Pari", declarou o prefeito Ricardo Nunes. A primeira, denominada Canindé, na Zona Norte, foi entregue em dezembro do ano passado.

Nunes também enfatizou que a capital terá várias moradias da Vila Reencontro, pois o objetivo de sua gestão é acolher a população em situação de rua, para que não vivam nas calçadas e em barracas. "Aqui cuidamos das pessoas e trabalhamos para que elas tenham autonomia", ressaltou.

No serviço também haverá playground, lavanderia e sala de atendimento social.

"As Vilas Reencontro estão trazendo dois pontos fortes desta gestão: estamos subindo o patamar da qualidade dos serviços ofertados para a população em situação de rua na cidade. Isso se dá essencialmente pelas Vilas Reencontro, que são espaços acolhedores, voltados, prioritariamente, para famílias em situação de rua, mas também estamos melhorando significativamente a qualidade de outros serviços prestados. E estamos fazendo aqui um caminho de política pública sem volta. Daqui para a frente, vamos inaugurar outros serviços com este padrão de qualidade que é baseado no atendimento humanizado, individualizado e no ganho de autonomia para o que a gente chama de saída qualificada da rua”, destacou o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr.

A Vila

O terreno, com mais de 1.900 m², cedido pela Prefeitura à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), fica na Ladeira da Memória, no Anhangabaú, região central da cidade. Foram instaladas, ao todo, 49 unidades modulares, sendo que nove serão para funções administrativas, como sala de atendimento, espaço multiuso, brinquedoteca, e as outras 40 unidades para moradia, que comportam até quatro pessoas.

O perfil das famílias que serão acolhidas na Vila Reencontro foi definido através de critérios de elegibilidades específicos e constantes nas Portarias 92 e 95/2022. Serão casais com filhos e famílias monoparentais ou outras composições familiares com ou sem criança. Há ainda outros critérios de priorização estabelecidos, tais como, presença de crianças de 0 a seis anos e mulheres com histórico de violência doméstica.

As unidades, que possuem 18 m², estão equipadas com banheiros e pias, são mobiliadas com camas de casal ou beliches e berços, geladeiras, fogões com duas bocas e guarda-roupas. As áreas comuns são compostas por lavanderia, brinquedoteca, duas salas administrativas, uma sala para atendimentos sociais.

Nesse primeiro momento, a nova Vila receberá 98 novos moradores, sendo que destes, 44 são crianças e adolescentes, entre 0 e 17 anos, e 54 adultos.

Diariamente, serão servidos café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. A Prefeitura investiu, ao todo, R$ 3,4 milhões na instalação da Vila. A gestão do serviço estará a cargo da Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI).

Administração da Vila

A AVSI é a responsável por toda administração da Vila Reencontro ‘Anhangabaú’ e da Vila Reencontro ‘Cruzeiro do Sul I’. A organização, sem fins lucrativos, é vinculada à Organização Não Governamental (ONG) Fundação AVSI, criada em 1972 e que está presente em mais de 30 países. A AVSI Brasil nasceu em 2007 e possui expertise na temática de desenvolvimento social e um trabalho singular no Brasil nas áreas de proteção, acolhida, promoção de direitos, capacitação laboral e inserção socioprodutiva de refugiados e migrantes venezuelanos.

Os acolhidos na Vila Reencontro serão convidados pela gestora a participarem de uma cogestão do espaço com a formação de coletivos que ficarão responsáveis pela limpeza e organização das áreas comuns. Além da rotina da Vila, a AVSI Brasil irá desenvolver atividades regulares, tais como palestras, oficinas, atividades esportivas, recreação infantil, dança, ioga, música, entre outras. A intenção é ter um calendário diário de atividades diversas, de forma a oferecer um leque de possibilidades para os beneficiários, com adesão voluntária, mas também como parte da trajetória de cada família dentro da Vila, em direção à saída qualificada.

Intervenção Artística

A intervenção artística da Vila Reencontro ‘Anhangabaú’ ficou sob responsabilidade do coletivo liderado por Marcelo Zuffo, professor de Arte e História da Arte e grafiteiro há 20 anos, que também realizou intervenções artísticas na Vila Reencontro ‘Cruzeiro do Sul I’. Nove pessoas participaram das intervenções. Os artistas escolhidos têm identificação na realização de artes com cunho social.

Segundo Zuffo, as artes escolhidas para ilustrar as unidades modulares foram baseadas em imagens lúdicas, representando pessoas em vulnerabilidade que vivem no centro da cidade. As imagens representarão diferentes composições familiares.

Sobre a Ladeira da Memória

A Ladeira da Memória tem, em sua extensão, o Largo da Memória, localizado no antigo Largo do Piques. Este era o ponto de concentração dos tropeiros que chegavam à cidade, vindos de vários pontos do estado. Em 1814, foi projetado um obelisco, que é o monumento mais antigo da cidade.

Em 1919, visando as comemorações do Centenário da Independência, o local foi reformado com um estilo neocolonial.

Já em abril de 1975, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), realizou o tombamento histórico do local.

Sobre o Programa Reencontro

O Programa Reencontro prevê a entrega de unidades que serão destinadas prioritariamente a famílias - com ou sem crianças -, que estejam utilizando as ruas da cidade como moradia há menos de 36 meses. Cada família deve permanecer entre 12 e 24 meses nas moradias transitórias das Vilas Reencontro. Esse período pode ser estendido de acordo com o acompanhamento da família pela equipe técnica. Além disso, as famílias devem participar de capacitações profissionais e outros atendimentos sociais com o objetivo de ganho de autonomia.

Os critérios de priorização para acolhimento nas moradias transitórias são as informações do CadÚnico, as famílias em que as mulheres são as responsáveis, núcleos familiares que possuam crianças e adolescentes em sua composição e que estejam em situação de rua por um período mais recente (de seis meses a 36 meses).

O projeto possui três eixos de atuação: conexão, cuidado e oportunidade. O primeiro visa a estimular a recriação de vínculos preexistentes e o fortalecimento da rede de apoio. O primeiro elemento de conexão entre o poder público e o indivíduo em situação de rua é a abordagem social, sendo, portanto, um instrumento fundamental de vinculação das pessoas à política pública e às demais etapas e eixos do Programa Reencontro.

Já no segundo eixo, serão oferecidas moradias subsidiadas para aqueles que não possuem renda suficiente, nas seguintes modalidades: locação social, que é o aluguel subsidiado conforme renda; a renda mínima ou o auxílio pecuniário para pessoas sem problemas de drogadição; moradia transitória ou as unidades com alta rotatividade para que se busque evitar o processo de cronificação, promovendo rápido resgate da autonomia.

O eixo oportunidade, por fim, consiste na intermediação de mão de obra e emprego, através da capacitação profissional, da alocação em

Rede Socioassistencial

A Prefeitura de São Paulo possui a maior rede socioassistencial da América Latina que conta, atualmente, com mais de 20 mil vagas de acolhimento para população em situação de rua.

Os Centros de Acolhida (CAs) estão distribuídos em: 76 CA para adultos; seis CA para Mulheres em Situação de Violência; um CA para Gestantes, Mães e Bebês e seis serviços de Casa Lar. Além destas modalidades, a rede socioassistencial conta também com os Centros de Acolhida Especiais (CAEs), sendo: 17 CAEs para Famílias; 14 CAEs para Idosos; dez CAEs para Mulheres; três CAEs para Mulheres Transexuais; dois CAEs para Pessoas em Período de Convalescença; e um CAE para Mulheres Imigrantes.

Os encaminhamentos para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial são realizados através de um dos seis Centros POP existentes na cidade de São Paulo, dos 54 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), dos 30 Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) ou por meio de abordagens sociais, realizadas pelo Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS).contratos públicos (Decreto nº 59.252/20), da busca ativa por vagas e do estímulo à contratação no setor privado.