Oficina de serigrafia em Centro de Acolhida trabalha criatividade e coordenação com os atendidos

O projeto tem cunho terapêutico e pode ser convertido em geração de renda

Imagem de dois atendidos, à esquerda, e do oficineiro enquanto eles estampam besouros no pano de prato.

Texto: Natalia Nora Marques
Fotos: Marianne Seixas Abreu

O Centro de Acolhida (CA) Zancone, localizado na Lapa, deu início a uma oficina de serigrafia no final do mês de agosto, os encontros acontecem durante as tardes das quartas e sextas-feiras. O oficineiro responsável, Filipe da Costa Camargo, inicia a oficina com rodas de conversas ou apresentações de vídeos sobre serigrafia.

Na última quarta-feira (29), eles relembraram as etapas do processo por meio de filmagens dos encontros passados e depois deram início à parte prática da oficina. O oficineiro propôs que eles estampassem panos de prato de acordo com uma imagem que ele tinha planejado “para que eles tivessem uma noção de como são feitas as estampas por encomenda”.

No início os acolhidos estavam tímidos, mas se empolgaram ao ver as primeiras estampas aparecendo. Enquanto um deles passava a ferramenta sobre a tela com tinta, os outros aguardavam ansiosamente pelo resultado e comemoravam quando viam a imagem se formar. A gerente do serviço, Rosana de Jesus Amaral, ressalta que “a organização e a paciência melhoraram muito com essa oficina, por conta do processo ser artesanal e devagar, eles aprenderam a lidar com a ansiedade”.

A escolha da oficina de serigrafia se deu por conta dos benefícios terapêuticos da atividade, mas também é uma oportunidade de geração de renda para os atendidos. Recentemente um deles, que já tinha certa experiência com estampas, conseguiu um trabalho na área. A gerente conta que os funcionários do CA estão em contato com ele para saber se precisa de algum suporte do serviço.

O oficineiro propõe diferentes temas em cada um dos encontros, mas todos buscam estimular debates e reflexões. “Meu objetivo é promover um espaço que vá além do trabalho, com conversa e afeto”, por isso, todos podem participar e realizar as atividades no próprio tempo, respeitando o processo de desenvolvimento individual.

Um dos acolhidos, Pedro Soares dos Santos Neto, participou pela primeira vez da oficina e adorou ter contato com a técnica. “Eu estampei liberdade e hoje eu me sinto livre aqui no CA, onde eu sou respeitado e acolhido, o significado dessa palavra para mim é amor”. Na outra ponta do pano de prato está o desenho de um pássaro, e Neto se compara com o animal “aqui eu sou um passarinho, posso voar”.

Imagem de um dos atendidos segurando o pano em que ele estampou a palavra “liberdade”.

O oficineiro está à esquerda da foto com uma máquina sopradora enquanto seca a estampa de duas mãos rompendo uma corrente.

Um dos atendidos pelo CA está limpando a tinta da tela usada para estampar a palavra “liberdade”.

Imagem focada nas mãos de um dos atendidos que espalha a tinta enquanto o oficineiro segura a tela.