Serviço de assistência social fornece material de artesanato e orientação a pessoas em situação de rua

Algumas atividades da rede socioassistencial foram suspensas na pandemia, mas os técnicos não interromperam os atendimentos em regiões vulneráveis, acompanhando munícipes em trabalhos manuais

Texto Rosane de Pietro

Fotos Acervo

 

A esquerda, uma assistente social sentada no chão, acompanha o trabalho de pintura que um rapaz produz pintura de um rapaz. Ele está com boné, sem camisa, deixando aparecer parte de uma tatuagem em formato asas nas costas. No chão materiais de pintura e pinceis.

 

Antes da pandemia, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), frequentemente montava tendas para oferecer atendimento técnico e atividades socioeducativas em regiões de vulnerabilidade da cidade. Com pandemia, a montagem de locais que possam causar aglomeração de pessoas, foi suspensa.

Para não comprometer o desenvolvimento dos processos evolutivos de pessoas que estão sob o programa de redução de danos, o Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) - Modalidade IV (destinado a pessoas em situação de rua que fazem das ruas para consumo abusivo de substâncias psicoativas) localizado na região da Lapa, mantém as atividades socioeducativas no entorno da unidade. “Com a pandemia, as tendas não estão mais sendo montadas para evitar aglomeração, mas estamos mantendo as atividades das tendas diretamente com as pessoas da região”, diz Francisco Xavier de Carvalho Neto (54), gerente do serviço.

Mesmo sem a montagem das tendas, os munícipes do entorno do SEAS IV continuam a receber material fornecido pela Associação Comunitária de São Mateus – ASCOM, parceira da Prefeitura de São Paulo no gerenciamento do serviço, para desenvolver suas peças de pintura e artesanato, o que contribui para a renda de alguns munícipes locais. É o caso de N. C. (59) anos, que vive na região da Rua Gastão Vidigal e desenvolve trabalho de crochê, produzindo tapetes, caminhos de mesa e porta garrafas. Na Avenida Manoel Bandeira, R. L. (40) faz colchas de cama, capas de almofada e toalhas de mesa com barbante. Também cadastrado no serviço da Lapa, Diógenes (35), “produz pintura em tela e azulejo e já possui um bom acervo”, comenta o gerente do serviço.

Em busca ativa, os assistentes sociais do SEAS IV acompanham o trabalho individual das atividades dos munícipes locais como uma forma de não interromper os trabalhos de redução de danos em andamento. O trabalho de redução de dados é desenvolvido na reabilitação de dependentes químicos, não tratando a dependência como uma doença. O trabalho é embasado em etapas de tratamento que buscam evitar com que as pessoas recaiam no vício, tratando-as sem julgamento moral, entendendo que a cada pessoa possui uma relação particular com a compulsão e com os motivos diversos que a tornaram dependente. O tratamento é individualizado e, consequentemente, contribui para saúde pública.

 

Uma senhora mostra o trabalho de artesanato cobrindo seu rosto: um tapete feito em linha crua em pontos de crochê com acabamento em passa-fita em cores rosa e verde.

 

Um assistente social, com avental do serviço, está sentado ao lado de um rapaz que faz um trabalho manual com agulha e linha.