Trabalho em programa da Prefeitura permite a reinserção social a ex-usuária de crack

Após aceitar acolhimento em equipamento da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, paulistana ingressa em faculdade com renda do Programa Operação Trabalho, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho

#PraCegoVer: Foto1: Em uma grande janela, há uma uma mulher de costas olhando a paisagem de uma avenida de São Paulo, composta por prédios e arvores ao redor.


Texto: Secretaria Especial de Comunicação
Foto: Marcelo Pereira


A reinserção do ex-usuário de crack no mercado de trabalho é a parte final dos atendidos pelo Programa Redenção, mantido pela Prefeitura de São Paulo. É uma fase bastante difícil, que envolve, além da superação do vício, o enfrentamento ao preconceito. O caminho é árduo, mas é possível. E tem sido trilhado por Mara S. de 36 anos, que mora na região central de São Paulo.

Mãe de uma menina de 15 anos, Mara se tornou usuária de crack há cerca de 4 anos, depois que se viu obrigada a morar nas ruas, por conta de uma enchente. “Você fica na noite e tem contato com o álcool, com as drogas. Há 4 anos me envolvi com o crack e tenho lutado por mais de 3 anos e meio para sair”, diz. O caminho, como dito, é difícil, e ela tem recebido a ajuda possível nos equipamentos da Prefeitura, mas tem sido dela o papel principal nessa missão.

Programa Operação Trabalho

Mara atualmente é atendida pelo Programa Operação Trabalho (POT), promovido pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho. "O programa integra as Frentes de Trabalho da Prefeitura de São Paulo e é um dos projetos que readequamos nesta gestão.

No POT, além da bolsa-auxílio que pode chegar a R$ 1.000 para seis horas de atividades diárias, os beneficiários recebem qualificação profissional e podem seguir para o mercado de trabalho formal", explica a secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Aline Cardoso. "Durante o tempo que a pessoa fica no POT, ela volta a ter confiança em si mesma, tem a sua autoestima elevada e, além de procurar um emprego, pode voltar a estudar ou até mesmo empreender. Quanto menos tempo um beneficiário fica no POT, mais pessoas em situação de vulnerabilidade podem receber essa chance de serem reinseridas no mercado", conclui.

Com trabalho diário no Cresan, que é o Centro de Referência Alimentar e Nutricional, por meio do POT, Lucimara consegue uma renda e se reintegra diariamente à sociedade. “Trabalho fazendo a triagem de alimentos que são doados por estabelecimentos como supermercados e atacadistas. Nós reembalamos os produtos que são direcionados a doações”, explica ela.

Além de usar a renda no sustento da filha, ela também paga a mensalidade da faculdade de assistência social. “Fiz uma prova no começo do ano e consegui uma bolsa de 40%. Ainda é pesado pagar a mensalidade, mas a bolsa ajuda bastante”, declara Mara. Nos tempos de escola, ela não conseguiu completar o ensino médio. Parou no 1º ano, porque não conseguia conciliar com o trabalho. “Mas em 2012 eu consegui concluir o 3º ano”, lembra.

E quando perguntada por que escolheu o curso de assistência social, ela não se furta de dar uma resposta sincera e acachapante: “Quando eu cheguei à cracolândia como usuária de drogas, me falaram do acolhimento, e nesse acolhimento eu fui amparada por uma mulher, a Adriana, que é minha referência”, conta. “Eu quero poder fazer às pessoas o que essa referência fez por mim”, conclui.

Referência é como Mara chama a assistente social da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, que trabalha no Centro de Referência de Assistência Social da região Sé, responsável pela área da cracolândia, na região da Luz. “É uma mulher a quem eu devo muito. Na minha última recaída eu fiquei por 9 dias perambulando na cracolândia, sem comparecer ao Cras da Sé, ela foi, fora do horário de expediente dela me buscar no meio do fluxo”, relata.

“Eu escolhi assistência social como uma forma de retribuir isso! Não quero trabalhar com usuários, porque sei que não preciso me expor a esse proximidade com a droga, mas pretendo trabalhar com idosos ou crianças”, explica Mara.

O exemplo de superação de Lucimara, assim como o de outros ex-usuários, é possível graças a um trabalho intersecretarial, que inclui a Secretaria Municipal da Saúde, que oferece desintoxicação em leitos de hospitais psiquiátricos e tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD). “É um esforço integrado, sempre de acordo com um projeto individualizado para cada paciente, oferecendo atenção à saúde, reintegração social e capacitação profissional”, explica o Coordenador do Programa Redenção, Arthur Guerra.