Ex-aluno do Restaurante-Escola é exemplo de superação

Hoje Roni trabalha no local e leva conhecimento para outros jovens

Fotos: Wagner Origenes/SMADS
Texto: Bianca Barbosa

 

Ronieri Ladislau dos Santos, ou apenas Roni, como é chamado pelos amigos, é um jovem de sorriso fácil e semblante tranquilo. Quem o vê pela primeira vez não imagina a história complexa que o jovem passou nos seus poucos 21 anos. “Eu tinha todos os motivos para dar errado, mas escolhi uma vida digna”, afirma.


Aos 14, Roni resolveu sair da casa onde morava com a mãe e o padrasto, hoje ele entende que tomou decisões por impulso, mas na época, as atitudes adolescentes e amizades ruins o levaram a um caminho escuro onde poucos voltam para contar a história. “Na minha adolescência me envolvi com coisa errada, más influencias, acabei praticando infrações, até que um dia fui parado pela polícia e acabei respondendo pelos meus atos”.


Roni ficou na Fundação Casa de 2013 a 2016 e reconhece que o tempo em reclusão foi necessário. Foram três anos que teve a oportunidade de realizar cursos profissionalizantes, estudar, ler livros, e ainda foi um momento pra pensar e mudar o trajeto de vida. Ao ser perguntado sobre o que aconteceria caso ele não tivesse sido preso, o jovem é claro: estaria morto.


Por meio da fundação, Roni fez cursos de culinária básica, informática, administração, doceria, artesanato, grafite, desenho e até logística no SENAC. Além de todos estes ensinamentos, a assistente social que acompanhava o jovem achou interessante ele participar do curso no Restaurante-Escola, e Roni topou na hora.


“O restaurante foi uma porta pra uma vida nova, foi aqui que eu aprendi minha profissão e tive contato com outras pessoas”. O que mais chamou a atenção do jovem foi que nunca sofreu nenhum preconceito pelo fato de estar na fundação casa, os funcionários o tratavam igual os outros alunos e tinham todo o cuidado de não expor Roni, “a atenção que eles tinham e o fato de acreditarem em mim me deu força de vontade pra sair daquela vida errada.”


Apesar de gostar muito do curso, Roni não pode concluir, o juiz decidiu que ele deveria primeiro terminar o ensino fundamental, pois o projeto no restaurante era em tempo integral. Mas o jovem não desistiu, terminou os estudos, prestou ENEM, ganhou uma bolsa para ensino superior em Logística e ao sair da fundação, voltou para o restaurante.


Roni foi recebido com muita alegria na volta ao projeto, e por todo o esforço reconhecido, passou a ser funcionário do local. Hoje Roni faz parte da equipe de massas pela manhã e a tarde ensina os alunos do projeto a servir mesas e atender clientes. A paixão pelo local é tão grande que o jovem decidiu parar o curso de logística.


Roni pretende no futuro cursar Gastronomia, se especializar em massas e montar o próprio restaurante. Sendo o mais novo de oito filhos, a mãe do jovem sempre acreditou em um bom futuro pra ele. A confiança dela, dos funcionários do restaurante e da fundação foram essenciais para as boas escolhas de Roni, “entre muitos jovens eu fui o único que estudou, passou no Enem, cursou ensino superior, então sempre que alguém quer contar minha história eu aceito, esses jovens precisam ter um exemplo bom, acreditar que eles vão sair de lá e ter uma vida digna”, concluiu.


O Restaurante-escola é um projeto criado pela Prefeitura de São Paulo em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), organizado, gerenciado e operacionalizado pela Fundação Jovem Profissional. O restaurante fica na Câmara Municipal de São Paulo.