Poesia para Empoderamento das Pretas

Um pouco mais sobre a história do Sarau das Pretas, grupo que se apresentará no dia 16 de julho no CFCCT

Começa amanhã, sábado, 16 de julho, no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes a 2ª Mostra da Mulher Afro Latina Americana e Caribenha. Com uma programação focada nas vivëncias e protagonismo da mulher negra, também serão pontos de atrações o Centro Cultural da Pena, Centro Cultural Vila Formosa, Centro Cultural da Juventude, Casa de Cultura Cidade Tiradentes, Teatro Flávio Império, Casa de Cultura de São Matheus, Casa de Cultura da Brasilândia e a Praça Santo Arsênio, onde serão oferecidos gratuitamente para o público saraus, shows, oficinas, rodas de conversa, exposições, contações de história, performances, desfiles de moda, apresentações de teatro, cinema e muito mais! A Mostra se estende até o dia 31 deste mês.

E para abrir a mostra, após a Performance do Grupo de Teatro Legítima Defesa, as mulheres do Sarau das Preta darão um recado forte de poesia e empoderamento às mulheres negras. Composto por Thata Alves, Débora Garcia, Elizandra Souza e Jô Freitas, o grupo nasceu na mão de jovens escritoras, atuantes nas zonas periféricas da Cidade de São Paulo com a proposta de combater a violência com poesia em forma de protesto, onde cada palavra carrega o peso da vivência que só a mulher negra sabe como é.

Conversamos com Thata Alves, uma das integrantes do grupo, que entrou para o Sarau das Preta a partir de um convite feito por Débora Garcia, também integrante do grupo. Thata aceitou a proposta de imediato, já que, segundo ela: "a representatividade é necessário nesses nossos circuitos culturais periférico. "

 

O objetivo do grupo é muito claro, "que a mulher negra seja protagonista de eventos, que não esteja presente num grupo onde homens são a maioria e há uma mulher apenas pra dizer que o grupo tem uma mulher. Nosso intuito é que outras mulheres negras se inspirem e vejam que é possível sim estar a frente de projetos". E o machismo não é suficiente para diminuir a intensidade da luta diária delas, " Se abrirmos mão dessa militância, aí sim que [o cenário artístico] ficará ainda mais majoritário ao homem. Ocupamos os lugares e posições que antes não nos era permitido" e completou: "Não há bicho homem que queria nos oprimir quando unidas em massa. Juntas somos faraônicas!!!"

 

Quanto aos temas abordados no Sarau das Preta, Thata contou que elas falam de tudo aquilo que a grande mídia oculta: "nossa voz ecoa porque é um grito só de várias mulheres. Falamos sobre a invisibilidade, que não aceitamos, sobre os machismos vividos, e, até mesmo em âmbitos culturais, falamos da nossa luta, nossos trabalhos, nosso poder. Só falamos do que vivemos!"

Para estas mulheres linha de frente da poesia preta periférica, a força para lutar e enfrentar cada barreira imposta por um mundo tão desigual, não para por aí. Thata Alves, por exemplo, é produtora cultural, militante, ativista e escritora. É autora do livro Em Reticências, e teve seus poemas publicados nas antologias Praçarau, Poesia na Faixa, Encontro de Utopias, Nós zines e Poezine. É colaboradora do coletivo Fala Guerreira, articula o Sarau da Ponte pra Cá, faz parte da editora Acadêmia Periférica de Letras e, além de tudo isso, atua como Orientadora Socioeducativa. Todas as outras integrantes do grupo também têm seus próprios projetos paralelos.

E esse nosso Brasil tão extenso fica pequeno perto das ambições dessas guerreiras. O grupo planeja percorrer todo o país, em buscar de conhecer outras mulheres negras que protagonizam em seus bairros.

Para terminar, Thata deixou uma mensagem para todas as mulheres que desejam alcançar seu espaço no cenário artístico: "Em frente sempre como um rio. O rios não voltam atrás. Caminhar caminhos como estes exige um trabalho árduo. Mas o retorno é muito gratificante. Pois são sorrisos, são cabelos raspados pra não usar mais químicas que alisem, são crianças negras dizendo que quando crescer querem ser como nós, são poemas inspirados nos que produzimos. É mágico!!! E vale a pena porque estamos escrevendo a história a partir de nossas vivências."



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Integrantes do grupo:
Thata Alves
 
Jô Freitas

Elizandra Souza

Débora Garcia