Passagem Literária da Consolação comemora 5 anos de atividades culturais gratuitas

Espaço é modelo de revitalização da área subterrânea da Cidade; confira as atrações

Cerca de três mil pessoas atravessam a rua da Consolação todos os dias pelo subterrâneo. Algumas passam depressa, outras aproveitam o passeio para admirar a exposição do mês na vitrine e nas paredes, enquanto alguém vai ao espaço em busca de livros didáticos ou da literatura nacional e internacional usados. Essa imagem se tornou possível há cinco anos, num local antes depredado, que afastava pedestres, transformado em um ambiente artístico e cultural, a Passagem Literária da Consolação.

Para comemorar os cinco anos de sucesso do espaço, a Passagem está com uma programação especial de aniversário. Além da tradicional exposição da vitrine, A cor dança, que traz os quadros de Lucia Neto, feitos na técnica de óleo sob tela para exprimir ludicamente paisagens e o ofício do pintor, e a mais recente inspiração, a figura da bailarina, a passagem reservou apresentações musicais, poéticas e visuais diferentes para cada final de semana. Shows com as bandas amarelofolha, Blues, Merauh, saraus, apresentações de dança, oficina de clown e mostra de curta-metragens podem ser conferidos pelo público gratuitamente.

Sobre os cinco anos da Passagem Literária

A passagem foi fechada em março de 2005, quando a Subprefeitura Sé encontrou o local depredado, com infiltração de água nas paredes e sujeira, oferecendo riscos à população. O espaço foi reformado, com pintura, revisão estrutural completa, e abriu ao público em novembro de 2005.

Quando a Passagem foi idealizada, livreiros que viviam do comércio ambulante sobre o espaço foram convidados a participar da revitalização, com o intuito de colaborar com a manutenção e então, vender seus livros regularmente em uma espécie de sebo coletivo. Foi aí que se formou a Associação Via Libris de Livreiros: “Via Libris, em latim, caminho do livro”, explica Silas Dias, 64, formado em Letras pela USP, que junto com seus parceiros cuida da conservação e programação do local, com o apoio da Subprefeitura.

“O artista interessado em expor seu trabalho traz pessoalmente o projeto aqui, nós analisamos, verificamos a agenda e enviamos para a Subprefeitura fazer a autorização do evento no espaço”, esclarece Odete Machado, 40, ex-fisioterapeuta de profissão, que sempre teve nos livros usados uma fonte alternativa de renda. A terceira componente do grupo de livreiros, Cristina Pessoa, 40, sempre trabalhou em sebos especializados desde que chegou à São Paulo. Ela veio de Belém e indicada por colegas, se tornou a mais nova integrante da Associação. “Todo dia alguém descobre a Passagem”, observa.

Todos os meses, artistas, bandas alternativas e novos talentos se revezam e garantem uma programação cada vez mais diversificada aos visitantes da Passagem. Ao longo desta meia década de existência, o espaço promoveu mais de 75 trabalhos. O ambiente já foi palco de todos os tipos de arte: teatro, sarau, dança, pintura e áudio-visual.

Tanto, que a Passagem inspirou o documentário experimental “Utilize a Passagem”, da estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Anna Turra. Durante cinco meses ela esteve lá registrando vários momentos de travessias, para realizar vídeo-instalações, projetadas nas paredes e vitrine durante o mês de junho, finalizando seu projeto final de curso. A estudante conta que a escolha para a realização de seu trabalho se deu por esta representar um refúgio na cidade e ser ”aparentemente destituída de qualidades espaciais, contrariando expectativas, e que agrada e entretém muitos de seus usuários”. Anna ainda registrou a experiência no seu blog homônimo ao projeto.

Quem já tem público certo na Passagem Literária é a banda alternativa paulista amarelofolha, que combina diversos estilos musicais, e possui três CDs lançados. “A exemplo do que acontece em espaços culturais subterrâneos internacionais, nós sempre quisemos e gostamos de fazer shows com essa proposta do“pra quem fazer”. A Passagem nos permite proporcionar algo a mais, um momento de distração pra quem está passando ou voltando pra casa depois de um dia de trabalho.”, revela o integrante Alexandre Cunha.

Em mostras artísticas, o colecionador Dario Bueno, é figura conhecida na Passagem. Nestes cinco anos, o local já apresentou quatro exibições sob sua curadoria, que contaram desde a história da Cidade (''A São Paulo de Ramos de Azevedo e Felisberto Ranzini'') à da TV brasileira (Vedetes & Artistas dos anos 50). “É um espaço público e democrático, em que as pessoas passam e vêem as exposições, que estão ali para serem vistas, não interpretadas ou vendidas”, justifica o expositor assíduo.

As atrações da Passagem Literária da Consolação podem ser conferidas das 7h às 22h durante a semana, e das 10h às 22h aos sábados, domingos e feriados.

 

 

Serviço:

Programação especial de aniversário da Passagem Literária da Consolação

5/11- 18h - Banda amarelofolha (pop rock, mpb, hip hop)
6/11 – 18h - Banda de Blues
8/11 - 18h - Espetáculo de dança mítico Em algum lugar
19/11 - 18h - Sarau Consciência Humana
20/11 - 15h30 - Clown - Oficina do riso
26/11 - 19h- Banda Merauh (pop rock e flash back)
27/11 -16h - Apresentação musical como o grupo de improviso Tubofone e de dança com o Coletivo In Corpo Ar
18h -Apresentação de curtas- metragens, como O plantador de Quiabos
Até 30/11 – Exposição A cor dança , de Lucia Neto


Horário de funcionamento: das 7 às 22 horas, de segunda a sexta-feira. Sábados, domingos e feriados, das 10 às 22 horas.
Endereço: Rua da Consolação, esquina com a avenida Paulista (Metrô Paulista)
Grátis