Especialistas discutem sobre os Acumuladores Compulsivos em São Miguel

Entenda o que é e como é feita a avaliação dos casos

A Subprefeitura São Miguel, por meio da Coordenadoria Regional de Saúde Leste (CRS Leste), promoveram o 1º Fórum da Síndrome de Diógenes (SD), alteração comportamental decorrente do acúmulo compulsivo e desorganizado de objetos inservíveis e/ou animais, que geralmente ocorre entre pessoas idosas, e é caracterizada pelo isolamento social, autonegligência (descuido com o autocuidado, com a higiene pessoal e do lar). O evento aconteceu nesta quarta-feira (19), no auditório da Subprefeitura São Miguel.

A reunião contou com a presença do subprefeito de São Miguel, da supervisora de Saúde e das especialistas da Saúde Ana Carolina Bautzer (psiquiatra) e Sueli Cândido Maciel (psicóloga). Ambas palestraram com foco no tema “acúmulo compulsivo”, sendo este ocorrido tanto entre idosos quanto entre adultos e jovens.

Dando início, Sueli relatou sobre visitas feitas e ações desenvolvidas pelas equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e Supervisões de Vigilância em Saúde (SUVIS) aos acumuladores, bem como encaminhamentos e articulações feitos para iniciar o processo de retirada dos materiais. A psicóloga frisou o vínculo de confiança que as equipes de Saúde devem estabelecer com os acumuladores, o que possibilita melhor negociação em questões de saúde para a pessoa portadora do transtorno.

Em sua fala, a psiquiatra Ana Bautzer afirmou que é importante, também, ter pleno conhecimento sobre cada caso de acumulação que, sendo diferente um do outro, requerem focos diferentes, assim como metodologias de trabalho diferentes. “O querer estar com aquela pessoa depende primeiro do entendimento intelectual e racional sobre aquilo. É um transtorno psíquico e, sozinha, dificilmente a pessoa conseguirá sair do comportamento", disse.

Ana ainda ratificou que a acumulação passou a ser considerada como transtorno mental no ano de 2013. Geralmente, quando não considerados como algo que mereça intervenção da Saúde, os transtornos são tratados apenas como questão moral e, devido a isso, as intervenções e negociações são mais difíceis de serem feitas. A psiquiatra ainda chamou a atenção para a paciência que se deve ter ao tratar de questões de acúmulo compulsivo, pois as ações são um pouco demoradas e exigem força de vontade e avaliação séria por parte dos profissionais que lidam com os casos que, por suas vezes, são distintos de gravidade.

Entre as principais causas da acumulação, estão:
• Criação de uma “barreira de proteção”;
• Dificuldade de relacionamento com as pessoas;
• Dificuldade na organização dos objetos;
• Depressão;
• Medo de descartar algo muito importante;
• Dificuldade de tomar decisões e de organização;
• Problema na realização de atividades diárias consideradas simples;
Entre outras.

A psiquiatra também comentou sobre o acúmulo compulsivo de animais, que também é bem frequente principalmente entre idosos. Nesses casos, o acúmulo acontece em decorrência do afeto criado entre o(a) acumulador(a) e os animais. Porém, vale lembrar que muitos destes animais não são cuidados como deveriam, justamente pela grande quantidade e, na maioria das vezes, pelas condições do ambiente não serem adequadas.

Houve a apresentação do Grupo de Apoio aos Munícipes Acumuladores e, encerrando o evento, o grupo de dança da Casa de Cultura e teatral do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) II Adulto São Miguel fez uma apresentação cultural.


Vale lembrar que além do descarte de inservíveis, por trás de tudo isso, há uma pessoa que necessita de cuidados e tratamentos. Uma equipe intersetorial, que envolve Assistência Social, Defesa Civil, Subprefeitura, Vigilância Sanitária, Supervisão de Saúde, Centro de Apoio Psíco social e Guarda Civil Metropolitana é indispensável.

Psicóloga Sueli Cândido Maciel

 

Psiquiatra Ana Bautzer