Casos de dengue têm tendência de queda na cidade

Nono balanço da doença divulgado nesta quinta-feira (21) aponta que entre 4 de janeiro e 9 de maio, foram notificados 108.359 casos e 57.794 autóctones confirmados; últimas semanas apresentam queda no número de novas notificações

 O secretário adjunto de Saúde,divulgou na tarde desta quinta-feira (21) o nono balanço da dengue na cidade de São Paulo, e os números apontam tendência de queda nos casos confirmados da doença nas últimas semanas.

Os dados mostram que, entre 4 de janeiro e 9 de maio (data de encerramento da 18ª semana epidemiológica), foram notificados 108.359 casos e 57.794 autóctones confirmados. No mesmo período de 2014, a cidade teve 29.586 casos notificados e 20.534 autóctones confirmados. Apesar do avanço de casos em relação ao ano passado, as confirmações vêm caindo nas últimas semanas. Nas 12ª, 13ª e 14ª semanas epidemiológicas, foram confirmados 6.386, 6.466 e 8.127 casos autóctones, respectivamente; na 15ª semana, foram 6.672. Já nas 16ª, 17ª e 18ª semanas, foram confirmados 4.882, 3.931 e 2.122. Os números das últimas semanas, entretanto, ainda devem ser atualizados por confirmações tardias da doença.

De acordo com o secretário-adjunto, além da mudança climática, a tendência de queda se deve à intensificação do combate de criadouros, com apoio de homens do Exército, e também à a criação das tendas de atendimento. “A dengue não está controlada, mas está em queda de ocorrências. Aquele volume que tínhamos nas primeiras semanas até a 14ª inverteu e, ao invés de subir, está caindo de uma maneira muito rápida e expressiva. Isso nos faz falar que mudou o processo de transmissão da dengue no município. Nós controlamos melhor os criadouros, conseguimos reduzir a presença do mosquito e a transmissão da dengue”, afirmou Puccini.

Veja a apresentação do nono balanço de dengue em São Paulo
Veja os casos de dengue por distrito e em toda a cidade

O coeficiente de incidência da cidade, isto é, o número de casos por 100 mil habitantes chegou a 504,9 na 18ª semana epidemiológica e a 485,8 na 17ª semana epidemiológica –a última divulgada pelo Governo do Estado. Apesar da situação de epidemia no município, São Paulo ocupa a 263ª posição entre as cidades do Estado que, por sua vez, possui coeficiente de incidência de 911,9 casos por 100 mil habitantes até a 17ª semana.

Dos 96 distritos administrativos, 54 registram no acumulado do ano incidência maior do que 300 casos por 100 mil habitantes, o que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), caracteriza situação de epidemia. Os que concentram maior incidência são: Brasilândia, Raposo Tavares, Pari, Pirituba, Rio Pequeno, Jaraguá e Cachoeirinha.

Diante da situação, desde o início do mês os casos notificados por dengue passaram a ser confirmados pelo critério clínico epidemiológico nestes distritos administrativos, em emergência. A coleta de sorologia para a confirmação dos casos suspeitos de dengue só será realizada nos casos mais graves e óbitos. A medida visa agilizar a vigilância epidemiológica, o controle vetorial e a assistência aos pacientes.

“A estratégia de confirmação de casos mudou e, neste momento, o critério foi sobretudo pelo critério epidemiológico, então, em caso notificado, ele é automaticamente confirmado de uma maneira mais rápida do que laboratorialmente. Isso aproxima muito os notificados dos confirmados, por isso podemos dizer que essa curva pouco se alterará nos próximos comunicados”, disse o secretário-adjunto.

Ações de combate ao mosquito
É importante esclarecer que a dengue está mais associada às altas temperaturas e à água limpa do que simplesmente à chuva, porque qualquer pequena concentração de água, desde uma tampinha de garrafa a um prato de vaso pode ser um criadouro. A Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) considera que o aumento dos casos neste ano está associado ao calor, que acelera o desenvolvimento do mosquito, e ao acúmulo de água limpa sem proteção, devido à crise de abastecimento dos últimos meses.

Os paulistanos devem se atentar à necessidade de ação individual preventiva para eliminar criadouros de mosquito Aedes aegypti. A visita de equipes é programada com base no mapeamento de pontos críticos, a partir dos casos confirmados. E uso de nebulização pesada ("fumacê") só ocorre em última instância, emergencial, e funciona para eliminar mosquitos, sem efeito prático na eliminação de criadouros. Mais de 152,4 mil domicílios já passaram por ação da nebulização.

A Prefeitura reforçou o trabalho dos 2.500 agentes de zoonoses em toda cidade, com ações de visitas porta a porta, grupos de orientação e ações de combate nos locais de grande concentração de pessoas. Desde março, com apoio das subprefeituras, foram realizadas em toda a cidade 216 operações Cata-Bagulho, 267 “arrastões”, 243 ações de intensificação de distribuição de telas para caixas d’água e 128 limpezas de córrego.

Apoio do Exército
Desde o dia 23 de abril, 50 soldados do exército que foram colocados à disposição para combater os focos de criadouros dos mosquitos transmissores da doença acompanham as equipes de saúde. Até a última terça-feira (19), foram realizadas 28.011 visitas a imóveis dos bairros do Limão, Vila Medeiros, Mandaqui e Pirituba.

As visitas são realizadas apenas em dias úteis, sem chuva. No mesmo período, outros 10.713 imóveis visitados foram encontrados fechados, e os moradores de outros 757 se recusaram a abrir as portas para as equipes. O índice médio de recusas nos bairros onde o Exército atuou está em 1,9%. Os próximos bairros a serem visitados serão São Domingos e Freguesia do Ó.

Os soldados foram treinados por equipes da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e se somam aos 2.500 agentes de zoonoses que diariamente visitam domicílios e orientam os cidadãos sobre como evitar a proliferação dos mosquitos. A atuação dos soldados se dará em locais onde há maior resistência da população em receber os agentes da Covisa. O trabalho dos soldados irá até o dia 29.

“Acho que críamos um grau de proximidade para outras ações que se façam necessárias no futuro. É importante construir isso na sociedade. Essa colaboração, parceria e credibilidade dentro das discussões de Estado”, disse Puccini.

Tendas de Atendimento
A cidade de São Paulo conta com sete tendas em funcionamento, sendo uma na zona leste, duas na sudeste, duas na oeste, uma na norte e outra na sul. Por conta da diminuição na procura do serviço, três tendas foram encerradas nas últimas semanas, duas na região norte e uma na sul. Outras duas tendas terão seu funcionamento encerrado nesta sexta-feira (22), na Cidade Ademar e em Aricanduva.

Adotadas com o objetivo de desafogar as unidades de saúde em regiões de maior incidência da doença, as estruturas fizeram 26.123 atendimentos. Cada uma das instalações possui uma máquina de teste rápido de sangue, que possibilita a contagem de plaquetas para a identificação de eventuais agravamentos e potenciais evoluções para dengue hemorrágica. Os munícipes devem primeiro procurar a unidade de saúde de sua região. Aqueles que, depois de uma triagem inicial, têm suspeita de dengue são encaminhados para as tendas, onde recebem atendimento, orientação e tratamento específicos para a doença.

“O fechamento acontece porque o volume de atendimentos vem caindo e hoje, na maioria dessas tendas, está abaixo de 100 por dia. E nas que estão sendo desativadas, não justifica mais a presença delas, porque estão abaixo de 60 casos por dia, o que é plenamente absorvido pelo conjunto de nossa rede”, afirmou o secretário-adjunto de Saúde.

Óbitos
Outras cinco mortes foram confirmadas, somando 13 óbitos pela doença neste ano. Outros 24 casos seguem em investigação. Os primeiros óbitos registrados em 2015 foram de uma senhora de 84 anos, moradora da Brasilândia, ocorrido no dia 28 de janeiro; e de um garoto de 11 anos, morador do Jardim Ângela, ocorrido no dia 9 de março. A terceira morte foi de uma mulher de 27 anos, moradora do Lajeado, no dia 19 de março; e a quarta foi de uma moradora do Grajaú, de 41 anos, no dia 31 de março. No dia 24, a vítima foi um senhor de 92 anos morador do Jaraguá.Além disso, uma mulher de 25 anos, moradora de Cidade Líder, morreu no dia 7 de abril; um senhor de 52 anos, morador da Vila Medeiros, no dia 10 de março; uma senhora de 64 anos, moradora do Cangaíba, no dia 16 de abril.

Entre as mortes confirmadas neste balanço estão: uma senhora de 55 anos, que morreu em 6 de abril e era moradora do Rio Pequeno; e uma mulher de 32 anos, residente na Brasilândia, vitimada em 13 de abril. No dia 12 de abril, morreu um morador de Pirituba, de 56 anos; e, no dia 10, um senhor de 69 anos, no Rio Pequeno. No dia 4 de abril, a vítima foi um senhor de 79 anos do Itaim Paulista.

Durante todo o ano de 2014 a capital registrou 29.011 casos autóctones (97,7% ocorreram no primeiro semestre), com 14 óbitos ao longo do ano. Em 2015, a estimativa da Secretaria Municipal de Saúde, baseada no coeficiente de incidência das primeiras oito semanas e na taxa de positividade dos exames feitos no laboratório municipal, é que o número pode ser até três vezes maior. Apesar do aumento, a taxa de letalidade do município é ainda menor do que a apresentada no ano passado, com 0,022%, ante 0,048% em 2014.

Mobilização
Desde o segundo semestre do ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde intensificou as ações de prevenção e adotou duas novas estratégias para o combate às doenças. A portaria 2.286/2014 estabelece que os serviços públicos e privados de saúde devem realizar, em até 24 horas, a notificação compulsória dos casos suspeitos. A secretaria criou ainda comitês locais de prevenção nas subprefeituras, para fortalecer o contato com a comunidade e o trabalho integrado nas ações de campo. Diretores de hospitais públicos e particulares receberam orientações sobre como agir e como diagnosticar os casos da doença.

No dia 12 de fevereiro, o Plano Municipal de Combate ao Aedes-Aegypti ganhou reforço com a integração de equipes da Defesa Civil. Em cerimônia realizada no Vale do Anhangabaú, no centro da capital, 32 viaturas do órgão foram entregues devidamente adesivadas e equipadas com alto-falantes para a conscientização da população. Sete viaturas estão somente na região norte, a mais atingida pela dengue.

Durante a vigência do plano, toda quarta-feira, desde 25 de fevereiro, equipes da Secretaria de Saúde distribuem panfletos e revistas educativas que tratam das formas de prevenção e combate aos criadouros em pontos de grande concentração de pessoas, como terminais de ônibus e portas de estações de metrô.

Como prevenir:
- Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia;
- Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo, e as recicláveis guardadas fora da chuva;
- Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo;
- Caixas d'água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras sem rachaduras ou cobertas com tela tipo mosquiteiro;
- Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas;
- Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos;
- Lonas, aquários, bacias e brinquedos devem ficar longe da chuva;
- Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou "Operação Cata-Bagulho";
- Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge: ponha água só na terra.