Prefeitura já possui seis tendas em funcionamento para o auxílio no combate à dengue

Maior parte das unidades foi instalada na região norte da capital, que concentra cerca de 38% dos casos registrados na cidade. Soldados do Exército se somarão às equipes para visitas domiciliares

O prefeito de São Paulo visitou na manhã desta quinta-feira, dia 16, a Unidade Básica de Saúde (UBS) Elisio Teixeira Leite, que abriga uma das seis tendas instaladas pela Secretaria Municipal de Saúde para o auxílio no combate à dengue em regiões de maior incidência da doença entre a população. O equipamento está localizado no Jaraguá, zona norte da capital. Na ocasião, o prefeito anunciou ainda que a administração municipal receberá apoio do Exército para as visitas domiciliares com o objetivo de identificar e eliminar os criadouros do mosquito.

"Já temos nove tendas garantidas, seis instaladas. Elas estão sendo instaladas onde a incidência da dengue é maior. Estamos fazendo esse trabalho justamente para garantir que as pessoas que estejam com sintomas recebam um tratamento muito rápido, o que às vezes nem a rede privada consegue assegurar. O Ministério da Saúde considera São Paulo um exemplo a ser seguido pelas demais cidades paulistas. Tanto é que a incidência no interior é 10 vezes superior à incidência na capital, o que não nos deixa tranquilos, porque a incidência é alta aqui também. É uma situação que exige muita atenção, sobretudo no combate aos focos, já que 80% deles encontram-se dentro das residências", disse o prefeito.

Além da unidade visitada, outras duas tendas estão localizadas na mesma região, sendo uma na Brasilândia, junto à UBS Vista Alegre e outra na Freguesia do Ó, na AMA Vila Palmeiras. Na zona sul, outras duas foram instaladas: uma na sede da subprefeitura de Cidade Ademar e outra em uma área anexa ao Hospital Municipal M'Boi Mirim. Por fim, o complexo Sorocabana, da Lapa, zona oeste, recebeu nesta quinta-feira uma nova tenda. Na próxima semana, unidades dos bairros Rio Pequeno, Itaquera e Carrão receberão tal apoio.

As tendas foram adotadas pela Prefeitura com o objetivo de desafogar as unidades de saúde em regiões de maior incidência da doença. Cada uma das instalações possui uma máquina de teste rápido de sangue, que possibilita a contagem de plaquetas para a identificação de eventuais agravamentos e potenciais evoluções para dengue hemorrágica. Os munícipes devem primeiro procurar à unidade de saúde junto às tendas. Aqueles que, depois de uma triagem inicial, têm suspeita de dengue são encaminhados para as tendas, onde recebem atendimento, orientação e tratamento específicos para a doença.


Instalada na última segunda-feira (13), a tenda do Jaraguá já realizou 276 atendimentos. Foi o caso, por exemplo, do comerciante Julio Araujo dos Santos, de 63 anos, morador de Parada de Taipas, bairro adjacente. Na segunda-feira, ele chegou à unidade com febre e dor de cabeça. "Fiz o exame de sangue e em menos de uma hora já estava tomando soro. O resultado saiu na mesma hora e eu já fui atendido e orientado", disse. Nesta amanhã, ele estava de volta à unidade, mais uma vez recebendo hidratação intravenosa. "Mas já estou um pouco melhor. É o que importa", comemorou.

Até a última quarta-feira (15), as tendas instaladas realizaram 2.573 atendimentos. A primeira delas foi implementada no dia 7 de abril, na Brasilândia. Vale destacar que as tendas são complementares à rede municipal, que possui 451 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 117 unidades de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) por toda a cidade.

Na última semana, a Secretaria Municipal de Saúde divulgou o sexto balanço do ano sobre a situação da dengue até a 12ª semana epidemiológica. No período de 4 de janeiro a 28 de março, 31.980 casos foram notificados e 8.063 foram confirmados autóctones (contraídos no município). No mesmo período de 2014, a cidade teve 7.861 casos notificados e, destes, 3.183 autóctones confirmados. Cerca de 38% dos casos estão concentrados na zona norte de São Paulo. Até então, quatro óbitos pela doença foram confirmados neste ano em toda a cidade.

 

Apoio do Exército

Durante a visita, o prefeito anunciou que receberá a apoio do Exército em ações de combate à doença, que deve atingir seu pico nas próximas semanas. "O Exército colocou 50 soldados à disposição para combater os focos [de criadouros da doença]. Queremos usar esses profissionais mais qualitativamente. Em alguns bairros, sobretudo onde há muita violência, a pessoa se recusa a abrir as portas para a Vigilância Sanitária. Não se trata de um problema quantitativo, mas qualitativo. Se a equipe está acompanhada de um soldado, a pessoa se sentirá mais segura em abrir [a porta]", afirmou.

Os soldados serão treinados por equipes da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e se somarão aos 2.500 agentes de zoonoses que diariamente visitam domicílios e orientam os cidadãos acerca de como evitar a proliferação dos mosquitos. O trabalho em conjunto deve ter início no prazo de até 10 dias. A atuação dos soldados se dará em locais onde há maior resistência da população em receber os agentes da Covisa.

"Nós permanecemos com uma pendência de 20% das visitas. Isso se dá ou porque a pessoa não está em casa ou porque se recusa a abrir as portas. Perto dos 2.500 agentes que já temos na rua, a presença de 50 soldados pode parecer pouco, mas a qualidade e a credibilidade que esta iniciativa dá à equipe é muito grande. Isso qualifica a nossa equipe", pontuou o secretário-adjunto de Saúde. 

 

Ações de combate ao mosquito

É importante esclarecer que a dengue está mais associada às altas temperaturas e à água limpa do que simplesmente à chuva, porque qualquer pequena concentração de água, desde uma tampinha de garrafa a um prato de vaso pode ser um criadouro.

A Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) considera que o aumento dos casos neste ano está associado ao calor, que acelera o desenvolvimento do mosquito e ao acúmulo de água limpa sem proteção, devido à crise de abastecimento dos últimos meses.

Os paulistanos devem se atentar à necessidade de ação individual preventiva para eliminar criadouros de mosquito Aedes aegypti. A visita de equipes é programada com base no mapeamento de pontos críticos, a partir dos casos confirmados. E uso de nebulização pesada ("fumacê") só ocorre em última instância, emergencial, e funciona para eliminar mosquitos, sem efeito prático na eliminação de criadouros. Mais de cem mil domicílios já passaram por ação da nebulização, beneficiando mais de 350.000 pessoas.

Desde segundo semestre do ano passado, a secretaria municipal de Saúde intensificou as ações de prevenção e adotou duas novas estratégias para o combate às doenças. A portaria 2.286/2014 estabelece que os serviços públicos e privados de saúde devem realizar, em até 24 horas, a notificação compulsória dos casos suspeitos. A Secretaria criou ainda comitês locais de prevenção nas subprefeituras, para fortalecer o contato com a comunidade e o trabalho integrado nas ações de campo. Durante uma reunião realizada na manhã de hoje, diretores de hospitais públicos e particulares receberam orientações de como agir e como diagnosticar os casos da doença.

Desde o dia 12 de fevereiro, o Plano Municipal de Combate ao Aedes-Aegypti ganhou reforço com a integração de equipes da Defesa Civil. Em cerimônia realizada no Vale do Anhangabaú, no centro da capital, 32 viaturas do órgão foram entregues devidamente adesivadas e equipadas com alto-falantes para a conscientização da população. Sete viaturas estão somente na região norte, mais atingida pela dengue.

Durante a vigência do plano, toda quarta-feira, desde 25 de fevereiro, equipes da Secretaria de Saúde distribuem panfletos e revistas educativas que tratam das formas de prevenção e combate aos criadouros em pontos estratégicas da cidade, de grande concentração de pessoas, como terminais de ônibus e portas de estações de metrô.

Como prevenir:
- Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia;
- Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo e as recicláveis guardadas fora da chuva;
- Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo;
- Caixas d'água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras sem rachaduras ou cobertas com tela tipo mosquiteiro;
- Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas;
- Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos;
- Lonas, aquários, bacias, brinquedos devem ficar longe da chuva;
- Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou "Operação Cata-Bagulho";
- Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge; ponha água só na terra.

Da Secretaria Executuiva de Comunicação