Cidade ganha segunda central mecanizada de triagem de resíduos sólidos e triplica capacidade de reciclagem

Equipamento inaugurado nesta terça-feira (16) em Santo Amaro processa 250 toneladas diárias de recicláveis. Com esta central, capacidade de reciclagem triplica e chega a 7% dos resíduos gerados na cidade

O prefeito Fernando Haddad inaugurou nesta terça-feira (16) a segunda central mecanizada de triagem de resíduos sólidos da cidade, instalada no bairro de Santo Amaro, zona sul. A central processa 250 toneladas de recicláveis por dia, em processo mecanizado pioneiro na América Latina. Com a abertura desta segunda unidade e investimentos nas cooperativas, a capacidade de reciclagem triplica e chega a 7% dos resíduos gerados na cidade. Coleta seletiva será ampliada ainda em 2014 para oito novos distritos. A primeira central de triagem foi aberta em junho, no bairro da Ponte Pequena, região central.

“Nós damos um salto de qualidade com a inauguração destas duas centrais mecanizadas. Nossa capacidade de processamento passa a beirar 750 a 800 toneladas por dia. Então, se nós separarmos o lixo seco e enviarmos às centrais, nós poderemos reaproveitar este material, e o meio ambiente agradece”, afirmou Haddad.

Com a instalação da nova central de triagem, a coleta seletiva será ampliada em 2014 para mais oito distritos: Campo Limpo, Capão Redondo, Pedreira, Cidade Dutra, Grajaú, Ermelino Matarazzo, Ponte Rasa e Jardim São Luis. Em mais de 40 dos 75 distritos atualmente atendidos a coleta será universalizada para todas as ruas. Clique aqui e veja a relação completa dos distritos com coleta seletiva universalizada. A meta é de que até 2016 todos os 96 distritos da cidade sejam contemplados com o serviço.

Segundo o prefeito, o trabalho nas centrais será complementado com a intensificação da educação ambiental. “Nós criamos uma passarela de visitação para 20 pessoas por vez, para que as pessoas acreditem no processo de reaproveitamento deste material. A população vai receber orientação do horário e das ruas em que o caminhão da coleta seletiva vai passar. Nós estamos desenvolvendo inclusive um saco plástico específico para a coleta seletiva, com as instruções do que pode vir para as centrais”, disse Haddad.

O novo equipamento tem área de 4.800 metros quadrados e maquinário importado da França. Sua capacidade é equivalente à somatória da produção das 21 cooperativas conveniadas com a Prefeitura, que já realizam manualmente o trabalho de triagem. “De todos os resíduos que a cidade produz, 10,5 mil toneladas por dia, os orgânicos são 50%. Cerca de 35% é resíduo seco com possibilidade de ser reciclado e tem ainda um porcentual de 18% que é rejeito. Se considerarmos somente a porcentagem de resíduos secos, com as centrais nós vamos conseguir processar cerca de 45% deste material”, afirmou o secretário Simão Pedro (Serviços).

A construção da central e a instalação dos equipamentos receberam investimentos de R$ 33 milhões. Como parte de obrigações contratuais com a Prefeitura, as obras foram custeadas pela empresa Ecourbis, uma das concessionárias da coleta de lixo da capital, responsável pelas zonas leste e sul.

A política pública de ampliação da coleta seletiva está acompanhada de um processo de valorização das cooperativas de reciclagem. A nova central emprega inicialmente 62 membros da Cooperativa de Coleta Seletiva de Capela do Socorro (Coopercaps), que atualmente trabalham no processo de calibragem das máquinas. “É uma coisa de outro mundo. Trabalho há 25 anos com reciclagem e nunca imaginei que pudesse ver algo assim. O trabalho aqui tem mais qualidade de vida, em um ambiente saudável e remuneração diferenciada”, disse o presidente da Coopercaps, Telines Basilio, conhecido como Carioca. “Vamos trabalhar com o controle de qualidade, contribuir com a nossa experiência para a produção. É o reconhecimento de um trabalho de mais de 20 anos”, afirmou Basílio, que lidera cerca de 80 cooperados.

Nesta primeira etapa de atividades, a operação será feita em um turno diário de sete horas, de segunda-feira a sábado, inclusive feriados, com mínimo de 42 trabalhadores, entre operadores de equipamentos, mecânicos, eletricistas e membros das cooperativas de catadores de materiais recicláveis.

A estimativa de receita líquida mensal da venda dos materiais processados é de R$ 1,6 milhão. “A receita da comercialização dos resíduos gerados pelas duas centrais viabiliza um fundo de coleta seletiva e logística reversa, com inclusão dos catadores. Este fundo é gerido por um conselho gestor formado por catadores, pela sociedade e pelo governo municipal. O fundo vai permitir a contratação de novos catadores e o pagamento dos serviços ambientais urbanos”, explicou Silvano Silvério, presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb).

Funcionamento
O processamento dos resíduos inicia-se com um equipamento que rasga os sacos. Em seguida, o material é encaminhado para um equipamento chamado Trommel, que faz a separação por dimensão por meio de um mecanismo semelhante a uma peneira. Ao longo do processamento, a Central tem capacidade de separar 13 tipos diferentes de resíduos. Todo o trajeto dos materiais ocorre por 780 m de esteiras automatizadas.

Os materiais metálicos são separados por meio de magnetismo e eletricidade. Uma máquina chamada balístico identifica resíduos bidimensionais dos tridimensionais. Leitores óticos separam o material por tipo e cor, o que permite um ganho maior na venda do material processado. Há somente uma etapa de separação manual, ao fim do processo. O produto final é compactado em fardos e fica armazenado em um galpão de 700 metros quadrados.

Homenagem
O novo equipamento foi batizado de Central Mecanizada de Triagem Carolina Maria de Jesus em homenagem à catadora e escritora Carolina de Jesus. Estiveram presentes na inauguração a vice-prefeita Nádia Campeão, os secretários municipais Luciana Temer (Assistência Social), Roberto Porto (Segurança Urbana), Artur Henrique (Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo), Rogério Sotilli (Direitos Humanos), César Callegari (Educação), Denise Dau (Políticas para as Mulheres), Leonardo Barchini (Relações Internacionais e Federativas), Paulo Frateschi (Relações Governamentais) e Wanderley do Nascimento (Verde e Meio Ambiente), além do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Política ambiental
A primeira central de triagem foi aberta em junho, no bairro da Ponte Pequena, região central. Também tem capacidade de processar 250 toneladas de resíduos por dia e é vinculada à empresa Loga, concessionária de coleta de lixo responsável pelas zonas norte, oeste e região central. Até 2016, serão instaladas mais duas centrais mecanizadas, na Vila Maria e em São Mateus, atingindo a marca de cerca de 1.250 toneladas diárias. A meta é aumentar o percentual de coleta seletiva em São Paulo de 2% para 10%, até 2016.

Atualmente, a Amlurb tem cadastradas para triagem manual 22 cooperativas e associações de catadores, que juntas processam manualmente cerca de 250 toneladas por dia. Em dezembro de 2013, foi anunciada uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 40 milhões que será utilizada para melhorar a estrutura das centrais manuais já existentes. O investimento prevê a reforma, adequações, modernização e equipagem, tanto das 11 centrais instaladas em galpões próprios quanto das 11 instaladas em galpões alugados.

Na agenda ambiental da cidade está ainda a reutilização dos resíduos orgânicos por compostagem, para redução da quantidade de materiais enviados aos aterros sanitários. Um projeto-piloto distribuirá 2.000 composteiras domésticas e levantará informações para a ampliação dessa política.

As diretrizes para a gestão de resíduos na cidade estão organizadas no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo (PGIRS), documento elaborado de maneira participativa com entidades e cooperativas. Atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólidos, o plano lançado em abril deste ano estabelece metas e ações na área para os próximos 20 anos. O objetivo de longo prazo é reduzir ao máximo os rejeitos, materiais encaminhados para os aterros sanitários, que não recebem destinação de reutilização ou de reciclagem.