Números confirmam queda da dengue na capital

Décimo balanço da doença, divulgado no ínicioo do mês, aponta que entre 4 de janeiro e 30 de maio foram notificados 124.797 casos e 87.470 autóctones confirmados; últimas semanas seguem apresentando queda no número de novas notificações

 A Secretaria Municipal de Saúde divulgou no ínicio do mês de julho o décimo balanço da dengue na cidade de São Paulo, e os números confirmam a queda nos casos confirmados da doença durante o mês de maio.


Os dados mostram que, entre 4 de janeiro e 30 de maio (data de encerramento da 21ª semana epidemiológica), foram notificados 134.389 casos e 87.470 autóctones confirmados. No mesmo período de 2014, a cidade teve 56.567 casos notificados e 26.944 autóctones confirmados. Apesar do avanço de casos em relação ao ano passado, as confirmações seguem caindo. Nas 15ª, 16ª e 17ª semanas epidemiológicas, foram confirmados 8.975, 8.800 e 8.369 casos autóctones, respectivamente; na 18ª semana, foram 6.290. Já nas 19ª, 20ª e 21ª semanas, foram 4.050 e 2.167 e 1.380 confirmações, respectivamente. Os números das últimas semanas, entretanto, ainda devem ser atualizados por confirmações tardias da doença.


No acumulado do ano, influenciado principalmente pelo período de pico nos meses anteriores, o coeficiente de incidência da cidade, isto é, o número de casos por 100 mil habitantes chegou a 764,1 na 21ª semana epidemiológica. Apesar da situação característica de epidemia, São Paulo ocupa a 294ª posição entre as cidades do Estado - que, por sua vez, possui coeficiente de incidência de 952,4 casos por 100 mil habitantes até a 21ª semana.


Ainda em função do período de pico, que já se encerrou, 65 dos 96 distritos administrativos registraram no acumulado do ano incidência maior do que 300 casos por 100 mil habitantes, o que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), caracterizava situação de epidemia. Os que concentraram maior incidência foram Brasilândia, Raposo Tavares, Pari, Pirituba, Rio Pequeno, Vila Maria, Jaraguá e Cachoeirinha.
Ações de combate ao mosquito


Os paulistanos devem se atentar à necessidade de ação individual preventiva para eliminar criadouros de mosquito Aedes aegypti. A visita de equipes é programada com base no mapeamento de pontos críticos, a partir dos casos confirmados. E uso de nebulização pesada ("fumacê") só ocorre em última instância, emergencial, e funciona para eliminar mosquitos, sem efeito prático na eliminação de criadouros. Mais de 152,4 mil domicílios já passaram por ação de nebulização.


A Prefeitura reforçou o trabalho dos 2.500 agentes de zoonoses em toda cidade, com ações de visitas porta a porta, grupos de orientação e ações de combate nos locais de grande concentração de pessoas. Desde março, com apoio das subprefeituras, foram realizadas em toda a cidade 247 operações Cata-Bagulho, 301 "arrastões" (visitas intensivas num raio de 300 metros dos locais onde houve casos confirmados), 273 ações de intensificação de distribuição de telas para caixas d'água e 142 limpezas de córrego.


É importante esclarecer que a dengue está mais associada às altas temperaturas e à água limpa do que simplesmente à chuva, porque qualquer pequena concentração de água, desde uma tampinha de garrafa a um prato de vaso, pode ser um criadouro. A Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) considera que o aumento dos casos neste ano está associado ao calor, que acelera o desenvolvimento do mosquito, e ao acúmulo de água limpa sem proteção, devido à crise de abastecimento dos últimos meses.


Apoio do Exército
A partir do dia 23 de abril, 50 soldados do exército foram colocados à disposição para combater os focos de criadouros dos mosquitos transmissores da doença e acompanharam as equipes de saúde. Até 29 de maio, período em que os militares atuaram, foram realizadas 40.077 visitas a imóveis dos bairros do Limão, Vila Medeiros, Mandaqui, Pirituba, São Domingos e Freguesia do Ó.
As visitas foram realizadas apenas em dias úteis, sem chuva. No mesmo período, 15.007 imóveis visitados foram encontrados fechados, e os moradores de outros 1.255 se recusaram a abrir as portas para as equipes. O índice médio de recusas nos bairros onde o Exército atuou foi de 2,2%.
Os soldados foram treinados por equipes da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e se somaram aos agentes de zoonoses que diariamente visitam domicílios e orientam os cidadãos sobre como evitar a proliferação dos mosquitos. A atuação dos soldados ocorreu em locais onde há maior resistência da população em receber os agentes da Covisa.


Óbitos
Foram confirmados 21 óbitos pela doença neste ano. Oito casos seguem em investigação e outras 55 suspeitas foram descartadas. Os últimos quatro óbitos registrados em 2015 foram de um jovem de 14 anos, morador de Santo Amaro, em 17 de maio; uma mulher de 46 anos, moradora de Vila Curuçá, em 16 de abril; uma mulher de 45 anos, moradora da Penha, e um idoso de 80 anos, morador de Artur Alvim, ambos no dia 30 de abril.
Durante todo o ano de 2014 a capital registrou 29.011 casos autóctones (97,7% ocorreram no primeiro semestre), com 14 óbitos ao longo do ano. Em 2015, apesar do aumento de casos, a taxa de letalidade do município é ainda menor do que a apresentada no ano passado, com 0,024%, ante 0,048% em 2014.


Mobilização

Desde o segundo semestre do ano passado, a Secretaria Municipal de Saúde intensificou as ações de prevenção e adotou duas novas estratégias para o combate às doenças. A portaria 2.286/2014 estabelece que os serviços públicos e privados de saúde devem realizar, em até 24 horas, a notificação compulsória dos casos suspeitos. A secretaria criou ainda comitês locais de prevenção nas subprefeituras, para fortalecer o contato com a comunidade e o trabalho integrado nas ações de campo. Diretores de hospitais públicos e particulares receberam orientações sobre como agir e como diagnosticar os casos da doença.
No dia 12 de fevereiro, o Plano Municipal de Combate ao Aedes-Aegypti ganhou reforço com a integração de equipes da Defesa Civil. Em cerimônia realizada no Vale do Anhangabaú, no centro da capital, 32 viaturas do órgão foram entregues devidamente adesivadas e equipadas com alto-falantes para a conscientização da população. Sete viaturas atuaram somente na região norte, a mais atingida pela dengue.
Durante a vigência do plano, toda quarta-feira, desde 25 de fevereiro, equipes da Secretaria de Saúde distribuem panfletos e revistas educativas que tratam das formas de prevenção e combate aos criadouros em pontos de grande concentração de pessoas, como terminais de ônibus e portas de estações de metrô.


Como prevenir:
- Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia;
- Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo, e as recicláveis guardadas fora da chuva;
- Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo;
- Caixas d'água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras sem rachaduras ou cobertas com tela tipo mosquiteiro;
- Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas;
- Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos;
- Lonas, aquários, bacias e brinquedos devem ficar longe da chuva;
- Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou "Operação Cata-Bagulho";
- Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge: ponha água só na terra