Projeto teatral visa diminuir número de gravidez precoce no M’Boi Mirim

Entidades, comunidades, conselheiros de saúde e a UBS Jardim Vera Cruz se uniram para viabilizar o projeto com o coordenador teatral Roberto Otaviano.

Mensalmente, no M’Boi Mirim, vinte e cinco crianças são rejeitadas por seus pais ainda na maternidade. Este número é reflexo do alto índice de gravidez precoce na região. Estima-se que hoje, aproximadamente, duzentas meninas, entre 10 e 19 anos residentes no distrito, estejam grávidas.

O despreparo emocional, psicológico, financeiro são um dos grandes fatores que levam esses jovens a abandonarem seus filhos. A falta de acesso a informação, o medo da represaria dos pais, o receio da interrupção do projeto profissional entre outros motivos transformam a gravidez na adolescência um problema de ordem social e de saúde pública. Segundo dados divulgados pela ONU em 2013, quinze de cada cem adolescentes recorreram a métodos clandestinos para a interrupção da gravidez, colocando a própria vida em risco. Atualmente o aborto é a quinta causa mais freqüente para mortalidade materna.

A adolescência é a ponte entre a infância e a vida adulta. É nessa fase que o jovem começa a construir a sua individualidade, personalidade e a se consolidar como cidadão. Neste momento o respaldo materno e paterno é fundamental, assim como o envolvimento e participação das Instituições de Ensino e do Estado, a fim de garantir auxilio e orientação no decorrer desse processo.

No Brasil, temas como planejamento familiar e educação sexual, são assuntos ainda poucos discutidos, tornando por vezes uma gestação um grave problema social, na adolescência muitas vezes ela ainda ocorre dentro de relacionamentos sem estabilidade. Desta forma torna-se dever do governo intervir, promovendo políticas que auxiliem na disseminação de informação de qualidade.

Foi com esse objetivo que surgiu o projeto “(In)desejados”, que pretende levar de maneira lúdica o debate sobre a gravidez indesejada na adolescência. As secretarias da Saúde e da Cultura em conjunto com a Prefeitura de São Paulo, a Subprefeitura do M’Boi Mirim e escolas públicas, usarão a dramaturgia como fonte informativa.

A peça teatral, direcionada ao público juvenil, será produzida em conjunto com os estudantes, que poderão trazer fatos de suas próprias experiências pessoais, para auxiliar na construção do enredo e da montagem. Esses, também, poderão participar de uma seleção de atores para atuarem na produção. Após a seleção o período de montagem do espetáculo será de cinco meses, com encontros com duração duas horas, duas vezes na semana.

Alunos interessados em participar foram convidados para o primeiro encontro a ser realizado no dia 19 de novembro, quarta feira, na Escola Estadual Amélia Kerr Nogueira, localizada na Avenida dos Funcionários Públicos, 155. O projeto tem duração prevista de 12 meses.

O intuito é que o projeto seja expandido para outras escolas do entorno garantindo uma maior conscientização desses jovens e assim diminuindo o número de meninas ainda em construção tendo de enfrentar os desafios da maternidade e concomitantemente o número de crianças crescendo sem a segurança de um lar.

Uma realização dos grupos:
REDEJUCA – Rede de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente
GAFEL – Grupo de Amigos Fé e Luz
UBS Integral Vera Cruz
Secretária de Cultura da Cidade de São Paulo
Apoio Subprefeitura do M’Boi Mirim.