O prefeito da capital paulista inaugurou na última terça-feira, dia 16 de julho, a segunda central mecanizada de triagem de resíduos sólidos da cidade, instalada no bairro de Santo Amaro, zona sul da capital. Essa central processa 250 toneladas de recicláveis por dia, em um processo mecanizado pioneiro na América Latina. Assim, com a abertura desta segunda unidade e mais investimentos nas cooperativas, a capacidade de reciclagem triplica e chega a 7% dos resíduos gerados na cidade. A meta principal é que a coleta seletiva seja ampliada ainda em 2014 para oito novos distritos, sendo eles: Campo Limpo, Capão Redondo, Pedreira, Cidade Dutra, Grajaú, Ermelino Matarazzo, Ponte Rasa e Jardim São Luis. Vale lembrar ainda que a primeira central de triagem foi aberta em junho, no bairro da Ponte Pequena, região central.

E mais, em mais de 40 dos 75 distritos atendidos atualmente a coleta será universalizada para todas as ruas. Clique aqui e veja a relação completa dos distritos com coleta seletiva universalizada. A meta é de que até 2016 todos os 96 distritos da cidade sejam contemplados com o serviço.

E é importante frisar também que o novo equipamento terá uma área total de 4.800 metros quadrados e maquinário importado da França. Sua capacidade é equivalente à somatória da produção das 21 cooperativas conveniadas com a Prefeitura, que já realizam manualmente o trabalho de triagem. “De todos os resíduos que a cidade produz, 10,5 mil toneladas por dia, os orgânicos são 50%. Já cerca de 35% é resíduo seco com possibilidade de ser reciclado e tem ainda um porcentual de 18% que é rejeito. Por isso, se considerarmos somente a porcentagem de resíduos secos, com as centrais nós vamos conseguir processar cerca de 45% deste material”, afirmou o secretário de serviços.

A construção da central e a instalação dos equipamentos receberam investimentos de R$ 33 milhões. Como parte de obrigações contratuais com a Prefeitura, as obras foram custeadas pela empresa Ecourbis, uma das concessionárias da coleta de lixo da capital, responsável pelos serviços exercidos nas zonas leste e sul.

Assim, a política pública de ampliação da coleta seletiva está acompanhada de um processo de valorização das cooperativas de reciclagem. A nova central emprega inicialmente 62 membros da Cooperativa de Coleta Seletiva de Capela do Socorro (Coopercaps), que atualmente trabalham no processo de calibragem das máquinas. “É uma coisa de outro mundo. Trabalho há 25 anos com reciclagem e nunca imaginei que pudesse ver algo assim. O trabalho aqui tem mais qualidade de vida, em um ambiente saudável e remuneração diferenciada”, disse o presidente da Coopercaps, Telines Basilio, conhecido como Carioca. “Vamos trabalhar com o controle de qualidade, contribuir com a nossa experiência para a produção. É o reconhecimento de um trabalho de mais de 20 anos”, afirmou Basílio, que lidera cerca de 80 cooperados.

Nesta primeira etapa de atividades, a operação será feita em um turno diário de sete horas, de segunda-feira a sábado, inclusive feriados, com o mínimo de 42 trabalhadores, entre operadores de equipamentos, mecânicos, eletricistas e membros das cooperativas de catadores de materiais recicláveis.

Salientamos ainda que a estimativa de receita líquida mensal da venda dos materiais processados é de aproximadamente R$ 1,6 milhão. “A receita da comercialização dos resíduos gerados pelas duas centrais viabiliza um fundo de coleta seletiva e logística reversa, com inclusão dos catadores. Este fundo é gerado por um conselho gestor formado por catadores, pela sociedade e pelo governo municipal. Desse modo, o fundo vai permitir a contratação de novos catadores e o pagamento dos serviços ambientais urbanos”, explicou Silvano Silvério, presidente da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb).

Mais sobre o seu funcionamento

Para quem não sabe, o processamento dos resíduos inicia-se com um equipamento que rasga os sacos. Em seguida, o material é encaminhado para um equipamento chamado Trommel, que faz a separação por dimensão por meio de um mecanismo semelhante a uma peneira. Ao longo do processamento, a Central tem capacidade de separar 13 tipos diferentes de resíduos, com todo o trajeto dos materiais ocorrendo por 780 m de esteiras automatizadas.

E é através desse processo que os materiais metálicos são separados por meio de magnetismo e eletricidade. Uma máquina chamada balístico identifica resíduos bidimensionais dos tridimensionais, com os leitores óticos separando o material por tipo e cor, o que permite um ganho ainda maior na venda do material processado. Porém, há somente uma etapa de separação manual, ao fim do processo, fazendo com que o produto final seja compactado em fardos e fique armazenado em um galpão de 700 metros quadrados.

Homenagem

O novo equipamento foi batizado de Central Mecanizada de Triagem Carolina Maria de Jesus em homenagem à catadora e escritora Carolina de Jesus. Estiveram presentes na inauguração a vice-prefeita da cidade, os secretários municipais de Assistência Social, Segurança Urbana, Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Direitos Humanos, Educação, Política para as Mulheres, Relações Internacionais e Federativas, Relações Governamentais e Verde e Meio Ambiente, além do ex-presidente da República.

Como funciona sua Política ambiental

A primeira central de triagem foi aberta em junho, no bairro da Ponte Pequena, região central. E a mesma também tem capacidade de processar 250 toneladas de resíduos por dia e é vinculada à empresa Loga, concessionária de coleta de lixo responsável pelas zonas norte, oeste e região central. A meta é que até 2016, sejão instaladas mais duas centrais mecanizadas, sendo uma na Vila Maria, na zona norte e outra em São Mateus, zona leste, atingindo assim a marca de cerca de 1.250 toneladas diárias. Nosso objetivo final é aumentar ainda mais o percentual de coleta seletiva em São Paulo de 2% para 10%, até 2016.

Atualmente, a Amlurb tem cadastradas para triagem manual 22 cooperativas e associações de catadores, que juntas processam manualmente cerca de 250 toneladas de resíduos em geral por dia. Em dezembro de 2013, foi anunciada uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 40 milhões que será utilizada para melhorar a estrutura das centrais manuais já existentes. O investimento prevê a reforma, adequações, modernização e equipagem, tanto das 11 centrais instaladas em galpões próprios quanto das 11 instaladas em galpões alugados.

Na agenda ambiental da cidade está prevista ainda a reutilização dos resíduos orgânicos por compostagem, para redução da quantidade de materiais enviados aos aterros sanitários, com um projeto-piloto distribuindo 2.000 composteiras domésticas e levantando informações para a ampliação dessa política.

Já as diretrizes para a gestão de resíduos na cidade estão organizadas no Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo (PGIRS), documento elaborado de maneira participativa com entidades e cooperativas. E atendendo à Política Nacional de Resíduos Sólidos, o plano lançado em abril deste ano estabelece ainda novas metas e ações a serem feitas nessa área nos próximos 20 anos. O objetivo a longo prazo é reduzir ao máximo os rejeitos, materiais estes encaminhados para os aterros sanitários, que não recebem destinação de reutilização ou de reciclagem.