Prefeitura de São Paulo lança projeto inédito de compostagem doméstica

Fase inicial distribuirá um total de 2.000 composteiras em toda a cidade. Processo permite reaproveitar também os resíduos orgânicos na forma de adubo. Objetivo principal do programa é reduzir ainda mais a quantidade de resíduos enviados aos aterros sanitários

Público faz cadastro no Ceu Casa Blanca para participar do projeto da compostagem doméstica. Foto: Márcia Brasil

O prefeito da capital paulista lançou na última segunda-feira, dia 16 de junho, um projeto inédito de compostagem doméstica, que irá distribuir um total de 2.000 composteiras para reutilização de resíduos orgânicos em toda a cidade. Vale lembrar também que esse processo transforma restos de alimentos em adubo, reduzindo assim a quantidade de resíduos enviados aos aterros sanitários da cidade. Para quem não sabe, o projeto integra a agenda ambiental da cidade de São Paulo, o que inclui ainda a criação de centrais mecanizadas de triagem de resíduos sólidos, além da implantação de 400 quilômetros de ciclovias e a adoção das lâmpadas de LED para a iluminação pública.

Outro fator importante a ser citado é que em 5 de junho, a Prefeitura inaugurou no bairro da Ponte Pequena a primeira central mecanizada de triagem da América Latina, com capacidade de processar aproximadamente 250 toneladas de resíduos sólidos por dia.

Nesta fase inicial, as composteiras serão distribuídas em caráter experimental, para avaliar os hábitos da população e formatar o melhor modelo para ampliação da escala do projeto. Dessa forma, durante o evento, realizado no Centro Educacional Unificado (CEU) Casablanca, Zona Sul da capital paulista, ele também afirmou que a ampliação da compostagem será realizada através do reaproveitamento dos resíduos orgânicos produzidos no preparo das mais de um milhão de refeições servidas nas escolas municipais.

E mais, o financiamento das iniciativas é realizado pelas empresas Loga e Ecourbis, concessionárias da coleta de lixo.

Quando depositados nos aterros sanitários, os resíduos orgânicos resultam em problemas ambientais, como por exemplo a formação de chorume tóxico, que pode infiltrar-se no solo e contaminar a água subterrânea. Dessa forma, são enviados diariamente para o aterro sanitário 18 mil toneladas de resíduos, sendo 10 mil toneladas de resíduos domésticos. Assim, dos resíduos domésticos, 5.000 toneladas diárias são resíduos orgânicos. “Estamos falando em cerca de 50% dos resíduos que vão para os aterros e poderão ser desviados de lá se a população se engajar. A compostagem em domicílio, além de ser uma ação cidadã, é também uma ação de consciência ambiental”, disse Silvano Silvério, presidente da Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana).

Como realizar sua inscrição e garantir sua participação no projeto

As pessoas interessadas em participar do projeto devem se inscrever no site do Composta São Paulo. Segundo a Organização Morada da Floresta, responsável pelo projeto, os participantes serão selecionados de forma a atingir perfis diversificados de renda e de hábitos, para que a pesquisa seja abrangente das diferentes necessidades da população.

A primeira participante é Lurdes Luna, 79 anos, que nesta mesma manhã recebeu das mãos do prefeito uma composteira doméstica do projeto.

Salientamos ainda que para participar, é necessário que o munícipe tenha no local de sua preferência um espaço de cerca de 60 cm X 40 cm X 90 cm e seja produtor diário de resíduos orgânicos. “Não exige muito tempo, são cerca de 20 a 30 minutos por semana. Só tem o trabalho de colocar na composteira e de fazer a troca das caixas uma vez por mês. O mais importante é a vontade de mudar os próprios hábitos e transformar a cidade”, explicou Cláudio Spíndola, da entidade Morada da Floresta. A organização não-governamental estima que nos primeiros cinco meses será possível compostar 300 toneladas de resíduos.

Os integrantes do projeto receberão uma composteira doméstica e deverão participar de três oficinas e de pesquisas sobre o andamento da adoção da compostagem. Nas oficinas aprenderão também mais detalhes do manejo e do funcionamento desse processo. Ao longo de seis meses, pesquisas levantarão os problemas e soluções encontradas na mudança de hábitos da população que aderiu ao programa.

Para quem não sabe, esse equipamento é composto por duas caixas digestoras e uma caixa que armazena o líquido resultante do processo. As caixas recebem os resíduos orgânicos, como cascas de ovos, borra de café e cascas de frutas e legumes, e também matéria vegetal seca, como serragem e folhas secas. As minhocas que são colocadas no local aceleram ainda mais o processo de compostagem, que resulta em húmus e biofertilizante líquido, que é coletado por uma torneira localizada na parte inferior dessas caixas.