Instalação da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo acontece nesta quinta-feira

Na cerimônia, o prefeito Fernando Haddad anunciará os cinco membros que conduzirão os trabalhos da Comissão

Acontece hoje, dia 25, ato público marca o início dos trabalhos da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo, sancionada em 16 de junho pela Lei 16.012/2014. A solenidade será realizada no Edifício Ramos de Azevedo, que abriga o Arquivo Histórico de São Paulo e sediará a Comissão durante toda a sua vigência. Além de sua relevância simbólica – o edifício é vizinho do antigo Presídio Tiradentes, por onde passaram diversos presos políticos, no contexto da ditadura – o local será estratégico para os trabalhos de investigação, pois conserva o acervo documental da Prefeitura.

A cidade de São Paulo foi palco de graves violações aos direitos humanos durante a ditadura civil-militar. A Comissão buscará esclarecer o papel desempenhado pela Prefeitura e agentes públicos municipais, no período de 1964 a 1988, e garantir o direito do cidadão à memória e à verdade. As investigações deverão apurar indícios de perseguição e demissão de funcionários por motivação política, a ocultação de pessoas em cemitérios públicos municipais e a censura e repressão a educadores da rede pública municipal, entre outras frentes.

Segundo o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, “a cidade de São Paulo concentra cerca de 20% dos mortos e desaparecidos políticos registrados no Brasil; aqui operavam o DOPS e o DOI-CODI e aqui foi encontrada a vala clandestina de Perus. A Prefeitura de São Paulo tem o dever de criar sua própria Comissão da Verdade para entender como foi sua participação nesse processo todo de repressão”.

O novo órgão é vinculado à Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania e trabalhará em diálogo estreito com a Coordenação de Direito à Memória e à Verdade da SMDHC e em colaboração com as demais comissões da verdade estabelecidas no Município, além da Comissão Nacional da Verdade.

Durante o ato, que contará com a presença do secretário Rogério Sottili e de familiares de mortos e desaparecidos políticos e militantes do tema, o prefeito Fernando Haddad fará a nomeação dos cinco membros que serão responsáveis pela condução dos trabalhos da Comissão. A cerimônia terá início com cortejo e apresentação de trechos da peça ‘Liberdade é pouco’, da Cooperativa Paulista de Teatro. A montagem é uma livre adaptação do texto 'Liberdade Liberdade', de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, censurado pela ditadura, e traz uma leitura sensível deste período de exceção. O nome da peça é inspirado na frase da escritora Clarice Lispector: "liberdade é pouco, o que eu quero ainda não tem nome".

Instalação da Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo
Onde: Arquivo Histórico de São Paulo
Local: Praça Coronel Fernando Prestes, 152, Bom Retiro
Dia: 25/9, às 18h30
Entrada livre e gratuita