Prefeitura faz parceria com CIEE para oferecer cursos a pessoas em situação de rua

Convênio vai oferecer formação complementar para inserção no mercado de trabalho. Curso ensinará aos alunos noções de trabalho em equipe e relacionamento interpessoal

De Secretaria Executiva de Comunicação

Foto - Fernando Pereira - SecomPrefeitura de São Paulo firmou na tarde desta segunda-feira (25) um de Termo de Cooperação Técnica com o Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) para oferecer formação complementar à população em situação de rua para a sua inserção no mercado de trabalho.

Na cerimônia realizada na sede do CIEE, o prefeito Fernando Haddad lembrou dos programas criados pelo governo federal para a difusão do acesso à educação no país, tais como o Prouni e o Pronatec, e relacionou-os à população em situação de rua da cidade, que em 2013 foi beneficiada por um programa de educação profissional.

"O que estava por trás de todas essas iniciativas [Prouni e Pronatec] era a percepção de que nós tínhamos que garantir aos brasileiros uma de duas oportunidades: ou uma educação profissional, para que as pessoas tivessem um ofício reconhecido por certificado ou diploma ou o acesso à educação superior. A população de rua se insere neste contexto e nós não vamos desistir de ninguém, por mais precárias que sejam as condições de vida dessas pessoas", disse Haddad.

O presidente do Conselho de Administração do CIEE, Ruy Martins Altenfelder, afirmou colocará toda a experiência em inclusão social do centro para o resgate da autoestima das pessoas em situação de rua. "A parceria com a Prefeitura abre as portas da cidadania para significativa parcela das pessoas mais vulneráveis entre os 12 milhões de irmãos brasileiros que vivem em nossa metrópole", afirmou.

O curso ministrado pela CIEE terá carga horária de 12 horas e vai ensinar, entre outras coisas, sobre relacionamento interpessoal, trabalho em equipe, imagem profissional, atendimento ao cliente, empreendedorismo e etapas de processos seletivos.

Em contrapartida, caberá à Prefeitura, por meio das secretarias municipais de Assistência e Desenvolvimento Social e de Direitos Humanos e Cidadania a mobilização, a pré-seleção e o acompanhamento dos participantes. Terão prioridade alunos matriculados ou concluintes do Pronatec PopRua, programa do governo federal.

"A inserção do mercado de trabalho das pessoas em situação de rua precisa ser acompanhada e construída respeitando as particularidades e dificuldades de cada pessoa. Por isso, é essencial que essa inserção não se restrinja à formação técnica e a uma profissão. Sobretudo, é preciso que se desenvolva noções complementares como trabalho em equipe e preparação para o processo seletivo", disse o secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili.

Para a secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer, o curso que será oferecido é essencial para a emancipação dessa população. "Todo o esforço que nós fazemos de acolhimento de nada vale se a gente não fizer o esforço de que elas caminhem sozinhas depois", afirmou.

A cada semestre serão disponibilizadas 250 vagas. O termo não prevê repasses financeiros e terá vigência de 12 meses, com possibilidade de prorrogação por mais 12 meses.

Pronatec PopRua
Em 2013, a Prefeitura firmou uma parceria com o Senai e com o Senac para a oferta de cursos profissionalizantes às pessoas em situação de rua por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Até dezembro de 2013, foram efetuadas 402 matrículas, distribuídas em 22 turmas. Entre os cursos ofertados, os de auxiliar-administrativo, eletricista, padeiro e pedreiro. Dos matriculados, 193 se formaram e 53 foram encaminhados para vagas de empregos de empresas parceiras.

Natural de Guiné-Bissau, Heliano Ferreira, de 28 anos, foi um dos beneficiários do Pronatec PopRua. Ele trabalhava como ajudante de pedreiro e vivia nos albergues da Prefeitura quando soube da oportunidade. Na ocasião, se viu em meio a um dilema, pois com o curso, trabalharia poucas horas por semana e, consequentemente, teria menos dinheiro. Além de se manter, Ferreira era também responsável por enviar dinheiro a sua família no país de origem.

"Fiz o curso e durante ele, o próprio prefeito chegou a motivar a gente, dizendo que poderíamos fazer o curso, pois ele [o curso] nos traria melhores oportunidades. E essa oportunidade veio", disse Ferreira, que trabalha na AES Eletropaulo como eletricista. "Hoje não moro mais no albergue. Consegui alugar a minha casinha e estou a construir a minha vida aqui", afirmou.

De acordo o diretor de Clientes Públicos da AES Eletropaulo, Arthur Tavares, a empresa pretende oferecer 60 vagas a alunos concluintes do Pronatec PopRua. "De nada adianta termos um serviço de qualidade se não tivermos uma sociedade equiparada a ela. Tomamos para nós o desafio de intervir no desenvolvimento social. Essa é uma grande responsabilidade do poder público, mas o setor privado não pode ficar fora e tem que trabalhar de forma bastante intensa também", afirmou.