Latinidade marca nova temporada do Balé da Cidade

Estreia de “Concerto para bandoneón”, de Astor Piazzolla, acontece dia 3, no Theatro Municipal

Por Lidyanne Aquino | Secretaria de Cultura

Parece um acordeão, mas não é. O bandoneón só tem botões, e não teclas - o que provoca confusão. Criação de Heinrich Band, surgiu na Alemanha durante o século 19, quando reinava nas igrejas como instrumento típico de acompanhamentos litúrgicos. Anos mais tarde, chegou à Argentina e tornou-se símbolo do tango. Ao som de “Concerto para bandoneón”, de Astor Piazzolla, o Balé da Cidade de São Paulo (BCSP) estreia, dia 3, no Theatro Municipal, uma nova coreografia assinada pelo também argentino Luis Arrieta. Batizado, simplesmente, de “bandOneón”, o espetáculo é protagonizado somente por homens. “A ideia da dança e do movimento é viver o momento presente, portanto, a coisa que eu faço no presente é a mais importante”, afirma Arrieta. A montagem conta também com a participação do bandeonista argentino Daniel Binelli, que já tocou em orquestras sinfônicas da Suíça, Rússia, Japão, Canadá e Estados Unidos.

"O balcão do amor", do israelense Itzik Galili, integra programa (Foto: Sylvia Masini)

Ao público, Arrieta aconselha que “deixe a cabeça em casa”. “Toda manifestação que possa ser chamada de artística, sem querer ser pretensioso, é feita para estimular outros centros de percepção adormecidos que não seja propriamente o intelecto”, explica. “A percepção é o que me dá o saber”. Em cena, os bailarinos vestem criações do estilista Lino Villaventura, que já concebeu figurinos para o BCSP em 1998. O espetáculo era “Baile na roça”, uma homenagem ao pintor Cândido Portinari.

Ainda neste programa, o israelense Itzik Galili apresenta seu trabalho mais recente, “O balcão de amor”, segunda estreia da noite. Galili tomou sua viagem a Cuba como inspiração ao desenvolver a coreografia. Para dar vida às suas ideias, ele utiliza composições do célebre músico cubano Perez Prado, uma referência no mambo, com arranjos para orquestra de Rodrigo Morte. O espetáculo é o segundo trabalho de Galili para o BCSP. O primeiro foi “A linha Curva”, de 2005, uma coprodução entre o Theatro Municipal e o Festival de Dança da Holanda.

Entre as duas estreias, o público confere a remontagem de “Uneven”, coreografia do espanhol Cayetano Soto, com música de David Lang. Os três trabalhos foram criados especialmente para a companhia, que tem direção artística de Iracity Cardoso, e serão acompanhados, ao vivo, pela Orquestra Sinfônica Municipal, sob regência do maestro Victor Hugo Toro.

Serviço: | +10 anos. Theatro Municipal de São Paulo. Pça Ramos de Azevedo, s/nº, Centro. Tel. 3397-0327. Dias 3, 5, 6 e 7, 20h. Dia 4, 18h. R$ 20 a R$ 60