Figueira das Lágrimas em franca recuperação

Espécie histórica localizada no Sacomã apresenta bons sinais de recuperação

Figueira das Lágrimas- 26 de julho 2011 - Trabalhos de Curetagem No dia 12 de setembro de 2011, a Figueira das Lágrimas, de idade não calculada, que fica na Estrada das Lágrimas, altura dos números 515 e 535 no Sacomã foi vistoriada para reavaliação após dois meses do início dos tratamentos. No local, estiveram presentes engenheiros agrônomos da Unidade de Áreas Verdes da Subprefeitura Ipiranga e da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras, o Chefe de Gabinete e o Coordenador de Projetos e Obras da Subprefeitura Ipiranga e dois técnicos da SVMA.


Em 12 de julho de 2011 foi realizado serviço de poda do Fícus benjamina e removido galhos que atravessavam e sobrepunha a copa do exemplar Fícus organensis, que é a árvore nativa apelidada de Figueira (ou Árvore) das Lágrimas. Na época, aplicou-se uma cobertura morta (milching), que é uma prática agrícola para proteger o solo e também realizada adubação com irrigações periódicas. Material botânico foi coletado das folhas e ramos aéreos e encaminhados para o Instituto Botânico sendo este material analisado por uma equipe de pesquisadores da área de entomologia e micologia. Não foi observado ataque de pragas e ou agentes patogênicos no material analisado da Figueira organensis, apesar do ataque de mosca branca observada na Figueira benjamina. Em 26 de julho de 2001 foi realizado o serviço de remoção de tecidos necrosados do tronco da Figueira organensis.

Na vistoria do dia 12 de setembro, constatou-se que a árvore apresenta bons sinais de recuperação, com razoável índice de folhas formadas na copa e alto número de brotações laterais em desenvolvimento. Em breve será feita re-aplicação de calda bordalesa fungicida que é uma das formulações mais antigas e mais eficaz que se conhece e recomendada para o controle de doenças e parasitas. A calda bordalesa é um composto de sulfato de cobre, cal hidratada ou cal virgem e água, em simples mistura. Será também realizada uma adubação complementar de cobertura e será dada continuidade a irrigação com periodicidade de duas vezes por semana até que a época chuvosa se inicie.

A opinião técnica geral é de que ambas as árvores a Ficus benjamina e a Ficus organensis, podem co-existir de forma harmônica no local, respeitando-se a realização dos devidos tratamentos quando necessários. A Árvore das Lágrimas é considerada uma das mais antigas da cidade de São Paulo e foi documentada pelo viajante Emilio Zaluhar, em 1862, no seu livro Peregrinação pela Província de São Paulo: “Pouco mais adiante do Ipiranga encontra-se uma belíssima figueira brava, cujos galhos bracejando em sanefas de verdura, formam um bonito dossel em toda a largura da estrada (“Caminho do Mar”). É este o sítio das despedidas saudosas. Aqui vêm abraçar-se, e jurar eterna amizade, aqueles que se separam para, em opostas direções da estrada, seguirem depois, e quantas vezes na vida, um caminho e um destino também diverso.”

A figueira ocupava um ponto estratégico em São Paulo no século XIX. Marcava o limite da cidade, onde se encontravam as últimas casas e começava a estrada de terra que levava ao litoral, o Caminho do Mar.

Ressaltou-se durante a vistoria técnica a necessidade de reformas de cunho civil, por exemplo, de reforma do muro e realocação do portão, valorizando a área de patrimônio histórico a serem realizadas de forma que não seccionem ou prejudiquem os sistemas das raízes dos exemplares arbóreos. As melhorias serão tratadas em processo administrativo em trâmite na Subprefeitura Ipiranga com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente.