Esporotricose Humana

Informações para profissionais da saúde

 1 –  PROFISSIONAIS DE SAÚDE

No início do ano 2000, observou-se, no Brasil, um novo perfil epidemiológico na transmissão da esporotricose entre animais e pessoas. Novas espécies do complexo Sporothrix spp foram identificadas e classificadas de acordo com as novas técnicas sorológicas e moleculares.

Cepas como o S. brasiliensis são mais virulentas quando comparadas com as isoladas do meio ambiente.

A infecção ocorre principalmente por traumas decorrentes de acidentes com espinhos de plantas, palhas, lascas de madeira, e também pela mordedura ou arranhadura de animais infectados, pelo exsudato de lesões, onde o fungo está presente.

APRESENTAÇÃO DAS LESÕES

A esporotricose é uma micose de implantação, de evolução subaguda ou crônica. Clinicamente, podem-se apresentar manifestações relacionadas a diversos fatores, como o tamanho, a profundidade do inóculo, a tolerância térmica da cepa e o estado imunológico do paciente.

O sinal mais comum é o aparecimento de pequenos nódulos na pele ou no local da lesão inicial, sendo classificados como lesões cutâneas ou formas fixas. Outro sinal é quando os pequenos nódulos evoluem de tamanho e seguem o trajeto do sistema linfático, formando cordões ou “aspecto de rosário”, classificados como lesões linfocutâneas, localizadas especialmente em regiões de extremidades. Nas formas disseminadas, podem ocorrer sintomas específicos de acordo com o órgão comprometido.

As lesões costumam ser restritas à pele, sendo que as regiões anatômicas mais acometidas são as que ficam mais expostas a traumas como os membros superiores, face e membros inferiores.

 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico deve promover a correlação entre as situações epidemiológicas, as formas clínicas das lesões e o diagnóstico laboratorial.

 ·         Clínico Epidemiológico

Pacientes com nódulos ou úlceras que não cicatrizam, com ou sem comprometimento linfático, por demanda espontânea ou encaminhados por busca ativa de regiões em transmissão; relato de contato com gatos nos últimos 6 meses com lesões nodulares ou ulceradas; felinos com lesões sugestivas que foram a óbito; e manipulação de matéria orgânica (solo, planta, jardim e terra).

·         Laboratorial

O padrão ouro para o diagnóstico de esporotricose é a cultura, ou seja, a identificação do Sporothrix é feita a partir do material da lesão de pele (biópsia, aspirado de abscessos ou de escarro, líquido sinovial, sangue ou líquido cérebro-espinhal), de acordo com o quadro clínico e órgão afetado.

 TRATAMENTO

A cura espontânea é rara e habitualmente requer terapia sistêmica. O tratamento de escolha é realizado com itraconazol por via oral.

 PROGNÓSTICO

As taxas de sucesso relatadas com itraconazol são de 90% a 100% na esporotricose cutâneo-localizada e cutâneo-linfática. A resposta clínica geralmente ocorre dentro de 4 a 6 semanas do início da terapia.

 ABORDAGEM DO PACIENTE

A esporotricose é uma zoonose, porém a atuação dos felinos nessa epidemiologia é acidental: o fungo é encontrado em ambientes contaminados e a transmissão ocorre devido ao comportamento do felino, como afiar suas garras.

Tanto em animais como em humanos, o tratamento é eficaz e requer alguns cuidados a serem repassados ao paciente:

  • O animal deve ser acompanhado clinicamente por um médico-veterinário;
  • Deve-se colocar o animal em local seguro e evitar o convívio familiar até o término do tratamento;
  • Os brinquedos e objetos dos animais precisam ser higienizados;
  • Ao manipular o animal, devem-se usar luvas de látex descartáveis;
  • O animal deve ser tratado e não pode ser abandonado ou eutanasiado;
  • Em caso de óbito do animal, seu tutor deve solicitar ao médico-veterinário a incineração do corpo do animal para evitar a contaminação do solo.

Atualmente, a valorização atribuída ao animal pelos humanos é singular: a eles são atribuídas a melhoria das condições físicas e psicológicas das pessoas. (FARACO; SEMINOTTI, 2004)

 NOTIFICAÇÃO

A esporotricose humana e animal não é uma doença de notificação compulsória, exceto em alguns municípios. No entanto, o Município de São Paulo, desde 2011, orienta suas unidades de saúde a notificar todos os casos suspeitos de esporotricose humana por meio da Ficha de Notificação e Conclusão (anexa).

A notificação dos casos é importante para a vigilância epidemiológica, porque é por meio dessas informações que as equipes das Unidades de Vigilância em Saúde (UVIS) desencadeiam ações, como busca ativa de novos casos em humanos e animais para o controle da doença. 

ATENÇÃO:Lembrar que todos os casos de arranhadura ou mordedura por mamíferos devem ser avaliados e notificados para Acidentes com Animais Potencialmente Transmissores da Raiva. Nos casos em que o animal foi a óbito ou desapareceu, encaminhar o paciente para a referência mais próxima para o esquema pós-exposição

 

 2 – PROFISSIONAIS MÉDICOS-VETERINÁRIOS

 No exercício da função, é extremamente importante a profilaxia de PRÉ-EXPOSIÇÃO, e, anualmente, esta deve ser atualizada por meio do controle sorológico.

 A aplicação das boas práticas nos procedimentos de trabalho minimiza a exposição de todos os colaboradores aos riscos decorrentes de suas atividades. No caso da esporotricose em animais, algumas medidas, como o uso de luvas de látex ou de procedimento, avental, touca descartável, máscara facial e óculos de proteção, evitam que espirros contaminem as mucosas oral, nasal e ocular.

 A contenção adequada nos casos de animais suspeitos com esporotricose é importante na prevenção dos acidentes por mordeduras ou arranhaduras.

 Em casos de atendimento de animais suspeitos de esporotricose, o profissional deve notificar a vigilância do seu município para que sejam desencadeadas as ações de vigilância e controle da esporotricose. Para notificar a Vigilância Epidemiológica do Município de São Paulo, escreva para o e-mail: zoonoses@prefeitura.sp.com.br

 Nos casos de acidentes com animais suspeitos ou positivos para esporotricose, o médico-veterinário deve procurar atendimento médico e também orientar seus colaboradores expostos. O aparecimento da lesão pode variar de poucos dias a 3 meses, podendo chegar até 6 meses após a infecção.

Evitar a automedicação é de extrema importância: o médico vai avaliar a lesão e prescrever a terapia adequada.

Para informações relacionadas ao manejo clínico dos animais, o médico-veterinário pode acessar este site.

 


DOCUMENTOS TÉCNICOS


Nota Técnica para a Vigilância e Manejo Clínico da Esporotricose Humana no Município de São Paulo - 2020 -- atualizada em 03/07/2023

 

Unidades de Referência - atualizado em 03/07/2023

 

Fluxo de Atendimento para Casos Humanos

- Modelo de Solicitação de Atendimento Médico para Esporotricose Humana

 

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