Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 16 / 2º trimestre 1994

Mortalidade do idoso no município de São Paulo

O último censo demográfico do IBGE confirmou a tendência de envelhecimento da população no município de São Paulo. Se em 1980, 4% da população paulistana era constituída por pessoas com 65 anos ou mais de idade, em 1991 esta proporção aumentou para 5,6%, o que significou um aumento de mais de 200.000 idosos na cidade.

Esta população tem necessidades e problemas de saúde específicos e crescentes, sendo, muitas vezes, dependente de familiares e do Estado para conseguir uma boa qualidade de vida. As doenças, freqüentemente crônicas e múltiplas, trazem incapacidades e dificuldades adicionais.

No município de São Paulo, a concentração de óbitos em idosos é crescente. No ano de 1991, 38,3% dos óbitos ocorreu em maiores de 65 anos. No ano de 1994 esta proporção foi de 42,5% do total de 65.255 óbitos de residentes, ocorridos no município. Numa análise dos dados de 1994, observam-se diferenças entre sexos, uma vez que para os homens a proporção de óbitos nessa faixa etária foi de 34,2% do total, enquanto que para as mulheres foi de 54,9%. O indicador de swaroopuemura, que expressa a proporção de óbitos em pessoas com 50 anos ou mais em relação ao total de óbitos, foi de 61,5% em 1994, sendo de 54,3% para os homens e de 72,3% para as mulheres.

Esta concentração crescente de óbitos não significa que o risco de morrer esteja aumentando entre os idosos, uma vez que a proporção é influenciada tanto pela estrutura etária da população, quanto pelas mudanças na parcela das mortes em outras faixas etárias. O coeficiente, que é o número de mortes dividido pela população idosa, é que vai informar sobre o risco de morrer.

As três principais causas de morte no ano de 1994, em maiores de 65 anos, foram as doenças isquêmicas do coração, as doenças cerebrovasculares e as pneumonias. Apesar da coincidência entre sexos, os coeficientes apresentaram diferenças, sendo maiores no sexo masculino (respectivamente 10,2, 6,5 e 5,4/1000 idosos) do que no feminino (respectivamente 7,3, 5,4 e 4,3/1000 idosas). No sexo masculino, os coeficientes seguintes foram por doenças pulmonares obstrutivas crônicas (4,1), insuficiência cardíaca (2,8), câncer de pulmão (2,3), câncer de próstata (2,0) e diabetes (1,9). No sexo feminino foram insuficiência cardíaca (3,1), diabetes (2,1), doenças pulmonares obstrutivas crônicas (1,8), doença hipertensiva (1,5) e câncer de mama (1,0).

A análise da mortalidade dos idosos mostra, ainda, que nos meses de junho, julho e agosto de 1994 ocorreram 30% do total de óbitos de idosos no ano. No inverno, o risco mensal de morte foi elevado para diversas causas, destacando-se as doenças do aparelho respiratório que duplicaram em relação aos meses do verão anterior.

As desigualdades sociais nas condições de sobrevivência da população paulistana até idades avançadas difere em regiões do município com situações socioeconomicas diversas. Enquanto em Moema e Jardim Paulista mais de 2/3 do total de óbitos ocorreram na faixa etária de 65 anos ou mais (67,5 e 68,3% respectivamente), em regiões periféricas como Cidade Tiradentes, Grajaú e Jardim Angela, a proporção de óbitos nesta mesma faixa etária foi de apenas 21%, 21,1% e 18,2% respectivamente. A proporção de idosos na população destes distritos de acordo com o censo de 1991 variava de 1,4% na Cidade Tiradentes a 12,3% no Jardim Paulista.

O envelhecimento populacional no município de São Paulo traz o desafio de se alcançar uma vida digna e saudável para o idoso, o que vai depender de políticas sociais e econômicas públicas que garantam acesso a bens e serviços de qualidade para atender as necessidades específicas desta população. Por outro lado, é preciso garantir o direito à saúde e o direito à vida até idades avançadas para toda a população.