Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 22 / 4º trimestre 1995

Adolescentes: a violência em questão

Segundo estimativas populacionais da Fundação SEADE, no ano de 1995, havia cerca de 1,8 milhão adolescentes (10 a 19 anos) no município de São Paulo, representando 18,6% do total da população. Este grupo compõe uma parcela significativa dos habitantes da cidade, com características psicossociais e necessidades específicas que precisam ser consideradas pelos serviços públicos, instituições e empresas que atuam em áreas como cultura, lazer, educação, profissionalização e saúde.

Em relação a saúde, diversos estudos apontam para os baixos níveis de mortalidade do adolescente quando comparados com as demais faixas etárias. No entanto, a grande concentração de causas externas (violência e acidentes) se destaca no perfil da mortalidade deste grupo populacional.

Em 1995, as mortes neste grupo representaram 2,8% do total de mortes de residentes que ocorreram no município de São Paulo. Foram 1.854 óbitos na faixa etária de 10 a 19 anos, sendo 1.450(78,2%) no sexo masculino e 404 (21,8%) no sexo feminino.

Analisando o perfil de causas de morte na segunda década da vida, verifica-se que as causas externas responderam por 72% dos óbitos(1.331). Os homicídios ocuparam a primeira posição entre todas as causas. Foram assassinados 833 adolescentes em 1995 no município de São Paulo, representando 45% do total dos óbitos. Os acidentes de trânsito de veículo a motor vieram em segundo lugar com 246 óbitos (13,4%), seguidos pelas neoplasias (6,5%) e doenças do aparelho respiratório (5,6%). Outras causas de morte que merecem destaque são suicídios (38 óbitos), AIDS (24), acidentes de trabalho (11) e complicações da gravidez, parto e puerpério (11).

Os homicídios ocuparam a primeira posição entre as causas de morte no sexo masculino, perfazendo mais da metade dos óbitos(53,6%). No sexo feminino, os acidentes de trânsito foram a primeira causa (17,1%), ficando os homicídios na segunda posição(13,5%).

O número de agressões fatais entre adolescentes do sexo masculino foi crescente com a idade. Nas faixas de 10 a 13 anos, de 14 a 17 anos e de 18 a 19 anos, ocorreram, respectivamente, 20, 334 e 424 homicídios. Vale a pena ressaltar que mais de 50% dos adolescentes assassinados tinham entre 18 e 19 anos. Numa comparação entre os riscos de morte de adolescentes do sexo masculino, verificou-se que a faixa etária de 10 a 14 anos apresentou coeficiente de mortalidade por homicídio de 9,6 por 100.000 adolescentes e na faixa de 15 a 19 anos, o coeficiente foi 166,5. O coeficiente de mortalidade por homicídio entre adolescentes do sexo masculino nesta última faixa foi maior do que o coeficiente para o total da população masculina do município, que ficou em 95,4 por 100.000 homens.

O local da residência do adolescente revela outros diferenciais nos riscos de morrer assassinado. Em ordem decrescente, os distritos administrativos que apresentaram, em 1995, maiores coeficientes de mortalidade por homicídio (por 100.000 adolescentes), foram: Jardim Angela (108), Cachoeirinha (88), Capão Redondo, Grajau e Jaguaré (84), Jardim São Luís (70), Vila Curuçaa e Sacomã (66), Jardim Helena (62), Brasilândia (61) e Santo Amaro (60). No mesmo ano, não houve nenhum assassinato de adolescentes em distritos tais como Consolação, Liberdade, Santa Cecília e Vila Leopoldina.

A falta de políticas específicas, de atuação interdisciplinar e interinstitucional criam dificuldades para dar respostas adequadas a problemas como o abuso de drogas, desajustes familiares e na escola, gravidez não desejada, falta de trabalho e lazer. Estes problemas contribuem para o aumento da violência, violência esta que não é específica dos adolescentes (é também grave em outros grupos etários), mas adquire características peculiares neste grupo que está num período da vida de grandes transformações biológicas e psicossociais: a passagem para a vida adulta.

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