Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 27 / 1º trimestre 1997

Mortes no domicílio na cidade de São Paulo

O local de ocorrência da morte é um dado pouco analisado nos estudos epidemiológicos. O PRO-AIM apresenta, neste boletim, o perfil das mortes ocorridas no domicílio na cidade de São Paulo, visando contribuir para um melhor conhecimento desta situação.

Entre 1991 e 1996, o porcentual de óbitos ocorridos no domicílio apresentou uma discreta redução de 17% para 15% do total de mortes na cidade. Esta média, entretanto, variou com a idade. No ano de 1996, enquanto entre menores de 1 ano, 3,7% das mortes foram domiciliares, entre maiores de 65 anos esta proporção foi de 21,6%.

Do total de 9.731 óbitos domiciliares em 1996, 64,5% foram de pessoas com 65 anos ou mais e 33,1% entre 15 e 64 anos. Ocorreram, ainda, 158 óbitos (1.6%) em menores de 1 ano e 68 (1,1%) entre 1 e 14 anos. O sexo masculino respondeu por 53,3% dos óbitos domiciliares e o feminino por 46,6%. Considerando-se sexo e faixa etária, observou-se que predominaram óbitos de homens entre 15 e 64 anos e de mulheres entre pessoas de 65 anos ou mais.

As doenças do aparelho circulatório, destacando-se as doenças isquêmicas do coração e as cerebrovasculares, representaram 48% das causas de óbito no domicílio. Seguiram-se as neoplasias malígnas (16%), as doenças do aparelho respiratório (11,2%) e as causas externas (6%). As doenças crônico-degenerativas foram as principais causas de morte domiciliar de idosos. Entre adultos de 15 a 64 anos, o infarto do miocárdio ocupou a primeira posição, seguido pelos suicídios, homicídios e AIDS, destacando-se ainda o alcoolismo e a cirrose hepática. Entre as crianças, predominaram acidentes e agravos evitáveis como pneumonia e diarréia.

Numa análise utilizando áreas homogêneas construídas segundo a escolaridade do chefe da família observou-se 21,3% de mortes domiciliares nas áreas da cidade onde residia a população com maiores níveis de escolaridade (área 1) e 10,9% nas de piores (área 3). Na área 1 prevaleceram óbitos domiciliares de idosos (78% do total da área) e mulheres (52%), enquanto na área 3 prevaleceram óbitos domiciliares na faixa entre 15 e 64 anos (52%) e de homens (62%). Outra diferença importante foi que os menores de 1 ano representaram 0,5% dos óbitos domiciliares na área 1 e 3,6% na área 3. Também refletindo os contrastes entre estas áreas, observou-se que, apesar do predomínio das doenças crônico-degenerativas como causa da morte ocorrer em ambas as áreas, na área 3, os homicídios e o alcoolismo surgiram entre as principais causas, na quarta e na décima posição, e os suicídios cresceram em importância.

Calculado o coeficiente dos óbitos domiciliares com relação a população total dos distritos administrativos de São Paulo constatou-se que a Barra Funda foi o distrito com o maior risco de ocorrência de mortes domiciliares da cidade, seguido da Lapa, Pari, Consolação, Pinheiros, Belém, Brás, Vila Mariana, Mooca e Jardim Paulista. A morte domiciliar nestes distritos tem uma importante relação com a proporção de idosos residentes em cada área. No entanto, alguns outros aspectos devem ser considerados na análise destes dados, tais como a condição social de vida da população residente, a proporção de moradores solitários e a existência de asilos e casas de repouso, entre outras instituições de cuidados pessoais e que podem ter sido referidas na Declaração de Óbito como local de residência.

A morte domiciliar em São Paulo revelou alguns padrões distintos. Nas áreas centrais, onde predominaram mortes de idosos, haveria necessidade de maiores investigações para detectar se uma parcela destes tem dificuldade no acesso a assistência de rotina e urgência ou vive em situações de abandono. Na periferia, o predomínio de mortes de adultos em idade produtiva e a concentração de mortes evitáveis infantis confirmam uma situação de exclusão social e violência permanente. O acesso à assistência adequada aos idosos e aos doentes no cotidiano e nas emergências envolve a organização da assistência domiciliar, do resgate rápido e adequado e, fundamentalmente, de atenção integral de qualidade e gratuita.

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