Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 34 / 4º trimestre 1998

Diabetes Mellitus como causa básica da morte no município de São Paulo

O Diabetes Mellitus é considerado um grave problema de saúde pública na atualidade em todo o mundo, tanto pela tendência de crescimento da sua mobi-mortalidade nas últimas décadas, quanto pelas graves complicações que provoca. Diversos aspectos tem sido considerados para a explicação dessa tendência, tais como o envelhecimento populacional e o aumento na prevalência de obesidade e vida sedentária, entre outros fatores. Por outro lado, o diagnóstico precoce e as opções terapêuticas existentes atualmente têm possibilitado uma maior sobrevida aos portadores da doença.

No estudo da mortalidade por diabetes deve ser considerado o seu sub-registro, pois muitas vezes apenas as complicações são mencionadas na declaração de óbito ou a doença é referida na parte II da declaração, podendo não ser selecionada como causa básica da morte. Para aprofundar o estudo da mortalidade por diabetes e conhecer a sua importância, tanto como causa básica, quanto como causa contribuinte da morte, é necessário recorrer às tabulações segundo causas múltiplas.

Neste boletim é analisada a situação do diabetes como causa básica de morte no município de São Paulo em 1998. Nesse ano, o diabetes só foi ultrapassado pelas doenças isquêmicas do coração, doenças cerebrovasculares, homicídios, pneumonias e doenças pulmonares obstrutivas crônicas. A sua posição na ordenação das causas de morte variou segundo o sexo, sendo a décima causa isolada de morte entre os homens e a quarta entre as mulheres.

Os coeficientes de mortalidade por diabetes, padronizados por faixa etária, de 1991 a 1998, na cidade de São Paulo, foram de cerca de 20 óbitos por 100.000 habitantes, com leve tendência crescente em ambos os sexos. Em 1998 o risco de morte por diabetes foi maior no sexo feminino (23/100.000 mulheres) do que no masculino (18/100.000 homens). Contudo, foi somente na faixa etária de 70 anos e mais que as mulheres apresentaram maior coeficiente do que os homens. Os coeficientes foram crescentes com a idade, aumentando de 9/100.000 habitantes, na faixa etária de 40 a 49 anos, para 31 na idade de 50 a 59 anos, 97 na idade de 60 a 69anos e 295 no grupo de 70 anos e mais.

Em relação a distribuição total de óbitos por diabetes em 1998 (2.205), segundo a faixa etária, verificou-se que 52,4% das mortes ocorreu no grupo acima de 70 anos, 25,2% entre 60 e 69 anos, 12,7% entre 50 e 59 anos e 9,3 das mortes ocorreu antes dos 50 anos de idade.

Analisando a distribuição dos óbitos por diabetes segundo áreas homogêneas do município de São Paulo, por condições socioeconômicas, verificou-se que na área de melhores condições de vida, do total de óbitos por diabetes, 11,8% ocorreu antes dos 60 anos, enquanto que este percentual foi 30,8% na área de piores condições, o que demonstra a precocidade das mortes nas áreas mais carentes da cidade.

Este estudo mostra a importância da mortalidade por diabetes na cidade de São Paulo, em especial entre os idosos. Indica ainda que muitas mortes pela doença ocorreram em pessoas em idade produtiva, especialmente na população residente em áreas de piores condições sociais, onde as limitações do acesso aos serviços de saúde de boa qualidade, entre outros fatores, comprometem a sobrevida dos doentes. A melhoria da qualidade de vida das pessoas que sofrem desse agravo, dentro das limitações impostas pela doença, depende da organização das ações de saúde voltadas à prevenção das complicações e mortes precoces. Além disso, é necessário prevenir a ocorrência da doença, informando e atuando sobre os fatores de risco, e promover a saúde através de políticas públicas voltadas à melhoria das condições gerais de vida da população.

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