Pro-Aim

Boletim PRO-AIM nº 43 / 2003

Doenças do aparelho circulatório : mortalidade precoce e desigual

As informações epidemiológicas indicam a importância das doenças do aparelho circulatório ( DAC) que lideram o ranking das causas de morte no município de São Paulo desde a década de 60 do século passado. Dados de morbidade mostram que esse grupo de causas foi o segundo motivo de internações hospitalares nos serviços de saúde do SUS no município de São Paulo em 2001, representando 10,6% do total e sendo superadas apenas pelas internações relacionadas à gestação e ao parto. Isso, sem falar nas incapacidades produzidas como seqüelas das suas complicações e do impacto social e econômico que provocam.

Este boletim tem como objetivo apresentar e discutir o perfil da mortalidade precoce pelas DAC na cidade de São Paulo no ano de 2001 buscando contribuir para sua abordagem preventiva e assistencial. Do total de 64.838 óbitos de residentes e ocorridos em 2001, as DAC foram responsáveis por quase um terço dessas mortes ( 32,3% - 20.945) , proporção que se mantém relativamente estável desde 1991 quando o PRO-AIM iniciou este acompanhamento.

As doenças isquêmicas do coração e as doenças cerebrovasculares são os principais componentes da mortalidade pelas Doenças do Aparelho Circulatório (Gráfico 1 - arquivo xls com 18Kb), sendo responsáveis por 66,3% das mortes por DAC no município de São Paulo em 2001. Em relação a sua importância no perfil de todas as causas de morte em 2001, elas ocuparam a primeira e terceira posições, respondendo por mais de um quarto das mortes na cidade.

Tabela 1 - Mortalidade pelas principais doenças do aparelho circulatório segundo faixa etária e sexo, município de São Paulo - 2001

Em relação à distribuição dos óbitos por faixa etária verifica-se que 25% das mortes por DAC ocorreram antes dos 60 anos, portanto, precocemente. Como pode ser observado na Tabela 1, do total de mortes por DAC entre os homens, 30,6% ocorreu abaixo de 60 anos, enquanto entre as mulheres o percentual verificado foi 19,3%. Na distribuição segundo causa específica e sexo, as maiores proporções de mortes precoces foram por doenças cerebrovasculares no sexo feminino e as hipertensivas entre os homens. Analisando os coeficientes de mortalidade pelas DAC, verifica- se que os homens apresentaram riscos de morte superiores aos das mulheres em todas as categorias avaliadas, com destaque para as DIC.

O Mapa 1 (arquivo jpg com 1440Kb) compara a precocidade das mortes por DIC, DCV e DH em residentes nos Distritos de Saúde, mostrando que esta é maior nos locais que apresentam piores condições socioeconômicas, com concentração nas regiões Leste e Sul do município de São Paulo. Destacam-se Grajaú e Cidade Tiradentes, onde quase metade das mortes por DAC ocorreram precocemente.

As doenças do aparelho circulatório ocupam lugar de destaque no perfil de morbimortalidade no Município de São Paulo, com distribuição desigual pelas diferentes regiões da cidade, indicando a necessidade de incorporação do monitoramento destes agravos. A mortalidade precoce observada nas regiões mais carentes sugere que existem dificuldades no acesso aos serviços de saúde e na adesão ao tratamento de doenças que poderiam ser controladas evitando óbitos em idades jovens. A garantia de acesso a toda a população que necessita e a identificação de indivíduos com alto risco para o desenvolvimento dessas doenças são importantes medidas de controle.

No entanto, para a intervenção sobre esses agravos, é imprescindível a adoção de políticas de saúde globais visando a redução dos fatores de risco associados às DAC, com destaque para tabagismo, obesidade, sedentarismo e hipercolesterolemia. As ações para enfrentamento desse quadro devem se dar em nível de governo, comunidade e indivíduos.

Medidas de impacto coletivo para redução do tabagismo, estímulo à prática de atividade física e àprodução e consumo de alimentos mais saudáveis, representam importantes estratégias populacionais de controle dos fatores de riscos para as doenças do aparelho circulatório, que devem complementar iniciativas de redução das desigualdades sociais existentes na cidade.

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