Região Sudeste promove Seminário ‘Gestão da Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa na Cidade de São Paulo’

Evento reuniu gestores e interlocutores da saúde da pessoa idosa para debater o cuidado oferecido aos usuários, bem como estratégias que contribuam com o envelhecimento saudável

Por Camila Mayume

Para propor um aprofundamento e alinhamento conceitual sobre a Rede de Atenção à Saúde do Idoso junto aos gestores de serviço de saúde, bem como buscar alternativas para a organização regional dessa rede, com destaque para o planejamento e a gestão, no dia 5 de dezembro, a Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Sudeste promoveu o Seminário ‘Gestão da Rede de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (RASPI) na Cidade de São Paulo’.
 

A atividade foi realizada no Auditório do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e contou com a participação de representantes de diversas áreas da CRS Sudeste, das cinco Supervisões Técnicas de Saúde (Penha; Ipiranga; Aricanduva/Mooca; Vila Prudente/ Sapopemba; e Vila Mariana Jabaquara), gerentes das unidades básicas, conselheiros gestores de cada território e convidados.
 

A abertura do evento foi conduzida pela coordenadora regional de saúde adjunta da Sudeste, Sandra Regina Tavares, juntamente com os supervisores de saúde das STS, que destacaram as perspectivas para a melhoria da saúde do idoso.
“O evento é importante para refletirmos sobre a atenção à saúde do idoso atual e nos organizarmos para fazer melhor do que já fazemos e conseguimos até hoje”, refletiu Sandra Tavares.
 

Entre os participantes convidados, o médico geriatra da Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa, da Coordenação da Atenção Básica da Secretária Municipal da Saúde, Sérgio Márcio Pacheco Paschoal, ressaltou a importância da gestão da RASPI na cidade e avaliou como fundamental que todo o serviço de saúde deve estar integrado para melhorar a capacidade intrínseca e funcional do idoso. “Há pessoas que negam a velhice, se preocupam apenas com a aparência e se esquecem de que para assegurar uma velhice saudável e feliz é fundamental considerar três dimensões fundamentais – a física, a psíquica e a social”, analisou.
 

O geriatra acrescentou que, segundo pesquisa levantada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe idoso sem doença, mas no mundo pessoas com 70 anos ou mais sofrem com multimorbidades e várias condições crônicas e continuam capazes de fazer as coisas que julgam importantes. “Isso é essencial! Quando é combinada a capacidade física com a mental temos a capacidade intrínseca, e isso inclui a capacidade social”, destacou.
 

Cidade Amiga do Idoso
 

Ainda durante a primeira parte do seminário, os participantes acompanharam a apresentação da enfermeira da Área Técnica da Saúde da Pessoa Idosa de SMS, Rosa Maria Bruno Marcucci, sobre a meta e o programa “Cidade Amiga do Idoso”, lançado em 2008 pela OMS. O programa preconiza o envelhecimento ativo e saudável, a manutenção e a reabilitação da capacidade funcional, o apoio ao desenvolvimento de cuidados formais e informais, a atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa, o estímulo às ações intersetoriais, de modo a promover a integralidade da atenção.
 

Rosa Maria destacou ainda que os principais eixos do programa são transporte, moradia, espaços abertos em prédios públicos, apoio comunitário e serviços de saúde, comunicação e informação, participação cívica e emprego, educação, respeito e inclusão social e participação social. “Estamos pautados no ‘Programa São Paulo Amiga do Idoso’, formalizado em 2012 por meio de decreto estadual, que capacita o município a receber o selo Amigo do Idoso. Só no Estado há 638 municípios que aderiram à iniciativa e cerca de 240 conseguiram o selo inicial. A nossa meta é conquistar, até 2020, o Selo Premium”, ressaltou.
 

Envelhecimento saudável
 

Como exemplo de ações que têm contribuído com o cuidado da saúde da pessoa idosa nos serviços de saúde, o Seminário abriu espaço para a apresentação de dança sênior ministrada pela terapeuta ocupacional do Ambulatório Vila Prudente Sapopemba, Eliane Golfieri. “Esta outra forma de tratamento, muito presente nas unidades, traz muitos benefícios aos idosos, como aumento da flexibilidade, melhora da força muscular, da postura e do bem-estar físico e mental”, explicou.
 

Para finalizar a primeira etapa dos trabalhos, a interlocutora da Saúde da Pessoa Idosa da CRS Sudeste, Karina Mauro Dib, apresentou indicadores dessa população no território, como números de serviços, Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa (AMPI), entre outros. “A realização do seminário nos ajudará a refletir, produzir e criar nosso planejamento para o próximo ano, utilizando a AMPI e outras estratégias que garantam a assistência ao idoso”, enfatizou Karina.
Roda de conversa
 

Após as apresentações, a segunda parte do seminário promoveu debate em grupos de supervisões, que tiveram a missão de desenvolver alguma proposta, projeto, ação que ajudasse a fortalecer a saúde da pessoa idosa. Para isso, os participantes se guiaram por duas perguntas norteadoras – “qual diagnóstico situacional da população idosa de seu território, observado a partir da aplicação da AMPI-AB nas UBS?” e “considerando os fluxos estabelecidos pela RASPI, as necessidades apontadas pela AMPI-AB e os pontos de atenção à pessoa idosa existentes no território, como vocês organizariam a atenção à pessoa idosa na sua região?”.
 

Entre as propostas para melhorar o atendimento à pessoa idosa, o grupo da STS Vila Prudente/Sapopemba sinalizou a necessidade de adequação do tempo para escuta ativa do idoso, o que incluiu proposta de flexibilização/adequação do contrato de gestão, implantação de prioridade junto à Regulação para a garantia da satisfação. Já o território da STS Ipiranga sugeriu a criação de um cartão do idoso para anotação, acompanhamento do diagnóstico constitucional.
 

A ampliação da AMPI pelas unidades e a criação de interlocução da saúde do idoso em cada UBS foram as ideias apresentadas pela STS Aricanduva/Mooca, com destaque para serviços de apoio à família, serviço social, saúde mental, reabilitação, além de requalificação dos idosos por meio das ferramentas da RASP, fortalecimento dos Fóruns de Rede nas outras regiões, promovendo assim a adequação dos serviços já existentes e a facilitação dos fluxos para atendimento.
 

No caso da STS Penha o debate dos integrantes do grupo teve como foco: a fragilidade do idoso associada ao abandono/isolamento; situações de idoso cuidando de idoso, e as dificuldades relacionadas ao acesso e à acessibilidade aos serviços de saúde. Para concluir, a região da STS Vila Mariana/Jabaquara considerou importante melhorar a abordagem das pessoas idosas na unidade, bem como o trabalho com a AMPI, diminuindo a vulnerabilidade dos usuários em todas as instâncias de serviços públicos de saúde.