Por Marie Serafim

O projeto Melhor-Ando, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Regina, no Campo Limpo, participou neste ano do “III Simpósio Internacional de Atenção Primária à Saúde: Ideias Inovadoras” organizado bianualmente pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

O educador físico da UBS, Leonardo José da Silva, participou do simpósio como ouvinte, mas resolveu enviar o vídeo do Melhor-Ando – que traz o mapeamento do território como forma de facilitar a prática de atividade física –, à categoria “Relatos de Experiências”. Visto por cerca de quinhentas pessoas, a ideia abordada na produção audiovisual foi reconhecida como bem inovadora, pois o mapeamento do território da UBS com pedômetros (contador de passos) ajudou pacientes/usuários a alcançarem a meta de passos ou tempo (30 minutos de caminhada diária) necessária para manter uma qualidade de vida mais adequada.

“Ter um projeto (intervenção) em atividade física reconhecido como estratégia inovadora na Atenção Primária à Saúde é fantástico. Embora a ciência mostre que o exercício físico é uma das ferramentas mais poderosas para lidar com a alta prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão e até obesidade) precisamos incentivar a multiplicação de propostas como esta em nossa cidade, para aumentar o nível de atividade física dos pacientes atendidos pela ESF (Estratégia Saúde da Família)”, diz Silva.

No ano passado, o projeto Melhor-Ando também participou da primeira edição do Prêmio Desafio Mais Saúde, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), que buscou estimular e incentivar projetos/ diretrizes voltados para a Atenção Primária à Saúde (APS).

Início do Melhor-Ando

Este projeto, que existe há dez anos, e foi repaginado quando Silva passou a integrar a equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) da UBS Parque Regina como educador físico, foi considerado como Melhor-Ando há mais de seis anos.

Estruturado de acordo com as atuais especificações do Colégio Americano de Medicina do Esporte e da Associação Americana do Coração que recomendam a prática de atividade física, por 30 minutos diários, em intensidade moderada, por pelo menos cinco dias da semana, a iniciativa do mapeamento agregou ainda mais valor ao projeto.

“A ideia de utilizar os pedômetros para mapear surgiu na época em que estava redigindo minha dissertação de mestrado (veja resumo abaixo)*, que foi baseada em análises de mulheres cadastradas na ESF de São Caetano do sul, com o objetivo de saber o quanto a prática de atividade física na atenção primária era capaz de diminuir o consumo de medicamentos”, explica o educador.

O Melhor-Ando conta, ainda, com ações complementares de Lian Gong, Tai Chi, caminhada e alongamento, a cargo das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), Iracema Ferreira e Marialva Silva dos Santos.
O grupo pratica atividades físicas de segunda a sexta-feira, às 7h15, e é aberto para toda a comunidade, independente da faixa etária.

Da tese

(*) O objetivo do estudo foi avaliar, com pedômetros, a associação entre o nível de atividade física e o uso de medicamentos em mulheres de 60 anos de idade ou mais. Baseada no cadastro da Estratégia Saúde da Família (ESF), em São Caetano do Sul (SP), a pesquisa registrou os medicamentos de uso regular independente do tipo de doença ou de tratamento. Constatou-se, então, que a quantidade de exercícios físicos praticados pelas mulheres envolvidas em algum programa de atividade física estava diretamente ligada a um menor consumo de medicamentos.

Análise da dissertação

A dissertação de Silva (2012) analisou os níveis de atividade física em onze distritos (que representam aproximadamente 66% da população sul-caetanense) com modelo de atendimento de ESF e programas comunitários de exercícios físicos em São Caetano do Sul, SP.

Esses programas aconteciam duas vezes por semana com 60 minutos de atividades cada e tinham o propósito de desenvolver e aumentar o condicionamento aeróbico, a força muscular, o equilíbrio e a flexibilidade, além de fornecer orientações sobre como levar uma vida mais saudável.

Durante sete dias consecutivos, os participantes da tese de Silva receberam um pedômetro, instruções de como usar o aparelho, e um diário para registrar as datas e as horas em que o mesmo foi (ou não) usado e o total de passos dados a cada dia.

O resultado da análise revelou que: 88,6% dos praticantes ativos registraram entre 6 mil e 8.500 passos/dia; e 69,3% dos muito ativos contabilizaram mais de 8.500 passos/dia. Entre os dois grupos, os mais ativos apresentaram um consumo 47% menor de medicamentos. Ou seja, o exercício físico, nem que seja praticado por apenas 30 minutos diários, além de ser muito importante para a pessoa se manter saudável e ativa, também ajuda a diminuir a ingestão de remédios, os quais, em geral, podem causar efeitos colaterais.

Veja a dissertação completa de Leonardo José da Silva acessando o link:
https://goo.gl/7uCGwz

Serviço

UBS Parque Regina
Rua Melo Coutinho, 260 - Parque Regina – Campo Limpo, zona sul de São Paulo.