CAPS III Adulto da Capela do Socorro realiza fórum de saúde mental mensalmente

Objetivo é abrir espaço para um bate-papo com os usuários, os familiares, os profissionais e a comunidade

Por Marie Serafim

Uma vez em cada mês o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III Adulto da Capela do Socorro realiza um fórum de direitos e deveres em saúde mental que tem como objetivo fazer as pessoas falarem o que realmente pensam e sentem sobre assuntos que as afligem, além de incentivá-las a refletirem juntas e a trocarem experiências entre si.

Os encontros abertos a todos os interessados (usuários, familiares, comunidade) são realizados toda última sexta-feira de cada mês, às 16h, no próprio CAPS. A cada fórum realizado, um novo assunto – escolhido sempre pelos participantes no final de cada bate-papo anterior – é abordado.

Nesta sexta-feira (30), às 16h, o grupo vai debater o tema: “Do indivíduo à doença: ampliação da informação como estratégia de cuidado”.

Como gerenciar uma crise

No último dia 26 de maio aconteceu o VII Fórum de Direitos e Deveres em Saúde Mental com o tema: “Alvoroços internos: e quando estou em crise?”. A conversa foi aberta para todos da comunidade, usuários, familiares e profissionais da casa e de outras Unidades Básicas de Saúde da região.

A roda de conversa foi ministrada pelo psicólogo Fernando Mostaço da Mata. Segundo ele, há pacientes que dizem não conseguir dizer/ identificar como uma crise começa; já outros relatam que quando estão quase em crise os abraços e o carinho dos filhos ou uma conversa com uma pessoa amiga faz com que eles se acalmem e voltem à realidade. Essa fala foi recorrente nos depoimentos de muitos participantes no decorrer do encontro.

Há também quem se queixe de sofrer preconceitos e discriminação dos próprios parentes e amigos, o que gera muito descontentamento e tristeza e pode contribuir para futuras crises.

Por isso, muitos usuários gostam de frequentar o CAPS III Adulto da Capela do Socorro, porque encontram um espaço para dialogar e colocar seus pontos de vistas sem serem julgados ou discriminados, segundo depoimentos de alguns deles. “O fórum é um espaço pensando para abrir um diálogo entre o usuário, a família e os equipamentos da rede. Não se trata de uma rede só de serviços, mas também de pessoas”, pondera o psicólogo. Enfim, o fórum existe para que se possa falar mais abertamente a respeito dos problemas enfrentados pelas pessoas que sofrem de transtornos mentais, com o intuito de quebrar paradigmas e preconceitos.

Para o gerente do CAPS, Diego Napolitano Curceli, a pergunta do que fazer e como proceder quando alguém está em crise é muito recorrente, pois algumas pessoas ainda atrelam a questão da crise à internação em hospitais psiquiátricos ou manicômios. “Aqui”, diz ele, “vamos construir coletivamente outras ideias de como lidar com ela, saber de que tipo ela é, etc., porque há crises de muitas ordens. Pensar em uma crise específica para quem tem transtorno mental, uma crise psicótica, uma crise decorrente de episódio de mania, mas também pensar em outras crises que todas as pessoas vivem. Ampliar essa ideia de que só quem tem transtorno mental vive em crise quando, na verdade, a sociedade vive em crise, e de que forma vamos lidando com ela”, encerra ele.

Qualquer pessoa pode desenvolver algum tipo de transtorno

Um assunto abordado no fórum e, que precisa ser levado em consideração, são as pessoas que passaram a ter algum tipo de transtorno devido ao cotidiano frenético imposto por se viver em uma cidade como São Paulo.
O estresse e o cansaço acumulados somados a outros problemas como a depressão, por exemplo, podem deixar qualquer pessoa suscetível a desenvolver algum tipo de disfunção.

Por isso, é de suma importância quebrar preconceitos, estereótipos, conhecer e falar sobre esse assunto para que todos possam conviver melhor com isso e saber como lidar com um paciente, familiar ou amigo na hora em que ele estiver passando por uma crise.

A esse respeito vale mencionar a realização de uma Pesquisa Mundial Sobre Saúde Mental, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que integra e analisa pesquisas epidemiológicas sobre abuso de substâncias e distúrbios mentais e comportamentais, cujos dados relativos ao Brasil se restringem à Grande São Paulo.

De acordo com o resultado da pesquisa sobre a Região Metropolitana de São Paulo cerca de 30% dos seus habitantes apresentam transtornos mentais, sendo a mais alta registrada entre os 24 países pesquisados; a prevalência maior é de mulheres, de pessoas que vivem algum tipo de isolamento, ou que moram em regiões da cidade com altos índices de privação social.

O estudo, que foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e encerrado em 2009, tem entre seus autores Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Serviço

CAPS III Adulto Capela do Socorro

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