Após um ano, Jovem SUS diminui em 32% reclamações na Ouvidoria

Programa humaniza atendimento nas Unidades Básicas de Saúde e reinsere jovem na sociedade através da formação cidadã

 

Por Brenda Marques
Foto: Edson Hatakeyama

Desde que o Jovem SUS foi implementado, há um ano, as reclamações na Ouvidoria diminuíram em 32% e as unidades de saúde que receberam os jovens foram melhor avaliadas pelos usuários. Instituído com base em uma perspectiva de transformação social a partir da qualificação na área da saúde, o programa promove benefício duplo e mútuo ao formar jovens cidadãos com capacidade para acolher de modo mais humano os usuários das Unidades Básicas de Saúde (UBS).

De acordo com Rejane Calixto Gonçalves, coordenadora da Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde, a iniciativa alcançou resultados satisfatórios. “É um programa exitoso, pois cumpriu com os objetivos iniciais que eram modificar o processo de trabalho dentro da unidade de saúde para melhorar o acolhimento, promover a humanização e oferecer para o jovem conhecimento através da formação”, afirmou Rejane.

No total, 256 unidades distribuídas entre as seis regiões de saúde da cidade – Norte, Sul, Leste, Oeste, Sudeste e Centro – contam com o reforço da juventude. O Jovem SUS é executado através de uma parceria entre as secretarias municipais da Saúde, do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo e a Coordenadoria de Políticas para a Juventude.

Processo seletivo

Para participar do programa, os candidatos tiveram de preencher alguns requisitos: morar na Capital, ter idade entre 18 e 29 anos, ensino fundamental completo, estar desempregado há pelo menos quatro meses, sem seguro-desemprego e renda individual na família igual ou menor que R$ 394,00.

Ao todo, foram 9.700 inscritos disputando 800 vagas. Foi realizada uma avaliação na qual era necessário interpretar um texto e uma charge – o intuito era analisar a capacidade de expressar e dar coesão aos pensamentos. O teste foi classificatório, mas não excludente. À medida que as vagas são disponibilizadas, outros candidatos têm a oportunidade de se tornar um Jovem SUS – 5.000 candidatos já foram convocados, conforme a lista de chamada.

Formação une teoria e prática

Os jovens recebem bolsa-auxílio no valor de R$ 827,40 e cumprem 6 horas diárias de atividades teórico-práticas. Ao praticar, eles lidam diretamente com os usuários, de modo a oferecer-lhes acolhimento e orientação. “Se um idoso está na fila, o jovem procura acomodá-lo dentro da unidade”, explica Cássia Liberato, assistente técnica do Jovem SUS.

Mas antes de literalmente colocarem suas mãos nos pacientes, os jovens assistiram a aulas teóricas. Assim, adquiriram conhecimentos sobre os princípios do SUS e o modo como se organiza a rede municipal de saúde; ficaram cientes sobre o que era o Programa Jovem SUS e quais seus objetivos.

Depois, suas atividades passaram a efetivamente mesclar teoria e prática. Além de prestar assistência contínua e diária a todos os frequentadores das UBS, os jovens já participaram ativamente da produção de seminários, abordando temas diversos, como dengue e Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST). Atualmente, também estão participando de uma capacitação na Fundação Paulistana de Tecnologia e Cultura, além de realizar oficinas relacionadas à informática e ao conhecimento e mapeamento do território junto à secretaria de governo.

Preferencialmente, o jovens devem atuar na UBS da região onde moram, pois a familaridade com a realidade do local e da população facilita a prestação de uma assistência realmente acolhedora e esclarecedora em relação aos usuários.

Mudança de vida

A experiência como um todo promove inúmeras mudanças positivas. A juventude, ao ter acesso a uma formação cidadã, enxerga a importância e os benefícios trazidos pelo SUS, torna-se qualificada para o mercado de trabalho e capaz de transformar suas próprias vidas. A bolsa-auxílio também serve de subsídio e garante o retorno dos jovens aos estudos. “Tinha uma jovem da região Sul havia dez anos sem trabalhar, tinha parado de estudar e estava com depressão. Ela entrou no programa e hoje está fazendo curso técnico em saúde bucal”, disse Cássia.