Pesquisa aponta: 50% dos entrevistados da capital têm excesso de peso

Dados do ISA Capital-2015 dão conta de que zona Norte apresenta a maior taxa da cidade, com 53,9% da população obesa; região Centro-Oeste tem menor incidência, com 41,4%

Pesquisa tem o objetivo de mostrar a evolução em comparação às realizadas em 2003 e 2008 e comparar os dados das regiões de saúde

 

Por Keyla Santos
Foto: Edson Hatakeyama


Primeiros resultados da terceira edição da pesquisa Inquérito de Saúde de Base Populacional no município de São Paulo (ISA Capital - 2015) destacam os hábitos e comportamentos da população da cidade relacionados à saúde. Os dados preliminares apontam um número preocupante: cerca de 50% dos entrevistados de São Paulo está com excesso de peso. Apresentação ocorreu nessa quinta-feira (31), no auditório João Yunes na Faculdade de Saúde Pública da USP.


“Hoje, metade da nossa população está acima do peso. Essa é uma taxa que começa a crescer também nas crianças e adolescentes. Isso mostra cada vez mais que a saúde tem a ver com alimentação e com hábitos alimentares. É muito importante a gente mudar os hábitos alimentares já no período da escola. A merenda escolar precisa ter qualidade, precisa estimular a alimentação saudável. Há uma parceria muito forte com a Secretaria Municipal de Educação (SME) em relação à merenda escolar. A SME mudou o padrão da merenda na rede pública municipal. É muito importante que esse padrão chegue às escolas particulares”, disse o secretário municipal da Saúde Alexandre Padilha.


Confira os dados da pesquisa


Em 2003, quanto ao Índice de Massa Corpórea (IMC), 38% dos entrevistados foram classificados com excesso de peso. Em 2015, foi constatado um significativo aumento para 49,7%. A zona Norte apresenta a maior taxa da cidade, com 53,9% da população obesa e a Centro-Oeste com a menor incidência, com 41,4%.


De acordo com a coordenadora da Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEInfo), Margarida Maria Tenório de Azevedo Lira, houve uma elevação nos números de pessoas com excesso de peso que atinge, principalmente, crianças e adolescentes entre 12 e 19 anos. “Essa é uma questão de saúde pública e que está associada aos hábitos alimentares, principalmente em crianças que desde cedo tem uma alimentação inadequada”, disse Margarida.


Ampliação das ações de combate às comorbidades


A pesquisa tem como objetivo abordar questões que não constam no Sistema Único de Saúde (SUS), como estilo de vida, perfil de morbidade, gastos com saúde, acesso e uso dos serviços, aspectos sobre as condições socioeconômicas do entrevistado, características da família e domicílio, morbidade nos últimos quinze dias, utilização de serviços de saúde, utilização de medicamentos, saúde mental, doenças crônicas com ênfase em hipertensão e diabetes, deficiências físicas, práticas preventivas: câncer de mama, de colo de útero, de próstata e de colón.


Segundo Margarida, a pesquisa tem o objetivo de mostrar a evolução em comparação às realizadas em 2003 e 2008 e comparar os dados das regiões de saúde. “Essas informações foram repassadas para os coordenadores regionais de saúde e dentro de cada região já estão sendo discutidas medidas, principalmente na questão da obesidade e da ampliação de cobertura de exames preventivos e dos programas de controle de hipertensão de diabetes, que já têm ações nesse sentido, mas que serão ampliadas”, afirmou Margarida.


Entre os números divulgados é possível destacar a adesão, nos últimos três anos, das mulheres entre 25 a 64 anos que declararam ter feito exame de Papanicolau, que ficou na casa dos 84,8%, sendo que a cobertura mínima preconizada pelo Ministério da Saúde (MS) neste grupo é de 80%.


“A pesquisa tem dados positivos, por exemplo, referente ao acesso das mulheres ao Papanicolau e à mamografia. A cidade de São Paulo conseguiu atingir o que é a meta de atendimento universal ao exame de colo de útero e à mamografia entre as mulheres. Isso é muito positivo”, disse Padilha.


Tabagismo


Outro destaque ficou para a questão do tabagismo. Os resultados do estudo apontam uma queda de prevalência de fumantes na faixa etária acima de 12 anos que passou de 18,9% em 2003, para 16,2% em 2015.


“A prevalência da redução do tabagismo na cidade de São Paulo continua. Essa é a importância das leis de restrição ao uso de cigarros em ambientes fechados, de todas as leis que restringiram a publicidade em relação ao cigarro”, comentou o secretário da Saúde.


A pesquisa apontou também queda nas queixas de transtorno mental comum se comparado a 2003, ano no qual 21,1% dos entrevistados com mais de 15 anos, foram classificados nessa categoria. Já em 2015, a taxa ficou em 15,8%. Em 2014 foram distribuídos, pelas farmácias públicas municipais, cerca de 150 milhões de comprimidos de antidepressivos, ansiolíticos e/ou antipsicóticos.


“Outro dado surpreendente e muito positivo é a redução de queixas em relação à transtorno mental. Isso também é bastante positivo, porque a cidade de São Paulo, nos últimos anos, vinha sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como a região com maior prevalência de problemas de saúde mental”, afirmou Padilha.

 

ISA Capital – 2015


Assim como os demais, o ISA-Capital 2015 foi financiado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e realizado por equipe de pesquisadores da USP, UNICAMP e UNESP, além da FAPESP, CNPq e CAPES. Conta ainda com a participação do Instituto de Saúde da SES-SP.