‘Nosso objetivo é prevenir a doença e manter o paciente saudável’

Médico fala ao Portal da SMS sobre a atuação da Estratégia Saúde da Família na região da UBS Jd. Magdalena

 'Atendemos pediatria, puericultura, gestantes que estão na fase do pré-natal, geriatria, entre outros', disse o médico

 

Por Felipe Nascimento, do CEJAM


Rafael Soares é médico generalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) desde 2014. Agora, cursa pós-graduação em Estratégia e Saúde da Família pela UNIFESP. Na entrevista que se segue, ele fala sobre a atuação da Estratégia Saúde da Família no território da UBS Jardim Magdalena, na zona Sul de São Paulo, à qual teve acesso por meio do PROVAB, Programa de Valorização da Atenção Básica.

Pergunta - Qual o papel da Estratégia Saúde da Família?

Resposta - O objetivo da ESF é prevenir a doença e manter o paciente saudável, colhendo exames a fim de evitar casos de hipertensão e diabetes mal controladas, epidemias, além de mamografia para prevenção de câncer de mama, câncer próstata, etc. A ESF é um serviço de alta complexidade, pois não atende apenas clínica médica. Aqui, por exemplo, atendemos pediatria, puericultura, gestantes que estão na fase do pré-natal, geriatria, entre outros.

P - Quais são as principais atribuições de cada profissional na ESF?

R - O grupo é composto por seis agentes comunitários de saúde (ACS), que são a porta de entrada dos usuários. Eles visitam o território, verificam o ambiente familiar e dão orientações importantes sobre medicamentos, exames, prevenção e consultas. O enfermeiro é o chefe do grupo e exerce um papel fundamental, não apenas no atendimento e na triagem mas também na organização da equipe. O médico e os auxiliares de enfermagem compõem o restante do grupo, realizando as visitas domiciliares com os outros profissionais.

P - Em qual momento o senhor realiza essas visitas?

R - Sempre às sextas-feiras pela manhã, acompanhado por um auxiliar. Algumas pessoas não podem se deslocar até a unidade, como idosos, pessoas acamadas ou com alguma amputação, etc, e nessa visita realizamos uma consulta na residência do usuário, onde colhemos exame sanguíneo, urinário e de fezes, por exemplo.

P - Se necessário, pode haver a presença de um especialista?

R - Sim. Nós trabalhamos em parceria com o NASF, um grupo multiprofissional formado por um psicólogo, uma fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, nutricionista, fisioterapeuta e uma psiquiatra. Certa vez, tive que contatar esses profissionais para irem a uma residência passar um exercício fisioterápico e fazer acompanhamento psicológico para uma jovem que havia se acidentado e estava entrando em um quadro de depressão e ansiedade.

P - Em média, quantos atendimentos a equipe realiza e quais são as maiores queixas dos usuários?

R - Realizamos cerca de 420 atendimentos por mês. Entre as maiores queixas estão má adesão a doenças crônicas, artralgia, ciatalgia, problemas comuns relacionados à gestação, amamentação, entre outros.

P - Qual tem sido o retorno da população em relação ao serviço?

R - Por um tempo muita gente via o médico da ESF como um burocrata que simplesmente solicitava exames e realizava encaminhamento. Diversas vezes pacientes diziam “doutor, preciso de um encaminhamento para ir ao ginecologista, preciso fazer um check-up”. Com o tempo, fomos trabalhando a fim de que essa paciente entendesse que ela não precisava de um ginecologista, mas de um médico, que estava bem ali na sua frente. Assim, ao invés de sair angustiado, o paciente passa a se sentir acolhido e entende que o médico da unidade o acompanha como um todo. Ele diz: “Ele olhou para mim, não passou apenas um remédio”.

P - Podemos dizer que a ESF tem gerado bons resultados?

R - Acho que é um ganho bilateral médico-paciente. Para o paciente, por ele criar esse vínculo ter confiança no profissional. Quando se cria vínculo, a gente consegue sanar os problemas de forma mais fácil. Quando você realiza um tratamento onde você entende, confia e acredita os resultados são muito melhores.