Zika zero: mobilização contra Aedes aegypti tem apoio ampliado do Exército e ação educativa em cinco CEUS

Dia D de combate ao mosquito que transmite dengue, chikungunya e Zika Vírus foi marcado por apresentação de 5 mil soldados que, juntamente com agentes de saúde, atuarão no combate ao Aedes aegypti

Por Beatriz Prado

Fotos Edson Hatakeyama 

A abertura do dia D de combate ao Aedes aegypti, neste sábado (13), começou cedo na Capital. A mobilização teve início no Comando Militar Sudeste, em ato que contou com a participação do prefeito Fernando Haddad, do secretário municipal da Saúde Alexandre Padilha, dos ministros da Defesa Aldo Rebelo e de Transportes Antônio Carlos Rodrigues, do secretário especial de Direitos Humanos Rogério Sottili e do general Mauro César Lourena, para a apresentação de 5 mil soldados que atuarão no combate ao mosquito.

As operações de intensificação no combate ao Aedes aegypti terão reforço de 50 mil soldados das Forças Armadas em todo o Brasil. Destes, 20 mil atuarão no estado de São Paulo e cinco mil na Capital. As tropas foram treinadas para a aplicação de larvicida biológico, visita de conscientização e a entrada em locais abandonados ou fechados, para a eliminação de criadouros.

“Diante da ameaça da dengue, Zika e chikungunya, as Forças Armadas não podem ficar indiferentes. Cumpriremos uma ação subsidiária de defesa e de apoio às campanhas de saúde pública. A mobilização de hoje (13) não inaugura o trabalhos dos soldados da Marinha, do Exército e da Aeronáutica no município de São Paulo. Já existe uma ação coordenada pela Prefeitura, e mais de 40 mil domicílios foram visitados. 70% a 80% dos mosquitos se multiplicam dentro das residências, então o Governo pode fazer um esforço gigante para remover criadouros dos espaços públicos, das praças, das ruas, escolas e quartéis, mas dentro das residências é necessário contar com a participação das famílias”, declarou Rebelo.

O segundo balanço do ano sobre a situação da transmissão da dengue no município, contabilizado até a 3ª semana epidemiológica, aponta a notificação de 4.065 casos em 2016, sendo 528 autóctones confirmados, 1.062 descartados e os demais ainda em investigação. Para o mesmo período em 2015, o município notificou 1.346 casos, sendo 376 casos autóctones confirmados. Sobre a febre chikungunya foram dois casos contraídos no município confirmados este ano e 62 importados em todo o ano 2015. Não há registro de casos autóctones de Zika vírus na cidade.

Menos taxa de letalidade

“O município de São Paulo tem feito um esforço enorme na mobilização e combate ao mosquito da dengue. Em 2015 houve um crescimento vertiginoso no Brasil, no estado de São Paulo e no município, e fomos capazes de oferecer uma estrutura de atendimento com a menor taxa de letalidade do país, de 0,02%. Para combater as doenças é importante eliminar os criadouros que se encontram, em 80% dos casos, dentro das residências. Por maior que seja o esforço do poder público, só lograremos êxito se tivermos uma mobilização da sociedade em geral e o Exército pode dar um exemplo importante de como devemos proceder”, afirmou Haddad.

Para o general Lourena, eliminar criadouros e conscientizar a população de que é importante combater o mosquito também é uma missão importante para os soldados. “No passado, nós já nos despedimos de tropas que foram estabelecer a paz em terras estrangeiras; também nos despedimos de soldados que foram reestabelecer a ordem e pacificar áreas no Brasil, com o mais puro sentimento de compromisso com a Pátria. Hoje, partimos para uma operação diferente, mas não menos importante, da mesma forma motivados e com a certeza de estar colaborando em uma luta de todos os brasileiros. Uma guerra de vários frontes e diferentes soldados”, disse o militar. Nesta segunda-feira (15), 50 mil oficiais das Forças Armadas e 320 mil profissionais de diferentes áreas voltam à ação, em todo o Brasil, na luta pela eliminação de criadouros.  

Enfrentando o inimigo

De pequeno porte (1 cm) e aparência frágil, o mosquito Aedes aegypti encontra no Brasil o cenário perfeito para reprodução: calor e umidade. A cada três dias, cada mosquito pode colocar até 40 ovos de uma só vez em locais com água parada. Após cinco dias, o ciclo de reprodução já está completo e vetor apto para transmitir os vírus da dengue, chikungunya e Zika vírus, podendo picar até 200 pessoas durante 30 dias de vida.

Para combater o Aedes aegypti e conscientizar a população sobre a importância de eliminar os criadouros, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) conta com o apoio de 20 mil agentes de limpeza urbana da Secretaria de Serviços, dois mil agentes de zoonoses e oito mil agentes comunitários de saúde.

“A preocupação é evitar que aconteça o que ocorreu no estado de São Paulo no ano passado, em que Interior e Litoral registraram mais de 700 mil casos de dengue. "Nas três primeiras semanas epidemiológicas na Capital, nós tivemos 40% de casos a mais em comparação ao mesmo período no ano passado. Ainda é um momento que antecede a epidemia. Ou seja, ainda podemos virar esse jogo, e por isso iniciamos uma parceria com a Secretaria de Educação, pois confiamos que orientando as crianças, elas passem a orientar os pais”, explicou Padilha.

No Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Mosquito Aedes aegypti as equipes de prevenção do município visitaram os Centros Educacionais Unificados (CEU), nas regiões Leste, Norte, Oeste e Sul, com a distribuição de panfletos e informativos sobre os cuidados que devem ser tomados. Gabriel, de 10 anos, visitou o CEU Jambeiro, viu as larvas do mosquito expostas em tubos de análises e aprendeu a lição de casa. “Ninguém nunca teve dengue na minha casa, mas minha tia que mora em outro bairro já teve, e depois minha mãe começou a tirar a água do pratinho da planta. Agora vou explicar que ela também precisa trocar a água do vaso pelo menos uma vez por semana”, disse. 

 

Combate 2.0

No Dia D, a Prefeitura também testou a utilização de um drone, que fará monitoramento em pontos estratégicos e verificação externa em domicílios fechados, localizados em áreas de risco. O equipamento captará imagens de alta resolução durante quatro horas por dia e indicará imóveis que deverão ser atendidos com ações de fumacê, na aplicação de larvicida biológico. A outra ferramenta 2.0 que auxiliará a SMS no combate ao mosquito será o aplicativo “Sem Dengue”. Ele  permite ao cidadão o envio de fotos de pontos suspeitos, para mapeamento e verificação in loco dos agentes de zoonoses.