Saúde divulga novo balanço da dengue na cidade

Dados provisórios apontam que o município registrou, até a 3ª semana epidemiológica, 4.065 notificações da doença. Foram confirmados ainda dois casos autóctones da febre Chikungunya

No segundo balanço realizado neste ano pela Secretaria Municipal da Saúde sobre a situação da dengue na Capital, os dados provisórios apontam que o município registrou, até a 3ª semana epidemiológica (de 03 a 20 de janeiro), 4.065 notificações da doença. Destas, 528 casos autóctones já foram confirmados, 1.062 descartados e os demais estão em investigação. No mesmo período epidemiológico do ano passado, foram 1.346 notificações e 376 casos confirmados autóctones.

Foram registrados dois casos autóctones da febre chikungunya na cidade neste ano e 10 importados. Os autóctones são moradores do Sacomã: uma mulher de 84 anos e um homem de 71 anos, ambos com sorologia positiva para a doença e negativa para dengue. A secretaria já realizou bloqueio para eliminação de criadouros em 515 imóveis no entorno das residências entre os dias 20 e 21 de janeiro. Nesta quinta (4) e sexta (5), foram feitos bloqueios por nebulização e busca ativa por novos casos. No ano passado, o município registrou apenas casos importados: 62 durante todo o ano de 2015.

Número de casos por distrito

Número de casos por semana epidemeológica


No caso do Zika Vírus, não há registro de casos autóctones –morador não contraiu doença na cidade– neste ano, mas sete crianças nasceram entre janeiro de 2015 e janeiro deste ano com microcefalia que pode ter relação com Zika. Os indícios são: mãe com histórico de passagem por regiões com casos suspeitos de Zika, em especial no Nordeste, febre e manchas vermelhas pelo corpo durante a gestação. As crianças estão sendo monitoradas, e os casos, investigados. A cidade manteve no ano passado a média anual de 18 nascimentos com microcefalia.

Diante desses dados ainda preliminares, a administração estima que, nesse ritmo, a cidade pode enfrentar novamente uma situação crítica em 2016, com até 150 mil casos de dengue. Para reverter este cenário, a participação e engajamento de toda população é uma prioridade.

Combate à dengue é intensificado no Carnaval

No ano passado, o Estado de São Paulo registrou 649.562 casos. Na capital, em 2015, foram registrados 100.440 casos confirmados de moradores residentes no município (99,5% ocorreram no primeiro semestre), com 25 óbitos ao longo do ano.

Neste ano, todos os casos confirmados de dengue em pessoas moradoras da Capital serão considerados autóctones no seu distrito administrativo de residência, uma vez que não é possível identificar o local provável de infecção. Por exemplo: um trabalhador que more em Capela do Socorro e trabalhe no Brás, se confirmado com dengue, será registrado como caso de Capela do Socorro, e as ações de bloqueio serão desencadeadas no local de residência.

Por isso, a Prefeitura reforçou o trabalho de prevenção em toda cidade. Segundo o secretário Alexandre Padilha (Saúde), a luta contra o Aedes aegypti em São Paulo passa a contar com uma equipe de mais de 30 mil pessoas. “A campanha conta com 20 mil trabalhadores de limpeza urbana, 2.000 agentes de vigilância em saúde, 8.000 agentes comunitários de saúde e 100 soldados do Exército Brasileiro para orientar e ajudar as pessoas a eliminar os criadouros do mosquito, que, em 85% das vezes, estão na casa das pessoas”, afirmou Padilha.

Com ações de visitas porta a porta, grupos de orientação e ações de combate nos locais de grande concentração de pessoas, o trabalho conta ainda com as subprefeituras neste trabalho preventivo. Os paulistanos devem se atentar à necessidade de ação individual preventiva para eliminar criadouros de mosquito Aedes aegypti.

Neste ano, a Prefeitura adotou de forma inédita a aplicação de um produto chamado BTi via fumacê para eliminar as larvas nos locais potencialmente infectados. Usará ainda um drone para mapear possíveis focos e iniciou a aplicação de 50 mil kits de teste rápido na rede de saúde municipal. “Os kits estão sendo utilizados antes do pico de notificações de casos, justamente para que possamos identificar possíveis áreas de risco e direcionar melhor as ações”, explicou Padilha.

É importante esclarecer que a dengue está mais associada ao calor e à água limpa do que simplesmente à chuva, porque qualquer pequena porção de água, desde uma tampinha de garrafa a um prato de vaso, pode ser um criadouro. “A dengue tem esta tendência de repiques a cada dois ou três anos. O município registrou 5.866 casos em 2010. Nos anos seguintes, houve uma redução e, em 2014 e 2015, o Estado de São Paulo registrou um aumento da dengue, também pela própria natureza da evolução do mosquito e do próprio vírus”, explica a médica e coordenadora da Covisa, Wilma Morimoto.

A população precisa estar atenta aos cuidados com o mosquito Aedes aegypti, que transmite não apenas a dengue como também a febre chikungunya e o Zika Vírus. Os sintomas são parecidos: febre alta, dor de cabeça, dor no corpo e mal-estar. Porém, no caso da febre chikungunya, as dores nas articulações podem durar mais de seis meses. Já o Zika Vírus está associado aos casos de microcefalia nas gestantes com maior risco de má formação até o 3º mês de gravidez.

Estratégias de combate e prevenção - A Secretaria Municipal de Saúde adotou diversas estratégias para o combate às doenças. Desde 2014 uma portaria municipal determina que os serviços públicos e privados de saúde devem realizar, em até 24 horas, a notificação compulsória dos casos suspeitos. A Secretaria criou ainda comitês locais de prevenção nas subprefeituras, para fortalecer o contato com a comunidade e o trabalho integrado nas ações de campo.

O prefeito Fernando Haddad regulamentou em dezembro a Lei 16.273/15, que autoriza o município a executar medidas preventivas nas situações de perigo à saúde pública em locais onde haja a presença ou evidência da existência de proliferação do mosquito transmissor de dengue, chikungunya e zika. A medida tem o objetivo de intensificar as ações de combate ao Aedes aegypti no município, eliminando a existência de possíveis focos de proliferação.

Entre as medidas que podem ser determinadas para o controle dos vírus transmissores, estão a realização de visitas domiciliares para eliminação do mosquito e de larvas em todos os imóveis de área com risco de proliferação, realização de campanhas educativas e de orientação à população, contempladas no Plano Municipal de Vigilância e Controle da Dengue, e o ingresso forçado em imóveis particulares nos casos de recusa ou ausência de alguém que possa abrir a porta para o agente sanitário, quando a situação se mostrar fundamental para a contenção da doença.

Outro decreto também estabelece a criação de grupos internos de controle da dengue, chikungunya e Zika nos órgãos e entidades da administração municipal direta e indireta. Formado por três servidores de cada repartição, os grupos deverão fazer vistorias regulares em áreas externas e internas dos edifícios para verificar recipientes que possam servir de criadouros para o Aedes aegypti, além de adotar medidas para impedir a procriação do mosquito.

Com base na atuação dos grupos, os diretores das unidades e equipamentos públicos deverão ainda providenciar a limpeza das áreas externas, com corte de mato, poda e jardinagem, além da remoção de entulho e materiais que possam abrigar focos ou criadouros de insetos. Os prédios terão de receber ainda verificação constante das caixas d'água em relação à limpeza e vedação, assim como as calhas, telhados, lajes, ralos e vasos sanitários.

Como prevenir:
- Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia;

- Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo, e as recicláveis guardadas fora da chuva;

- Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo;

- Caixas d’água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras, sem rachaduras, ou cobertas com tela tipo mosquiteiro;

- Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas;

- Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos;

- Lonas, aquários, bacias e brinquedos devem ficar longe da chuva;

- Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou à “Operação Cata-Bagulho”;

- Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge: ponha água só na terra