Secretaria debate política de saúde para imigrantes e refugiados

Oficina de trabalho com experiências exitosas e desafios foi realizada no começo da semana

Por Camila Brunelli


A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realizou, em consonância com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos (SMDHC), a Secretaria de Políticas para Mulheres (SMPM) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), uma oficina de trabalho para discussão de uma nova política de saúde para imigrantes e refugiados. Dados da Coordenação de Epidemiologia e Informação (Ceinfo) estimam que das 451 UBS do município de São Paulo, 35 unidades de diversas regiões da cidade atendem a esse público com mais frequência – isso, sem contar as unidades que acolhem e atendem a esse público esporadicamente.

Por isso, na última segunda-feira, profissionais da saúde, migrantes, refugiados, e representantes de entidades que atuam com imigrantes se reuniram em encontro que foi denominado “Oficina de trabalho: Saúde dos imigrantes e refugiados”, para discutir experiências exitosas, desafios, potenciais e padronizar o protocolo de atendimento dessas pessoas.

Alemães, argentinos, iugoslavos, japoneses, paquistaneses, haitianos, paraguaios, iraquianos, sírios, congoleses, romenos, gregos, himalaios, peruanos: são 53 nacionalidades que estão em São Paulo e procuram os serviços de saúde, muitas vezes sem nem documentos. Dados do Censo de 2010 do IBGE dão conta que dos 11.253.445 de habitantes da cidade, 1,3% é de imigrante, ou seja mais de 15 mil pessoas.

De cada uma das coordenadorias de saúde do município foi convidada uma unidade que mais lida com imigrantes e refugiados, para expor como acolhem essas pessoas e as principais dificuldades, como o idioma.

Em relação a isso, a SMS, com a ajuda da OPAS, está elaborando questionários e cartilhas a serem distribuídos nas unidades de saúde traduzidos para diversos idiomas para facilitar o acolhimento e o atendimento de quem não entende e não fala o português. A intenção é padronizar esse atendimento, possibilitar a comunicação dos imigrantes em outros idiomas, criar vínculos deles com as unidades para casos de tratamentos contínuos – como gestantes, por exemplo -, e entender a realidade dessas pessoas em São Paulo.

Os bolivianos, por exemplo, trabalham e vivem em oficinas de costura e têm como principais reclamações de saúde a tuberculose (por conta dos ambientes fechados) e a lesão por esforço repetitivo (LER). As unidades que atendem na região com equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) já conseguem atender aos bolivianos da região porque diante da demanda, conseguiram com o Consulado Boliviano no Brasil um professor de espanhol para ajudar os trabalhadores a atenderem melhor esse público.

Entidades que atuam com imigrantes e têm imigrantes em sua composição foram convidadas à mesa e deram depoimentos emocionantes sobre as dificuldades que enfrentaram e ainda enfrentam nos serviços de saúde. Na parte da tarde, foram formados grupos para discussões e propostas para operacionalização dessa política pública. Para isso, foram criadas comissões para trabalhar o acesso, a humanização, a comunicação e a formação dos trabalhadores. Nas próximas semanas, reuniões deverão iniciar a operacionalização dessa política. Essa iniciativa faz parte da ação Saúde em Movimento, que preconiza Mais Respeito à Diversidade.