Secretaria anuncia novas ações contra aids

Entre elas destaca-se a instalação de dispensadores de preservativos em 28 terminais de ônibus

 Por José Antonio Leite

O secretário Alexandre Padilha anunciou, nesta quinta-feira(26), as novas ações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) contra a Aids no Município de São Paulo. Entre elas destacou, como forma de prevenção da doença, a instalação de displays para retirada de preservativos em todos os 28 terminais municipais de ônibus. No dia 1º de dezembro - quando é comemorado o Dia Mundial de Luta contra a Aids - a SMS preparou uma série de atividades relacionadas ao tema. No dia 29 de novembro (domingo), começa a programação com o 2° Passeio Ciclístico pela Saúde e Contra a Aids. Padilha esteve acompanhado durante o anúncio das novas ações pela coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids, Eliana Gutierrez.


A taxa de detecção (TD) de aids vem caindo desde 1998, ano de seu maior índice, passando de 49,3 casos por 100.000 habitantes para 19,8 casos/ 100.000 habitantes em 2014. A queda da TD de Aids, no entanto, não é homogênea: entre homens, principalmente jovens entre 15 a 24 anos. A proporção de homens que fazem sexo com homens (HSH) notificados com Aids vem aumentando desde 2008.


Desde 1996 também foi registrada no município uma queda na mortalidade da doença por conta do acesso gratuito ao tratamento de antirretroviral . Em 1995, o coeficiente de mortalidade (CM) foi de 31/ 100.000. Em 2013, o CM foi 6,7/100.000.


Camisinhas nos terminais


Segundo Padilha, na terça-feira (1º), todos os 28 terminais municipais de ônibus vão ter displays para retirada de preservativos. Atualmente, com os 1.513 pontos de dispensação de camisinhas, sendo 32 com dispensadores de larga escala espalhados por unidades especializadas e pontos estratégicos, a cidade de São Paulo distribui 45 milhão de camisinhas/ano. A intenção é que a quantidade passe para 120 milhões com o acréscimo desses novos pontos.


“Faremos a maior ampliação que uma cidade já fez com a oferta gratuita de camisinhas. A prefeitura quer que as pessoas não tenham motivos para não pegar os preservativos. Já fizemos testes em dois terminais. Num deles foram retirados 50 mil camisinhas em um dia apenas”, afirmou o secretário.


A SMS possui atualmente 1.513 postos de dispensação de preservativos, e 32 desses pontos contam com os dispensadores em larga escala. A vantagem dos dispensadores, segundo Eliana, é o fato de serem instalados do lado de fora das Unidades Básicas de Saúde. “Não há limitação para o número de preservativos que as pessoas pegam, e eles são de fácil abastecimento. Em 16 minutos se colocam 16 mil preservativos”, disse a coordenadora.


Dados da PCAP [Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População do Município de São Paulo (PCAP-MSP)], realizada entre 2013 e 2014, mostraram que, embora 90% admitam saber dos benefícios preventivos da camisinha, 47% da população disse que não teve acesso a eles no ano anterior. A maior forma de acesso, de 33%, é a compra em farmácia. O preservativo gratuito foi mencionado por 21% das pessoas que tiveram acesso. As classes A e B compram e as classes C, D e E dependem do preservativo gratuito.


“Por isso a estratégia da Prefeitura em facilitar o acesso ao preservativo. A população jovem não é usuária da UBS e não pega o preservativo. Tem vergonha de entrar na unidade. É importante a distribuição de forma gratuita”, disse Padilha. Na mesma linha, coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids frisou a importância de “propor ampliação do acesso, redução de barreiras para obter o preservativo e a sensibilização dos profissionais de saúde para tornarem o preservativo mais acessível”.


Aplicativo


Entre as preocupações de Padilha está o uso de tecnologias que também sirvam para a proteção e esclarecimento dos jovens. Uma das medidas da SMS foi o desenvolvimento do aplicativo “Tá na Mão” para celulares e tablets, um guia de orientações e serviços que envolvem Aids e outras DSTs no município. O app agrupa tudo o que uma pessoa precisa saber sobre o tema e informa onde pode fazer exames e tratamentos no município, entre outras funções.


Depois de baixar o aplicativo, os interessados encontram informações sobre prevenção ao HIV e o menu “Saiba seu risco”, uma calculadora de risco de infecção que fornece um resultado com base nos comportamentos relatados. Na mesma página há um link para PEP (Profilaxia Pós-Exposição), uma forma de prevenção da infecção usando os medicamentos que fazem parte do coquetel utilizado no tratamento, para pessoas que possam ter entrado em contato com o vírus recentemente. Por meio do GPS o app mostra os endereços mais próximos onde a pessoa pode buscar esse tratamento.

Testagem


No Brasil, de acordo com dados de 2014 do Ministério da Saúde, atualmente os efeitos mais graves da epidemia recaem sobre os adolescentes. Entre 2004 e 2013, o número de novos casos em meninos com idades entre 15 e 19 anos aumentou em 53%.

Em São Paulo, de acordo com dados da SMS, nos últimos 10 anos a cidade conseguiu reduzir os casos de aids em 22,1% ( 2.926 em 2004 e 2.278 em 2014). Entretanto, essa redução não acontece igualmente entre os homens em todas as faixas etárias: entre 2005 e 2014, houve aumento da taxa de detecção de aids no sexo masculino de 2,6 para 8,5 respectivamente na faixa etária entre 15 a 19 anos e de 22,2 para 43,3 na faixa etária entre 20 e 24 anos .

De acordo com a Pesquisa de Conhecimento Atitudes e Práticas da População do Município de São Paulo, de 2014, realizado pela Prefeitura, 59% do público entre 15 e 24 anos teve acesso ao preservativo no último ano. A pesquisa revelou ainda que somente 20% deste grupo já fez o teste para aids alguma vez na vida e que apenas 45% sabem onde obter um teste para HIV gratuito.

“A epidemia de HIV entre homens jovens está aumentando no município de São Paulo. A proporção de homens que fazem sexo com homens notificados com aids vem aumentando desde 2008. Por isso também estamos ampliando o acesso à prevenção, à testagem e ao tratamento, que hoje é recomendado para todas as pessoas com HIV. Nosso compromisso, até 2020, é testar 90% das pessoas vivendo com HIV, tratar 90% dos HIV positivos e alcançar o sucesso do tratamento em 90% dos tratados”, afirma Padilha. Nesta sexta-feira (27), o prefeito Fernando Haddad assinará formalmente a adesão de São Paulo às estratégias da meta 90-90-90 proposta pelo UNAIDS.

Passeio Ciclístico

Neste domingo (29), como forma de antecipar as atividades do dia mundial de luta contra a aids em São Paulo, a SMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promoverão uma pedalada pela Avenida Paulista. O passeio sairá da Praça do Ciclista, onde os participantes irão se reunir a partir das 14h, dará a volta na avenida e retornarão ao local de início.

No local, Padilha, a Chefe do Programa de HIV/AIDS do UNICEF Cristina Albuquerque, Eliana Battaggia Gutierrez e um dos jovens mobilizadores da ONG Viração, Welton Gabriel, darão início às atividades do Viva Melhor Sabendo Jovem. Trata-se de uma iniciativa voltada prioritariamente à população entre 15 e 24 anos e busca aumentar a testagem do HIV e a retenção ao tratamento.

A estratégia também pretende aumentar o conhecimento de adolescentes e jovens sobre a prevenção das DST e aids. Para isto, a Prefeitura disponibilizou uma unidade móvel que vai funcionar de forma itinerante, no centro e em alguns bairros da cidade, com acolhimento e encaminhamento para serviços de saúde. Na unidade, jovens capacitados pela SMS irão oferecer testes rápidos e gratuitos do HIV, além de informações e orientações sobre prevenção e o tratamento das DST/Aids.