Saúde compra lote de Benzilpenicilina benzatina para abastecer a rede

Medicamento está mundialmente com fornecimento irregular. Protocolo municipal que restringia o estoque às gestantes com sífilis será ampliado para incluir todos os acometidos pela doença

 Por Ivony Lessa

O Município de São Paulo recebeu nesta quinta-feira (26) um abastecimento de 40 mil frascos/ampolas do antibiótico Benzilpenicilina benzatina 1.200.00 UI, conhecido pelo nome comercial ‘Benzetacil’. A aquisição do medicamento foi realizada junto ao laboratório Eurofarma, por R$ 358,4 mil, em regime de compra emergencial. Além de ser a primeira linha de tratamento contra sífilis, o remédio ainda pode ser usado para tratar outras infecções como a febre reumática aguda e a doença bacteriana que afeta coração, cérebro e articulações.

Devido a um problema mundial de indisponibilidade da matéria-prima para produção do medicamento, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) não foi atendida nos seis últimos processos de licitação. O estoque existente hoje, de aproximadamente 136 mil frascos/ampolas, foi restringido por Nota Técnica, datada de agosto deste ano ao tratamento de gestantes com sífilis por ser o único fármaco que atravessa a barreira placentária, tratando a gestante e o feto. A aplicação do novo protocolo fez com que o consumo mensal caísse de 43 mil ampolas em agosto deste ano para 21 mil em outubro.

A restrição, no entanto, impediu o tratamento com a Benzilpenicilina Benzatina dos parceiros das gestantes, que poderiam voltar a sofrer uma nova contaminação. Embora medicamentos como a Doxiciclina também sejam eficazes no combate à doença, sua administração é mais complexa, exigindo tratamento continuado por 15 a 30 dias, com comprimidos de 12 em 12 horas, o que gera baixa adesão ao processo de cura.

De forma a maximizar a possibilidade de cura, prevenindo que a gestante volte a contrair sífilis, a partir da nova compra a SMS alterará o Protocolo que restringe o uso da Benzilpenicilina benzatina para incluir todos os acometidos pela doença.

A Prefeitura continuará a efetuar pregões para formalização de ata de registro de preços. A sessão pública de abertura do próximo está marcada para 15/12/2015.

Sífilis congênita

A sífilis congênita, transmitida da mãe ao bebê durante a gestação, pode causar aborto, má formação do feto ou mesmo a morte ao nascer. A taxa de detecção da sífilis em mulheres grávidas vem aumentando no Município de São Paulo, demonstrando a melhora na notificação e no nível de pré-natais.


Em 2007, por exemplo, apenas 326 gestantes foram diagnosticadas com sífilis. Dessas, 89% receberam tratamento considerado suficiente, e apenas 12% dos seus parceiros foram atendidos.

Em 2014, após o desenvolvimento de linhas de cuidado especializadas em detectar e prevenir a sífilis congênita, 2.708 gestantes apresentaram a doença em exames pré-natais. A taxa de tratamento subiu a 91,3%, e no caso dos parceiros chegou a 53,9% no ano passado.