SUS gasta R$ 16 milhões com acidentes de trânsito no Município de São Paulo

O mesmo estudo aponta que pacientes permanecem, em média, seis dias internados

Patrícia Pasquini

Dados da Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEInfo) da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) apontam que 9.570 pessoas foram internadas, em 2014, em hospitais públicos do Município de São Paulo em decorrência de acidentes de trânsito.

No mesmo ano, as autorizações de internação hospitalar custaram ao Município R$ 16,2 milhões - R$ 1.695,07 por paciente. Cada um permaneceu, em média, seis dias internado. “Os dados da Saúde serão importantes para propor novas intervenções de mobilidade urbana. As informações do SAMU-SP podem estimular a área de transporte a melhorar a iluminação, sinalização e controle de velocidade máxima. Os dados da área de hipertensão e diabetes podem contribuir para verificar a necessidade de expansão das ciclovias, ruas de lazer e parques públicos. Os dados de doenças respiratórias podem apontar para medidas importantes na área do meio ambiente e redução da poluição na cidade de São Paulo. Nós sabemos que os carros são responsáveis por 68% da poluição da cidade. As medidas de mobilidade urbana têm impacto no dia-a-dia das pessoas que se deslocam, mas sobretudo de forma positiva na saúde”, explica o secretário municipal da Saúde, Alexandre Padilha.

Das 9.570 internações, 5.104 foram de motociclistas e 2.714 de pedestres atropelados. As demais se referem a acidentes com ciclistas (462), ferimentos em ocupantes de veículos envolvidos em acidentes (864) e demais acidentes de transporte (426).

“Nós vivemos uma epidemia de acidentes de trânsito. Temos responsabilidade em apoiar medidas que reduzam acidentes e o dever de reforçar medidas de prevenção que proteja a vida. Na cidade de São Paulo, a marca desta gestão é a construção de políticas públicas que levem em consideração a preferência pela vida”, afirma o secretário.

Dos R$ 16,2 milhões gastos em 2014, R$ 8,2 milhões foram com motociclistas, R$ 4,8 milhões com pedestres atropelados, R$ 1,7 milhões com ocupantes de veículos envolvidos em acidentes, R$ 615,5 com ciclistas e R$ 756,7 com demais acidentes de trânsito. “São R$ 16,2 milhões somente no período da internação. Se for contar a reabilitação física, dobra o investimento que o SUS faz em função dos acidentes de trânsito na cidade de São Paulo”, ressalta Padilha.

Em relação à média de internação, cada pedestre e ocupantes de veículos feridos em acidentes ficaram cerca de sete dias hospitalizado. Motociclistas permaneceram seis dias internados, ciclistas ficaram cinco dias e feridos em demais acidentes de trânsito e transporte, seis dias.

Observatório

As secretarias municipais de Saúde e Transportes assinaram, na última quinta-feira (24), uma portaria que institui um observatório para monitorar os acidentes de trânsito e os impactos da mobilidade urbana no meio ambiente e na saúde pública.

Segundo o coordenador do Observatório, Gerson Luís Bittencourt, a primeira missão será a uniformização dos bancos de dados disponíveis em órgãos governamentais das três esferas. Outra atribuição importante é a produção de indicadores que possam ser comparáveis nacional, internacionalmente e com o que está sendo preconizado pela ONU, que é a diminuição dos acidentes.

Depois, a partir do diagnóstico, propor políticas públicas e ações que possam resultar na redução dos indicadores de acidentes, da poluição do meio ambiente e consequências na saúde pública. Por último, o Observatório visa dimensionar o impacto das políticas públicas de mobilidade urbana na cidade de São Paulo na saúde pública.