Por Maria Lúcia do Nascimento
Você já teve uma enxaqueca daquelas? Saiba que muita gente compartilha desse sofrimento. Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Cefaléia aponta que cerca de 15,2 % dos brasileiros sofrem de enxaqueca. Mulheres em período fértil são as principais vítimas. Deixar de fumar e evitar certos tipos de alimentos pode ajudar a amenizar os efeitos.
“A enxaqueca é um transtorno neurovascular crônico, caracterizado por cefaléia (dor de cabeça) recorrente, normalmente do tipo pulsátil, latejante, restrita a um lado da cabeça, podendo ser acompanhada de náuseas, vômitos e sensibilidade a luz e sons”, explica o neurologista Harley Palhares Mundim, que atende no Ambulatório de Especialidades (AE) Freguesia do Ó.
Entre as causas da doença estão a vulnerabilidade genética, estresse prolongado, iluminação, barulhos e odores intensos, irregularidade do sono, obesidade.
A doença é muito comum, geralmente entre mulheres em período fértil, por causa das alterações hormonais, principalmente de estrógeno. “Para estas pacientes, em especial as fumantes, o uso de anticoncepcionais hormonais é contraindicado, devido à predisposição a problemas vasculares cerebrais”, alerta o especialista.
Para amenizar o transtorno é bom evitar fumar e ingerir alimentos como queijos, conservantes, o alto consumo de café, chá preto, chocolate, beber refrigerantes, bebidas alcoólicas como vinho tinto, principalmente, além de manter sono regular e adequado.
Manifestações
A enxaqueca pode se manifestar de duas formas: com aura e sem aura.
Com aura: o paciente apresenta dor de cabeça associada a distúrbios motores, sensitivos, auditivos e visuais. Os sintomas mais comuns são as alterações visuais caracterizadas por pontos luminosos ou perda de um campo visual (escotoma).
Sem aura: a pessoa apresenta todos os sinais de enxaqueca, com a mesma dor de cabeça, porém sem os sintomas citados acima.
A doença também pode ser episódica, ocorrer de um a 14 dias no mês, ou crônica, em mais de 15 dias durante o mês.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da enxaqueca é realizado pelo médico clínico ou neurologista. Após a avaliação, ele indicará o melhor medicamento. “O tratamento não farmacológico inclui mudanças nos hábitos de vida (sono, condições de estresse, ambiente com odores, ruídos e iluminação intensos). O farmacológico é realizado por meio de medicamentos analgésicos e profiláticos (quando a enxaqueca é muito frequente)”, esclarece o farmacêutico-bioquímico Rafael Andrade, coordenador de unidade de saúde no AE Freguesia do Ó.
Alguns medicamentos para dor de cabeça são classificados como isentos de prescrição médica para a compra. No tratamento da enxaqueca, contudo, todo medicamento deve ser utilizado conforme orientação médica. “Sem orientação prévia, a ingestão de analgésicos pode alterar a coagulação do sangue, causar gastrite, diarréia, náusea e vômito. Em longo prazo o uso de certos medicamentos pode alterar a função renal”, alerta o farmacêutico.
Estudos apontam que a ingestão do gengibre (em forma de chá ou outra) pode auxiliar no tratamento da enxaqueca. A erva possui propriedades anti-inflamatórias. “Há também medicamentos fitoterápicos (naturais) entre eles, Tanacetum partbenium e Petasites bybridus”, acrescenta.
Dicas naturais
Métodos naturais de tratamento podem ser soluções rápidas e eficientes no alívio dos sintomas da enxaqueca. “São boas as massagens na região cervical, na região temporal e no ponto de acupuntura IG4 (região entre o polegar e o dedo indicador)”, recomenda Mundim.
Durante uma crise os pacientes devem apenas utilizar o medicamento indicado pelo médico. É importante também evitar áreas iluminadas, som e odores intensos. Os mais sensíveis devem procurar local silencioso e escuro.
A enxaqueca não mata. “Entretanto, as alterações vasculares predispostas (anticoncepcionais hormonais, cigarro) causadores da doença podem levar ao acidente vascular encefálico (AVE) e, posteriormente, a óbito”, ressalta o neorologista. “Em geral a doença não tem cura, mas há a possibilidade de controle por longos períodos, conforme orientação médica (farmacológica e não farmacológica)”, finaliza.