UBS Malta Cardoso coloca pacientes para dançar

Grupo Borboleta Azul trabalha autoestima de usuários com música e caminhadas

Grupo está mostrando que música e dança são atividades fundamentais para a promoção da saúde e bem-estar da população

 

Por Cristiane Guterres

Todas as segundas e quintas-feiras a quadra de esportes em frente à Unidade Básica de Saúde (UBS) Malta Cardoso, no bairro do Rio Pequeno (zona Oeste), fica ainda mais animada. O responsável por tanta alegria é o Grupo de Atividades Rítmicas Borboleta Azul que oferece caminhadas e danças rítmicas como forró, sertanejo, samba e zumba para a população da região.

Tudo começou há um ano, quando a auxiliar de enfermagem Adriana Souza Carrai foi indicada pela gerente para ser responsável pela equipe de caminhadas da UBS, administrada pela Coordenadoria Regional de Saúde Oeste (CRS Oeste) em parceria com a Fundação Faculdade de Medicina da USP. Adriana aceitou não só o convite para coordenar o grupo, mas também a sugestão da paciente Maria Neuza, de colocar um pouco mais de ritmo na caminhada.

Assim nasceu o Grupo de Atividades Rítmicas. “Eu falei para a Drica, - Vamos agitar, que esse negócio de só caminhar tá muito lento. Nós somos de idade, mas não estamos caindo aos pedaços”, explicou Maria Neuza, orgulhosa de ter sido ouvida pela profissional.

A grande maioria dos participantes é de mulheres com mais de 60 anos. Mas o grupo agrega não só mulheres de todas as idades como também crianças e homens. Na festa julina, promovida no último dia 23, Dona Quintina, participante ativa do grupo, comemorou com os colegas o seu aniversário de 82 anos.

‘Grupo faz parte de minha vida’

A cada encontro a quadra fica menor para esta turma. E a equipe não para de crescer. São mais de noventa pacientes cadastrados na atividade. O sucesso é tanto, que o grupo, cujo público alvo é formado por pacientes da unidade, acaba recebendo usuários de unidades vizinhas. É o caso de Raquel Eliana, moradora do bairro vizinho São Domingos: “Há quase um ano eu estava num quadro horrível de depressão. Saí de casa sem rumo e encontrei o grupo do Malta fazendo atividade. Estou aqui até hoje. O grupo faz parte da minha vida, é minha outra família” falou Raquel.

Os pacientes também podem chegar ao grupo indicados pelos médicos da unidade ou por convite feito pelos Agentes Comunitários de Saúde durante as visitas domiciliares. Maria Neuza Cardoso chegou ao grupo depois de uma indicação médica. “Eu estava com pressão alta, ela não regularizava e eu já vinha fazendo tratamento há três anos com o cardiologista. O médico me indicou este grupo há um ano e, agora, minha pressão é sempre baixa. Tem vezes que eu nem posso tomar o remédio, pois ela baixa demais. Hoje eu emagreci, tenho bom humor e tudo o mais”, afirma.

Para coordenar o grupo, Adriana conta com a ajuda de quatro profissionais da UBS: a Agente de Promoção Ambiental Cleide Alves dos Santos e as Agentes Comunitárias de Saúde Alexandra Alves do Nascimento, Gislene de Oliveira Pereira e Claudemira Alves Sant´Ana. No último mês de junho o grupo completou um ano com direito a festa e camisetas para todos os integrantes.

‘Olhar para o coração’

A alegria em participar desta atividade está no rosto de cada paciente. “A gente consegue tirar as pessoas do sedentarismo, fazer com que elas levantem muito cedo para vir para cá e elas gostam” explicou Claudemira, que trás a cada encontro uma mensagem de motivação para ser lida para o grupo. Segundo ela, são mensagens que chamam as pessoas para “olhar para o coração”. Ao final da atividade física Adriana chama todos para se auto abraçar e dizer “eu me amo”. “Faço isso para que eles possam melhorar a autoestima. Um dia, uma paciente me disse: ‘a minha autoestima depois que eu entrei nesse grupo mudou. Eu me sentia feia e gorda e agora me aceito’. Isso me gratifica muito. Nesse grupo quem aprende com elas sou eu”, completou Adriana.

O grupo Borboleta Azul está mostrando que música e dança são atividades fundamentais para a promoção da saúde e bem-estar da população. Fazer a diferença na vida destas pessoas é o diferencial desta equipe que está, através da dança, transformando histórias de vida na região do Rio Pequeno.