Saúde divulga o sétimo balanço de dengue na cidade

Durante coletiva, secretário-adjunto Paulo Puccini apresentou dados consolidados até a 14ª semana epidemiológica, que registrou 62.799 notificações, 20.764 casos confirmados e cinco mortes

O secretário-adjunto de saúde, Paulo Puccini, apresentou nesta quinta-feira (23) o sétimo balanço do ano sobre a situação da dengue até a 14ª semana epidemiológica. No período de 4 de janeiro a 11 de abril, 62.799 casos foram notificados e 20.764 foram confirmados autóctones (contraídos no Município). No mesmo período de 2014, a cidade teve 15.367 casos notificados e, destes, 7.126 autóctones confirmados. Cerca de 38,5% dos casos estão concentrados na Zona Norte de São Paulo. Outra morte foi confirmada, somando cinco óbitos pela doença neste ano.


Acompanhe a situação da transmissão da dengue no município de São Paulo

Veja aqui os casos de dengue por distrito
Veja aqui os casos de dengue por semana epidemiológica

Durante a apresentação dos dados, Puccini destacou que o aumento do número com relação ao último balanço foi ocasionado por casos de semanas anteriores que ainda não haviam sido confirmados. Mesmo assim, a situação no Município não é considerada epidêmica pelo Ministério da Saúde, que é quando a cidade atinge 300 casos para cada 100 mil habitantes.

“Eu só falo em epidemia quando eu pego uma base territorial inteira na qual eu estou trabalhando. Eu só vou falar em epidemia quando o município de São Paulo [por inteiro] atingir um determinado valor. Enquanto não atingir isso eu chamo de surto”, afirmou Puccini.

Considerando a porcentagem de habitantes por distrito, 11 estão em situação de epidemia: Brasilândia, Cidade Ademar, Jaraguá, Pirituba, Cachoeirinha, Raposo Tavares, Rio Pequeno, Freguesia do Ó, Perus, Limão e Casa Verde.


Distritos administrativos em emergência
A classificação de nível de emergência, prevista no Plano de Contingência 2014-2015, é uma questão técnica que visa à reorganização de recursos disponíveis para implementação de medidas que agilizem os trabalhos realizados pelos componentes: vigilância epidemiológica, controle vetorial e assistência aos pacientes. Por este motivo, a coleta de sorologia para a confirmação dos casos suspeitos de dengue só é realizada nos casos mais graves e óbitos. Os casos notificados de dengue passam a ser confirmados pelo critério clínico epidemiológico.

“A mudança que dá não é no tratamento e nem na conduta médica, é mais na nossa estatística, pois aquilo que era entendido como notificado passa a ser entendido como confirmado”, disse Puccini. O estado não tem relação direta com a incidência de dengue no sentido de epidemia, pois se você cruzar os dados com um município que tenha mais de 500 pessoas morando, quando ele chega a um coeficiente de 80 é considerado um caso de emergência, o que não quer dizer que ele esteja em um caso de epidemia da doença, que é de 300 para 100 mil.


Apoio do Exército
Iniciado na manhã de hoje, o apoio dos 50 soldados do exército que foram colocados à disposição para combater os focos de criadouros dos mosquitos transmissores da doença possibilitou a visita em 1.064 imóveis localizados no bairro do Limão, Zona Norte da cidade. Outros 309 imóveis foram encontrados fechados e 16 munícipes impediram a entrada dos agentes.

Os soldados foram treinados por equipes da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e se somam aos 2.500 agentes de zoonoses que diariamente visitam domicílios e orientam os cidadãos acerca de como evitar a proliferação dos mosquitos. A atuação dos soldados se dará em locais onde há maior resistência da população em receber os agentes da Covisa.


Tendas de Atendimento
A cidade de São Paulo conta com nove tendas de atendimento nos distritos do Jaraguá, Brasilândia, Freguesia do Ó, Cidade Ademar, M’ Boi Mirim, Lapa, Rio Pequeno, Itaquera e Aricanduva/Carrão. Adotadas com o objetivo de desafogar as unidades de saúde em regiões de maior incidência da doença, mais de 7 mil atendimentos foram realizados pelos equipamentos.

Cada uma das instalações possui uma máquina de teste rápido de sangue, que possibilita a contagem de plaquetas para a identificação de eventuais agravamentos e potenciais evoluções para dengue hemorrágica. Os munícipes devem primeiro procurar a unidade de saúde junto às tendas. Aqueles que, depois de uma triagem inicial, têm suspeita de dengue são encaminhados para as tendas, onde recebem atendimento, orientação e tratamento específicos para a doença.


Óbitos
Os primeiros óbitos registrados em 2015 foram de uma senhora de 84 anos, moradora da Brasilândia, ocorrido no dia 28 de janeiro, e de um garoto de 11 anos, morador do Jardim Ângela, ocorrido no dia 9 de março. A terceira morte foi de uma mulher de 27 anos, moradora do Lajeado, no dia 19 de março, e a quarta foi de uma moradora do Grajaú, de 41 anos, no último dia 31. Na tarde de hoje, Puccini confirmou a última morte, de um senhor de 92 anos morador do Jaraguá, que morreu no dia 24 de março.

O caso de um homem de 35 anos, que foi internado no Hospital São Lucas, em Diadema, foi divulgado erroneamente como óbito por dengue pelo Instituto Adolfo Lutz. O caso segue em investigação, com apoio do Instituto Médico Legal (IML). Outros oito casos seguem em investigação e 15 mortes já foram descartadas.

Durante todo o ano de 2014 a capital registrou 28.990 casos autóctones (97,7% ocorreram no primeiro semestre), com 14 óbitos ao longo do ano. Em 2015, a estimativa da Secretaria Municipal de Saúde, baseada no coeficiente de incidência das primeiras oito semanas e na taxa de positividade dos exames feitos no laboratório municipal, é que o número pode ser até três vezes maior. Apesar do aumento, a taxa de letalidade do Município é semelhante a apresentada no ano passado, com 0,024% ante a 0,048% em 2014.


Ações de combate ao mosquito
É importante esclarecer que a dengue está mais associada às altas temperaturas e à água limpa do que simplesmente à chuva, porque qualquer pequena concentração de água, desde uma tampinha de garrafa a um prato de vaso pode ser um criadouro.

A Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) considera que o aumento dos casos neste ano está associado ao calor, que acelera o desenvolvimento do mosquito e ao acúmulo de água limpa sem proteção, devido à crise de abastecimento dos últimos meses.

A Prefeitura reforçou o trabalho dos 2.500 agentes de zoonoses em toda cidade, com ações de visitas porta a porta, grupos de orientação e ações de combate nos locais de grande concentração de pessoas. Desde março, com apoio das subprefeituras, foram realizadas em toda a cidade 171 operações Cata Bagulho, 202 “arrastões”, 181 ações de intensificação de distribuição de telas para caixas d’água e 106 limpezas de córrego.

Os paulistanos devem se atentar à necessidade de ação individual preventiva para eliminar criadouros de mosquito Aedes aegypti. A visita de equipes é programada com base no mapeamento de pontos críticos, a partir dos casos confirmados. E uso de nebulização pesada ("fumacê") só ocorre em última instância, emergencial, e funciona para eliminar mosquitos, sem efeito prático na eliminação de criadouros. Mais de cem mil domicílios já passaram por ação da nebulização, beneficiando mais de 350.000 pessoas.

Desde segundo semestre do ano passado, a secretaria municipal de Saúde intensificou as ações de prevenção e adotou duas novas estratégias para o combate às doenças. A portaria 2.286/2014 estabelece que os serviços públicos e privados de saúde devem realizar, em até 24 horas, a notificação compulsória dos casos suspeitos. A Secretaria criou ainda comitês locais de prevenção nas subprefeituras, para fortalecer o contato com a comunidade e o trabalho integrado nas ações de campo. Durante uma reunião realizada na manhã de hoje, diretores de hospitais públicos e particulares receberam orientações de como agir e como diagnosticar os casos da doença.

No dia 12 de fevereiro, o Plano Municipal de Combate ao Aedes-Aegypti ganhou reforço com a integração de equipes da Defesa Civil. Em cerimônia realizada no Vale do Anhangabaú, no centro da capital, 32 viaturas do órgão foram entregues devidamente adesivadas e equipadas com alto-falantes para a conscientização da população. Sete viaturas estão somente na região norte, mais atingida pela dengue.

Durante a vigência do plano, toda quarta-feira, desde 25 de fevereiro, equipes da Secretaria de Saúde distribuem panfletos e revistas educativas que tratam das formas de prevenção e combate aos criadouros em pontos estratégicas da cidade, de grande concentração de pessoas, como terminais de ônibus e portas de estações de metrô.


Como prevenir:
- Pratos de vasos de plantas devem ser preenchidos com areia;
- Tampinhas, latinhas e embalagens plásticas devem ser jogadas no lixo e as recicláveis guardadas fora da chuva;
- Latas, baldes, potes e outros frascos devem ser guardados com a boca para baixo;
- Caixas d'água devem ser mantidas fechadas com tampas íntegras sem rachaduras ou cobertas com tela tipo mosquiteiro;
- Piscinas devem ser tratadas com cloro ou cobertas;
- Pneus devem ser furados ou guardados em locais cobertos;
- Lonas, aquários, bacias, brinquedos devem ficar longe da chuva;
- Entulhos ou sobras de obras devem ser cobertos, destinados ao lixo ou "Operação Cata-Bagulho";
- Cuidados especiais para as plantas que acumulam água, como bromélias e espadas de São Jorge; ponha água só na terra