Exército entra em ação contra a dengue na zona Norte

50 militares capacitados para atuar na eliminação dos criadouros do Aedes aegypti visitaram moradores

A Prefeitura conta com a colaboração dos munícipes para identificar e eliminar possíveis criadouros

 

Por Keyla Santos
Fotos: Edson Hatakeyama

Nesta quinta-feira (23), os agentes de zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) saíram às ruas acompanhados por soldados e cabos do Exército Brasileiro. Para o primeiro “arrastão”, que começou no bairro do Limão, zona Norte, por volta das 8h30, foram capacitados 50 militares que atuarão, a princípio, ao longo de 30 dias, na eliminação dos criadouros do Aedes aegypti. A população aprovou a medida. A Prefeitura conta com a colaboração dos munícipes para identificar e eliminar possíveis criadouros.

Além dos 50 soldados, mais dez médicos foram destacados para atuar nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da região. Nesta quinta e sexta-feira (24/4), 25 soldados e 25 agentes de zoonoses trabalharão por período (manhã e tarde). A partir da próxima semana, os militares trabalharão em período integral.

O primeiro dia de atuação dos soldados, em parceria com os agentes de zoonoses, já trouxe resultados positivos. Por volta das 11h, a contadora Priscila Cristina Rosconi, moradora do bairro do Limão, abriu o portão para o soldado e o agente de zoonoses. E afirmou ter ficado satisfeita com a visita dos profissionais.

‘Mais confiança’

“A presença do Exército dá mais confiança para os moradores e acaba contribuindo para que todos se sintam mais seguros para abrir as portas. Aqui no bairro do Limão falta muita água e, por isso, a gente reserva água da chuva. A agente de zoonoses viu que no meu quintal não tem água empossada, mas me instruiu a colocar a medida de um copo de requeijão de cândida dentro do recipiente de 100 litros para não criar larvas”, disse.

Priscila acredita que a Prefeitura está fazendo seu trabalho, pois acompanha o serviço de varrição de rua, da coleta seletiva e observa que as equipes efetuam a limpeza do entorno, mas que a população joga lixo nas ruas. “A própria população, a criançada que sai da escola joga latinha, garrafinha e outros recipientes que acumulam água e ajudam a procriar o mosquito da dengue”, acrescentou.

'Só desse jeito para as pessoas abrirem as casas. Em caso contrário ninguém abre. O Exército traz mais confiança', disse Iara

 

Para a aposentada Iara Menezes, a presença do Exército ajuda as pessoas a abrir a porta. “Só desse jeito para as pessoas abrirem as casas. Em caso contrário ninguém abre. O Exército traz mais confiança. A gente tem que abrir. Há muitas casas que estão fechadas e a gente nem sabe como está lá dentro, tem piscina, tem vaso sanitário no tempo que podem acumular água. Tem uma casa [na rua] que está caindo. Já caiu o telhado, uma pessoa que pegou dengue é vizinha [dessa casa] e chamou a vigilância sanitária, mas eles não podem entrar lá porque é terreno particular”, disse.

A agente de zoonoses Lucia Maria de Oliveira já sentiu a diferença na recepção dos moradores depois da chegada dos soldados. “Em relação à recepção, hoje realmente está melhor. O pessoal realmente está atendendo. Muitas vezes a gente bate e a pessoa não atende, finge que não está em casa. A gente vê que tem alguém em casa, porque o rádio está ligado, a televisão está ligada, mas a pessoa não atende. Ou, o morador fala: ‘Aqui não tem nada, não. Aqui está tudo Ok’. E ele não deixa a gente entrar. E hoje está bem diferente, porque os moradores estão até pedindo para que a gente entre. Não precisa nem abrir a boca”, disse Lucia.

'Com a presença do soldado e com a presença do nosso agente de zoonoses, forma-se uma dupla com maior credibilidade para que a população tenha mais tranquilidade em abrir o seu lar', disse Puccini

 

Soldados percorrerão diferentes bairros da região Norte

De acordo com o secretário adjunto de Saúde, Paulo de Tarso Puccini, os 50 soldados destacados estão apenas na zona Norte devido ao índice de casos confirmados. “Decidimos concentrá-los aqui na zona Norte porque essa região reúne 38% dos casos de ocorrências da dengue. Até para facilitar a operação, a gente decidiu concentrar essa ação de maior impacto na região Norte e eles percorrerão os diferentes bairros desta região”, afirmou.

“Esta é uma ação fundamental que hoje conta com uma parceria entre a Prefeitura e o Exército Brasileiro, a fim de favorecer o reconhecimento da população da equipe que bate à sua porta. Com a presença do soldado e com a presença do nosso agente de zoonoses, forma-se uma dupla com maior credibilidade para que a população tenha mais tranquilidade em abrir o seu lar”, disse Puccini.

Para os moradores de outras regiões que, a princípio, não receberão a visita dos soldados do Exército, é importante identificar o agente de zoonoses. “Os agentes estão uniformizados com coletes, crachá de identificação, boné e, em geral, eles chegam em grupo, não é uma pessoa isolada. Em caso de dúvida, o munícipe pode entrar em contato com o 156 e assim constatar se os profissionais são realmente agentes de zoonoses”, enfatizou o secretário adjunto.

Credibilidade e segurança

Para a vice-prefeita Nádia Campeão essa parceria é uma medida a mais para o combate à dengue. “Agora a gente tem um número maior de pessoas. Os soldados do Exército que têm capacidade para identificar os focos de dengue e tratá-los, mas principalmente, de dar mais capacidade aos agentes da vigilância sanitária para entrar nas residências e verificar se tem algum foco. A gente sentiu que em algumas residências havia insegurança em deixar o agente entrar. Com a presença de um soldado do Exército, a ação foi facilitada”, disse Nádia.

De acordo com o coronel Carmona, chefe da seção de Comunicação Social do Comando Militar do Sudeste, é muito importante poder apoiar a população. “O Exército Brasileiro é uma instituição que tem alta credibilidade junto à sociedade. Tendo em vista essa elevada confiança, o morador permite a entrada da equipe com o militar do exército. Pra nós isso é motivo de orgulho e a população sabe que pode contar com seu exército brasileiro”, comentou o coronel.