Prevenção à violência doméstica será ampliado na Cidade Tiradentes

Projeto, em parceria com Ministério Público e ESF, deverá ser levado a 26 mil famílias

Por Cecília Figueiredo

Mais de cem pessoas participaram, na semana passada, do Fórum de Cultura de Paz de Cidade Tiradentes. O evento encerrou o processo de sensibilização de 60 agentes comunitárias de saúde das unidades básicas de saúde (UBS) Inácio Monteiro, Dom Angélico e Jardim Vitória, no projeto de prevenção da violência doméstica contra as mulheres. A ação é desenvolvida pela Estratégia Saúde da Família, em parceria com o Grupo de Enfrentamento da Violência Doméstica (GEVID), do Ministério Público do Estado de São Paulo.

As agentes comunitárias das unidades envolvidas no projeto emocionaram ao relatarem suas experiências para um auditório que reuniu o procurador-geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, do subprefeito de Cidade Tiradentes, Miguel Reis Afonso, interlocutoras da Coordenadoria Regional de Saúde Leste, promotoras de Justiça do GEVID, representantes de entidades, da Secretaria de Assistência Social e conselho gestor.

A promotora de Justiça, Fabíola Sucasas Negrão Covas, do GEVID – Núcleo Itaquera e São Miguel Paulista - idealizadora do projeto, valorizou o papel das agentes comunitárias de saúde, classificando-o como “estratégico”. Segundo ela, eles tratam de pessoas da própria comunidade, que recebendo capacitação, podem ajudar a detectar riscos, a identificar as possíveis situações de violência doméstica e a auxiliar as vítimas.

“Uma vez capacitadas, as agentes de saúde aproveitam as visitas mensais às residências para distribuir a cartilha “Mulher vire a página”, editada pelo MP-SP para informar as mulheres, de forma simples e direta, sobre a dinâmica da violência doméstica, municiando-as com informações sobre a Lei Maria da Penha e sobre a rede de assistência”, completou a promotora ao relatar os resultados já obtidos e agradecer o apoio recebido de todos os envolvidos.

Também foi apresentada, na atividade, o trabalho de assistência social e orientação jurídica às mulheres vítimas de violência, promovida pela Casa Anastácia.

“É imperiosa a necessidade de atuarmos em harmonia, com divisão de responsabilidades, para o enfrentamento desse grave, triste e recorrente fenômeno”, afirmou o procurador-geral de Justiça.

Na avaliação da Coordenadoria Regional de Saúde Leste, representada na mesa pela interlocutora Eliane Katy Gonçalves Rosário, o sucesso do projeto está sinalizado na sua continuidade e ampliação do número de unidades esse ano. O projeto também foi valorizado pela supervisora de Saúde de Cidade Tiradentes, Marta Pozzani Calixto. “Nossa esperança é de que, com a ampliação do projeto, aumente o número de notificações dos casos de violência contra a mulher”.

Projeto de Prevenção à Violência Doméstica

Desenvolvido como piloto em 2014, o projeto capacitou 60 agentes comunitárias de saúde e beneficiou 13 mil pessoas. De acordo com alguns dados apresentados pela supervisora da SUVIS Cidade Tiradentes, Maria Aparecida, houve aumento de 100% nas notificações de casos de violência, nas unidades básicas de saúde envolvidas no projeto.

Em 2015 a proposta é ampliar o projeto a toda a Cidade Tiradentes, distrito que concentra cerca de 300 mil pessoas. Nessa nova fase, 26 mil exemplares da cartilha devem ser distribuídos por 110 agentes comunitários de saúde nas regiões das UBS Ferroviários, Gráficos, Profeta Geremias, Barro Branco e Carlos Gentile.

Participaram também do evento o subprocurador geral de Justiça, Nilo Spinola Salgado Filho; as promotoras Silvia Chakian de Toledo Santos, Valeria Diez Scarance Fernandes e Ana Paola Ambra (GEVID); a gestora do CEU Água Azul, Ângela Moura; representantes da Casa Ser, do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).