Bicharada leva alegria a crianças internadas

Visita de cães, gatos, coelhos e calopsita motivam crianças em hospitais

Visita dos 'terapeutas animais' contribui para o bem-estar e ainda pode ajudar na recuperação do paciente

Por Keyla Santos
Fotos Edson Hatakeyama

Amor ao próximo é um sentimento que enobrece quem o oferece e proporciona muita alegria a quem o recebe. E disso a Organização Não Governamental (ONG) Patas Therapeuticas entende bem. Movido por esse sentimento, um grupo de voluntárias e seus animais de estimação visitam hospitais e levam alegria aos pacientes que estão internados, sejam eles crianças ou idosos. Na visita realizada ao Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, nessa terça-feira (18/11), a alegria tomou conta das crianças, que puderam sair dos leitos para brincar com o trio de cadelas: uma golden retriever, também conhecida por Lana; uma buldogue francês, de nome Pandora e Nyna Maria, uma yorkshire.

Silvana Fedeli Prado, fundadora e superintendente técnica da Patas Therapeutas, afirma que o objetivo é levar, junto com os animais, interação para dentro dos hospitais a fim de mudar o dia das pessoas que estão internadas. ”Por incrível que pareça, levamos os animais para humanizar as instituições”, disse.

Nas ações realizadas com as crianças é utilizada a Atividade Assistida. Trata-se de uma técnica que inclui recreação, divertimento, casualidade e conversa. “Também fazemos um pouco de Terapia Assistida que tem metodologia e protocolos. É a parte onde as crianças brincam de médico. Elas fazem isso porque é uma projeção, é uma identificação projetiva que as crianças acabam fazendo em cima do animal. Ela vê o animal como semelhante. E, ao trocar de papel, a criança passa a ser o médico, faz com que essa passagem seja de uma maneira mais assegurada, mais branda”, explica Silvana.

A visita dos “terapeutas animais” contribui para o bem-estar e ainda pode ajudar na recuperação do paciente. Segundo Silvana, há benefícios emocionais, pois observa-se o aumento da afetividade, da autoestima, ajuda na comunicação e na socialização. Ao brincar, ocorre na criança a liberação de neurotransmissores hormonais responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar como a endorfina, a dopamina e a oxitocina.

Há também a diminuição da liberação do cortisol, que é o hormônio do estresse. “No dia que a gente vem, as crianças recebem os procedimentos de uma maneira mais fácil. Elas querem tomar remédio porque brincam de médico com os cachorrinhos e eles não choram. Isso é muito importante.”, enfatizou.

‘É nítida a alegria das crianças e temos certeza de que isso influencia na recuperação’



Para o médico Antônio Carlos Madeira de Arruda, diretor executivo do hospital, o trabalho com animais socializa a criança, diminui os medos, torna o local mais familiar, mais doméstico e deixa o ambiente hospitalar muito mais prazeroso e agradável. “Isso é extremamente importante para diminuir a ansiedade, a dor que uma internação sempre traz para qualquer paciente e, mais ainda, para uma criança”, disse.

O programa foi implantado no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus há cerca de três meses. A equipe faz visita quinzenal e beneficia, em média, de 15 a 20 crianças em cada sessão. No início do projeto, alguns médicos foram contrários, pois acreditavam que essa ação poderia trazer riscos para as crianças. “Tomamos o cuidado de fazer parceria com um pessoal muito cuidadoso, que cuida muito bem dos animais e tem essa preocupação de trazer alegria e não doenças. Na medida em que iniciamos o processo, muitos médicos foram ganhos para a causa, pois começam a ver a alegria, o sorriso na face das crianças quando da presença dos animais”, comentou.

Segundo Madeira, os benefícios desse tipo de atividade não podem ser mensurados, mas com certeza existem. “É nítida a alegria das crianças e temos certeza de que isso influencia na recuperação. Temos uma série de projetos aqui dentro do hospital visando tornar o tempo de permanência da internação menos sofrido, menos angustiante para essas crianças. Temos atividades com palhaços, com contadores de histórias. Tudo isso age em conjunto com o projeto do Patas Therapeutas, beneficiando as crianças”, afirmou o diretor executivo.


Patas Therapeutas

A ONG possui cerca de 60 voluntários com e sem animais. Ao todo são 58 animais, sendo a maioria cães, quatro gatos, um coelho e uma calopsita. As modalidades desenvolvidas durante as visitas são divididas por:

AA: Atividade Assistida por Animais

Oferece oportunidade motivacional, educacional, de lazer, descontração, recreação, distração, entretenimento, vínculos, socialização e benefícios emocionais e/ou cognitivos.

É casual, envolve voluntários e/ou profissionais com seus animais de estimação especialmente treinados e com rígidos critérios de comportamento e saúde, para visitar pacientes/assistidos de todas as idades e de diferentes patologias em ambientes variados.

TAA: Terapia Assistida por Animais

É uma intervenção dirigida, com objetivos específicos para cada patologia e faixa etária. O animal de estimação, especialmente treinado com rígidos critérios de comportamento e saúde, é parte integrante do processo de tratamento.

É dirigida por profissionais da saúde e/ou equipe multidisciplinar, com conhecimentos especializados. Envolve procedimentos e metodologia. É documentada e avaliada em cada sessão.

EAA – Educação Assistida por Animais

Segue os mesmos critérios da TAA, mas dirigida por profissionais da área de educação: pedagogo, fonoaudiólogo e etc.

Conheça mais sobre Patas Therapeutas em http://patastherapeutas.org/