Profissionais de saúde pública da Holanda e Uruguai visitam e aprovam ‘Programa De Braços Abertos’

Programa da cidade de São Paulo foi destaque em Seminário Internacional de Políticas Sobre Drogas

Profissionais foram às ruas conhecer as práticas e ações desenvolvidas pelas equipes de Saúde, Direitos Humanos e Cidadania, Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo e Segurança Urbana

Por Beatriz Prado
Foto Edson Hatakeyama

O Programa De Braços Abertos – implementado em janeiro de 2014 - foi destaque durante o Seminário Internacional de Políticas Sobre Drogas, realizado na última quinta-feira (13/11) em São Paulo. Raquel Peyraube, médica especialista em uso problemático de drogas, diretora do International Center for Ethnobotanical Education, Research & Service e assessora da Secretaria Nacional de Drogas do Uruguai, juntamente com Marcel Buster, epidemiologista do sistema público de saúde de Amsterdã, participaram do evento. Também foram às ruas conhecer as práticas e ações desenvolvidas pelas equipes de Saúde, Direitos Humanos e Cidadania, Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo e Segurança Urbana.

Com 513 beneficiários cadastrados, o “Programa De Braços Abertos” atua na reinserção social de moradores da rua Helvetia e Dino Bueno, próximos à Estação Luz (Centro). O município atua com a oferta em moradia de hotéis da região, três refeições diárias, acompanhamento multidisciplinar para o tratamento do vício e atendimento clínico, renda de R$ 15 por dia, além da capacitação para encaminhamento ao mercado de trabalho.

Com 27 anos de atuação em atenção à saúde e enfrentamento ao uso problemático das drogas, Raquel frisa a importância do Programa. “A iniciativa da Prefeitura de São Paulo é muito interessante, pois geralmente os governos não se envolvem e o ‘De Braços Abertos’ é um diferencial. Os programas de enfrentamento não devem ser interpretados como ideais, e sim como possíveis. A redução de danos começa com a abertura das portas para a saúde e a posterior inserção em outros programas sociais”, afirmou.

‘É preciso ampliar os esforços’

Para Buster, o trabalho realizado entre as secretarias é importante, mas segundo ele é preciso ampliar os esforços para reduzir a procura pelo consumo de drogas no local. “Essas cenas abertas de uso atraem novos usuários; é necessário acabar com elas. A coordenação entre polícia, serviço de saúde e a municipalidade é muito importante”, disse o epidemiologista.

Dentre os inscritos no programa, 23 já receberam atestado médico e foram considerados aptos para o retorno ao mercado de trabalho. Outros 122 fazem tratamento voluntário contra a dependência química.

Raquel alerta sobre a importância do trabalho realizado por equipes multidisciplinares e o combate aos estigmas. “O trabalho desenvolvido por um rol de profissionais busca a redução de danos, com a inclusão social e o apoio ao desenvolvimento individual. Não é correto afirmar que o paciente não sofrerá uma recaída, então, o ideal é evitar gerar o sentimento de fracasso e culpabilidade com o usuário e fazê-lo observar os fatos que antecederam a recaída, para a adoção de uma estratégia de prevenção”, disse.