Programa Acompanhante Comunitário de Saúde da Pessoa com Deficiência promove inclusão social

Equipes realizam desde visitas domiciliares até atividades ao ar livre

Por Anna Carolina Alves

Exercer um papel na sociedade. Esse é o principal objetivo do Programa Acompanhante Comunitário de Saúde da Pessoa com Deficiência (APD). Criado em 2010 pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceria com a Associação Saúde da Família (ASF), ele visa assistir pessoas com deficiência intelectual em situação de fragilidade e vulnerabilidade social.

O Programa é dividido em 20 equipes que atuam em territórios definidos na cidade. Cada uma conta com um enfermeiro, que supervisiona a equipe; um psicólogo, um terapeuta ocupacional, um assistente administrativo, um fonoaudiólogo e seis acompanhantes comunitários. A Região Norte, auxiliada pela Coordenadoria Regional de Saúde Norte, tem quatro equipes.

O trabalho é aplicado de forma ampla. Segundo a terapeuta ocupacional Priscila Cesconeto Hackbart, o tratamento é individual para cada usuário. “Eles chegam até nós por meio de encaminhamento. A equipe vai até a casa dessa pessoa, realiza o cadastro, conhece um pouco da história de cada um e junto com a família, monta um projeto terapêutico singular. Portanto, cada paciente tem um projeto próprio”, afirma Priscila.

Após a avaliação, a equipe faz uma proposta específica para as necessidades do usuário. Ela poderá incluir visitas às pessoas com deficiência em suas próprias residências, realizando atividades em domicílio, estimulando autonomia e independência nas atividades de vida diária ou na comunidade que ajudem no processo de inserção social e em alguns casos, inserção também no mercado de trabalho.

É importante ressaltar, no entanto, que o atendimento não se limita às visitas. Os APDs levam os usuários para participar de atividades sociais em clubes, parques e outras áreas de convivência, além de incentivarem o desenvolvimento da iniciativa e da autonomia na utilização dos serviços disponíveis na comunidade da pessoa atendida, promovendo a cidadania.

Na Região Norte, por exemplo, atividades físicas e lúdicas com os usuários são realizadas em parques locais, promovendo o bem estar e a interação dos participantes. Kelly Pereira, supervisora da equipe APD Santana/Tucuruvi/Jaçanã/Tremembé, aprova as atividades realizadas: “No dia em que é realizado o grupo, começamos com alongamento e depois realizamos algumas atividades físicas e de interação. Os benefícios que trazem às pessoas são notáveis”, diz.

A supervisora também reitera a importância do evento no parque para promover o convívio social: “A gente preza pela interação social, que é uma das dificuldades da pessoa com deficiência. É uma oportunidade deles conhecerem lugares novos e interagirem com outras pessoas”, confirma Kelly.

Mãe de um dos participantes das atividades no parque, Eliane da Costa Pereira aponta melhoras no comportamento do seu filho: “Ele está participando há um mês e já houve bastante mudanças em seu comportamento. Eu pude observar que agora ele tem mais facilidade em interagir com outras pessoas e é mais paciente. A assistência que ele recebe das acompanhantes é ótima também”, confirma Eliane.

A terapeuta ocupacional Priscila aponta a importância do programa para a vida não só dos usuários, mas para quem exerce a profissão: “Eu estou no programa desde seu início e é um trabalho muito gratificante, porque muitas vezes a pessoa com deficiência não acredita em seu potencial, e com a nossa ajuda e incentivo, os usuários começam a perceber que são capazes de freqüentar uma escola ou até mesmo trabalhar, enfim, exercer seu papel na sociedade.


Atendimento domiciliar

Sônia Dias, de 55 anos, é deficiente intelectual e mora sozinha. Ela participa do programa há dois anos e foi encaminhada pela Estratégia Saúde da Família da UBS Vila Albertina. No começo, tinha muita dificuldade para se organizar em suas atividades, assim como a limpeza da casa e a higiene pessoal se encontrava em estado precário.

A acompanhante de pessoas com deficiência Shirley Almeida da Silva auxilia Sônia há 6 meses nas tarefas do seu cotidiano. “O objetivo foi estimular a independência dela nas atividades do cotidiano, incluindo alimentação, higiene, vestuário e também estimular a autonomia, para que ela tenha o poder de tomar as suas próprias decisões”, afirma Shirley. Sônia confirma o seu progresso no programa: “agora eu faço até feira!”, diz em tom animado.