Depressão incapacita e leva ao isolamento

Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 350 milhões de pessoas, de todas as idades, sofrem com a doença no mundo

Por Keyla Santos
Foto Edson Hatakeyama

A depressão é silenciosa e pode incapacitar. Os sintomas são sutis e podem não ser notados. Nos casos mais graves, a doença pode afetar a saúde global, colocar em risco a integridade física do indivíduo e a vida. Ela é a quarta principal causa de incapacitação e, segundo projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2030 será o mal mais prevalente no mundo.

Mais de 350 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão em todo o mundo. No município de São Paulo os números não são preocupantes, mas requerem atenção. As internações por diagnóstico de depressão nos estabelecimentos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tanto municipal quanto estadual, totalizaram 1.017 em 2012. Foram 953 internações em 2013 e, de janeiro a agosto deste ano, já foram registradas 737 internações.

Apenas um profissional de saúde pode realizar o diagnóstico correto para depressão. A porta de entrada para a identificação da doença e para o início do tratamento é a Unidade Básica de Saúde (UBS). As equipes que atuam nesses serviços têm mais condições de contribuir devido ao contato contínuo com a população de cada região. Elas conhecem as características, podem identificar os casos de maior gravidade e encaminhá-los aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou para internação em hospitais. É importante que a população em geral, assim como os profissionais de saúde, fiquem atentos aos verdadeiros sintomas da depressão (leia mais nesta página). Os casos graves, que debilitam, precisam de acompanhamento especializado e, dependendo do grau, internação.

 


Doutora Myres Cavalcanti aborda alguns sintomas dos quadros depressivos

Segundo Myres Maria Cavalcanti, coordenadora da Área Técnica de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o correto diagnóstico também evita o excesso de medicação. Atualmente, as pessoas não estão dispostas a ter aborrecimentos e desejam soluções rápidas. Por isso, ao primeiro sinal de tristeza, buscam, por meio dos remédios, afastar a angustia natural. “O excesso de medicação acaba dificultando o trabalho dos profissionais. Eles não conseguem enxergar o real quadro das pessoas que estão cuidando. Como se medica demais, se mascara o verdadeiro quadro. A depressão requer muita escuta”, disse Myres. A coordenadora acrescentou não ser contra os medicamentos, mas que é importante ter uma prática de cuidado de saúde coerente, de acordo com a necessidade.

Como uma medida desesperada para aliviar a depressão, muitos doentes passam a consumir álcool e drogas, na vã tentativa de sentirem-se melhor. “Eles começam a beber para aliviar os sintomas e, por isso, são tratados e considerados alcoolistas mas, na verdade, há uma depressão de base que confunde o diagnóstico. Há casos que a pessoa não se sustenta sozinha e passa a utilizar outras drogas, a fim de diminuir a depressão, para se sentir melhor”, disse. Hábitos saudáveis como alimentação balanceada, prática de atividades físicas e momentos de lazer com a família e amigos contribuem para uma vida mais leve e menos estressante.