HSPM cria grupo de combate à obesidade

Objetivo é promover reeducação e mudança de hábitos alimentares. Pesquisa mostra que 50,8% dos brasileiros estão com sobrepeso e 17,5% obesos

Por Keyla Santos


O Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) criou o Grupo de Obesidade. A primeira reunião ocorre em agosto. Serão doze encontros, sempre realizados às terças-feiras. O objetivo do grupo é criar estratégias para lidar com a obesidade, doença que acarreta várias complicações metabólicas. De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2013), do Ministério da Saúde, o excesso de peso já afeta 50,8% dos brasileiros. Desse total, 17,5% são obesos.


A prevalência da obesidade vem aumentando nos últimos anos. De acordo com o nutrólogo (especialidade da medicina ligada à nutrição) Vicente José Salles de Abreu, coordenador clínico da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN) do HSPM, na cidade de São Paulo cerca da metade dos homens e mulheres têm excesso de peso, sobrepeso ou já são obesas.


“Esta realidade se reflete no hospital. Por isso existe a necessidade de criar estratégias para lidar com essa doença que traz consigo várias complicações metabólicas. Há também os riscos, que vão além da esfera biológica e trazem repercussões psicossociais”, disse o médico. Os servidores públicos da rede municipal e os funcionários da instituição são o público-alvo desse trabalho.
O primeiro passo do grupo será ensinar os participantes a buscar qualidade de vida por meio de reeducação alimentar e de mudança de hábitos. Eles serão acompanhados por médicos que realizarão a prevenção secundária. As comorbidades (dois ou mais transtornos diagnosticados no mesmo indivíduo) como diabetes, hipertensão, hipotireoidismo, hipertireoidismo e artrites serão tratadas a fim de evitar que evoluam para o tratamento cirúrgico.


Importância do grupo e expectativas
Os participantes do Grupo de Obesidade serão acompanhados por uma equipe multiprofissional, composta por nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo, assistente social, fisioterapeuta, enfermeiras e médicos com especialidade em endocrinologia e nutrologia.


Abreu destaca a importância do trabalho de equipes como as do HSPM, que possam dar conta do caráter multifatorial envolvido na obesidade. “Logo, as expectativas em relação aos resultados são grandes, apesar da consciência sobre o longo caminho a ser percorrido”, afirmou o especialista.


A mudança de estilo de vida em adultos é bastante complexa. Geralmente, as pessoas querem respostas rápidas e mágicas. “O que eles precisam é aprender o que, como e porque comer. Por isso, são necessários profissionais que sejam habilitados para propiciar esse entendimento e favorecer as mudanças necessárias para atingir as metas”, finalizou o nutrólogo.

Serviço
Grupo de Obesidade do HSPM
Duração: doze encontros
Horário: 8h
Inscrição: clínica de endocrinologia. Sala de pré-consulta, no 5º andar
Local: Anfiteatro. Rua Castro Alves, 60. Liberdade. São Paulo.
 

 


'É importante saber que crianças obesas têm 80% de chances de continuarem obesas na idade adulta, com muito mais complicações', afirma Rita Helena

 

Tal pais, tal filhos

Convencer as crianças a consumirem alimentos saudáveis depende dos exemplos dos pais. Eles devem evitar ingerir produtos com grandes quantidades de açúcar, sal e gorduras, como as bolachas recheadas, doces em geral, salgadinhos, frituras e refrigerantes. De acordo com Rita Helena Pinheiro, coordenadora das Ações de Alimentação e Nutrição e da Atenção Básica-Nutrição da SMS, o ambiente em que vivemos favorece a obesidade, é “obesogênico". “É importante saber que crianças obesas têm 80% de chances de continuarem obesas na idade adulta, com muito mais complicações”, afirmou.

Para Rita, a questão da obesidade é multifatorial, como a falta de aleitamento materno e, até mesmo, a violência dos grandes centros urbanos. “Antes, as crianças brincavam de pular corda na rua, jogavam futebol, andavam de bicicleta e, atualmente, elas ficam em casa, em frente à televisão ou ao computador. Logo, ingerem mais alimentos calóricos e queimam menos”, disse.

É importante oferecer cardápios variados para as crianças. Eles incluem frutas, verduras e legumes, para que não enjoem. “Precisamos usar a criatividade e apresentarmos pratos que agucem o paladar das crianças”, afirmou.

Helena explica que o primeiro passo é a conscientização da família. “É necessário que a família inteira participe do planejamento alimentar, que deve ser pactuado com a criança. Usar os alimentos de forma lúdica, fazer receitas saudáveis e envolvê-la na culinária também são boas opções”, disse.

No caso dos adolescentes, a tática muda um pouco. A família deve mostrar a importância dessa mudança para a saúde e não apoiar nos aspectos estéticos. “O concurso de receitas promovido pela Secretaria Municipal de Educação (SME) junto às crianças, aos profissionais e à família é um grande incentivo para provocar mudanças nos hábitos alimentares dessa população. Acredito que, se queremos realmente enfrentar a obesidade infantil, devemos nos unir numa força tarefa que envolva os vários setores. A escola é um espaço privilegiado, principalmente quando envolve a família e os profissionais. É construindo juntos que essas ações têm tudo para o sucesso”, disse Helena. (K.S.)

 



Modelo de prato para crianças e adolescentes

De acordo com Rita, o prato ideal para crianças e adolescentes deve conter um alimento de cada grupo. A mãe ou responsável deve ficar atento à quantidade. “Não é necessário colocar porções muito grandes, pois isso acaba incentivando o consumo excessivo de comida”, explicou.

A disposição dos alimentos no prato pode ser criativa e alegre. “É importante não misturar a comida para que a criança identifique o que está ingerindo”, disse Rita. Acompanhe o exemplo:

1 porção de legumes
1 porção de verduras
1 porção de arroz
1 porção de feijão
1 porção de carne (pode variar ao longo da semana com frango, peixe, ovo, carne)